sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Já ando tão farta...

Marcelo.
A força da sua popularidade é tanta que basta um nome próprio. É certo que é um nome próprio invulgar, se o padrinho lhe tivesse chamado José, Manuel, António, João, não resultava. Há nas redes sociais quem queira desmontar este truque do primeiro nome e insista em se referir a Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa, mas é uma gracinha, porque nem sequer um apelido agora lhe dão (o «outro» é o Caetano). Caso único até agora, mesmo familiarmente, falava-se do Cavaco, o Soares, o Sampaio, o Eanes, honra de primeiro nome só Marcelo. Porque é inigualável!
Há uns tempos encontrei num blog um texto sobre o percurso de Marcelo que resume tal e qual o que andava a sentir sobre a personagem. Porque de início fui enganada, apesar de um tanto desconfiada e sentir dúvidas não quanto à sinceridade, que nunca acreditei, mas se a jogada era para durar. 
Escuso de dizer que não votei nele, embora visse logo que ia ganhar à vontade quando a Maria de Belém se candidatou. A esquerda não se sabe unir (com a honrosa excepção da geringonça) e o resultado foi aquela estrondosa vitória. OK. Ele andava há anos a fazer campanha, tinha um tempo de antena semanal sem contraditório, um avanço imbatível. Mas, os primeiros tempos foram para mim uma boa surpresa. Após a Múmia de Belém, era agradável o enorme contraste. O oposto: simpático, conversador, presente em tudo (ai, ai, ai...) culto, inteligente, foi refrescante. 
Os primeiros tempos até desagradaram aos seus correlegionários, vimos o PSD a amuar. O governo a que Cavaco dera posse com tão mau modo, foi elogiado e apoiado por este novo PR com alguma surpresa da esquerda. Via-se o Primeiro Ministro e o Presidente lado a lado, sorridentes, em harmonia como na famosa foto do guarda chuva. Parecia tudo cor-de-rosa, rosa shocking talvez, mais avermelhada do que rosa-bebé. 

Depois veio a fase do frenesim. O homem que não dorme (4 horas, diz-se)  levava as 20 em que estava acordado num corrupio frenético, com uma cauda de repórteres.  Uma delícia para os media! E algum enjoo para quem começava a estar farto, não havia um telejornal, um único, que não falasse da criatura. O que é demais, é demais.
Mas no segundo ano, o castelo de areia não aguentou. O homem da traição da vichyssoise revela-se. A manipulação sonsa está-lhe no sangue, faz de conta que não sabe coisas de que foi informado para tirar dividendos, manipula dados, adianta-se em comentários e opiniões onde não se vislumbra a tal solidariedade institucional... A guerra está declarada, mas de uma forma dissimulada, mascarada, sonsa. Afinal o que esperaria quem resistiu a deixar-se enganar, quem tem memória do que ele disse ao longo da sua vida política. Ainda a semana passada um acontecimento parou o país, Marcelo foi operado de urgência. Foi-o num Hospital Público, revelando sensatez porque são os melhores serviços, à saída mostrou-se satisfeito, mas a verdade é que ele tinha votado contra o Serviço Nacional de Saúde... 
Ah, pois é! Quem se dê ao cuidado de ir ver as posições que ele tomou ao longo da sua vida política pode achar interessante. 

O populismo das selfies, levado ao extremo. Há tantas piadas que é difícil escolher uma...






Cereja

1 comentário:

FJ disse...

Muito bem incluindo as fotos , preciosas e de acordo com a realidade, mesmo que faça apelo a outras "coisas" fj