quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Pai Natal e outros considerandos...

Para mim o Natal é muito mais do que a cena das prendas. Quando era pequenina encontrava na base da minha Árvore de Natal dois ou três brinquedos, não vinham embrulhados via-os logo, mas se os pais ou avós trocavam prendas entre si não reparava. Nem me passava pela cabeça que era pouco, eu não esperava mais... E, sim senhor, eram prendas do Pai Natal porque me tinha portado bem 👧
Mas isto era no pós-guerra, nada a ver com o que veio a seguir. Hoje em dia, com algumas (poucas) resistências, é a festa do consumismo desenfreado, chega a assustar. Uma criança de hoje até faz uma lista daquilo que quer, e escreve cartas ao Pai Natal com pedidos específicos.  Li há pouco que os pais portugueses são dos mais generosos da Europa embora, como sabemos, estejam longe de serem os que vivem melhor. Mas o receio de desiludir os seus filhotes, faz ultrapassar o bom-senso. E é este ponto que me faz pensar. 
Inicialmente, a figura do Pai Natal, embora sorridente, bonacheirão, generoso, era também justiceiro. A sua prenda era para o «bom menino», o «mau» não levava nada! É certo que os maus, mesmo na recta final faziam o seu esforço e a história acabava bem, mas...  Nada estava garantido à partida, o presente não era um direito só por se ser criança, tinha de ser merecido. Isto nada tem a ver com a actualidade, na maioria dos casos. Certas casas com crianças parecem sucursais da Toy´s R Us. No dia seguinte nem sabem nomear tudo o que receberam, falam de dois ou três de que gostaram mais. Já ouvi dizer «recebi isto e aquilo e mais umas tantas porcarias» (!!)
Quando escrevi acima que há um ponto que me faz pensar referia-me ao receio de tantos pais de desiludir os filhos. A desilusão, o desapontamento, é uma dor forte. É tristíssimo, e bem o sabemos. Não cumprir uma promessa a uma criança é um dos pecados mais graves de um educador, e aconselho a nunca prometer se não podem cumprir. Para mim essa receita é muito importante, e a criança deve ser realista, ter uma expectativa de acordo com o ambiente onde vive. E só ganha se aprender e conseguir valorizar aquilo que pode ter.
( O texto está grande mas quero contar uma história de Natal inglesa, com prendas, e dois irmãos com feitios opostos: um era um absoluto pessimista e o outro um absoluto optimista. Na noite de Natal o pai foi deixar no sapato de um um relógio de ouro, e no outro uma bosta de cavalo. Na manhã seguinte ouviu duas vozes na cozinha, uma a choramingar e outra a rir. Foi a correr e ficou parvo: o pessimista choramingava «Ai a minha vida, um relógio de ouro, ai que medo que o roubem, que aflição...»  e o outro ria «Eu recebi um poney!!! Viva! Fugiu, mas não me importa! Tive um poney!!!» Lição - o importante é como se vêem/sentem as coisas) 


Cereja

1 comentário:

FJ disse...

É a economia...o puto do poney é um otimista incorrigivel!!! fj