quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Quarto Poder

Não são iguais, sabemos. Os clássicos Três Poderes têm um peso e uma força diferentes. Sabemos que os cidadãos elegem o Legislativo, são os deputados da Assembleia da República tão criticados de um modo geral, e com tanta violência muitas vezes, que até parece esquecer-se que é a forma de haver democracia representativa. O Judiciário não é eleito, e isso é importante. É certo que a independência dos outros poderes dá-lhe força, mas presta contas a quem? * O Executivo, além do Presidente da República eleito directamente, representa também a vontade do povo, porque nasce do Legislativo, é indirectamente votado.
E agora aparece esse famoso Quarto Poder, um Poder absoluto. A Comunicação Social actualmente, e  pelos vistos por todo o Mundo, ultrapassa profundamente os limites da verdade e da justiça. Não são, obviamente, os jornalistas em si ou como classe mas sim os grandes grupos económicos que mandam nas notícias que se vai consumindo; aliás é fácil controlar os jornalistas, porque são os patrões/grupos económicos que lhes dão trabalho e lhes pagam... E, portanto as forças políticas apoiadas por esses tais grupos económicos.
Pronto, todos sabemos isto, mas apeteceu-me relembrar para situar bem a raiva com que ando a quem manipula tão descaradamente a opinião popular! Eu sei que se vê isso por todo o mundo (olhem para os EUA e a vitória do Trump) mas eu vivo em Portugal e todos os dias leio e oiço coisas que me dão volta ao estômago. Desde a mais grosseira mentira, falando de coisas que não se passaram assim, ou dando voz e 'tempo de antena' a gente que afirma inteiras falsidades com o maior desplante, até à manipulação da linguagem e do modo como se apresenta uma notícia com uma insinuação!
Li no FB uma chamada de atenção do Paulo Querido mostrando as notícias sobre as festas de Fim do Ano:  Em Lisboa, afirma-se que o Medina "gastou" um balúrdio (mesmo que isso já tenha sido explicado, essa verba vem de um patrocinador, com um fim específico) que no Porto, "custaram" um tanto (mais suave a expressão porque já se desconfia do Rui Moreira mas...) e no Funchal se "investiu" outro tanto nestas festas, os sensatos psd cujos gastos são investimentos. Mainada!
Isto é uma minúscula gota de água, mas vai moendo como no dito da água-mole-em-pedra-dura, para manter a imagem aquática.
Por exemplo, acho curioso o cuidado que se tem em referir um qualquer criminoso, como alegado qualquer coisa. Um tipo aparece ao pé da mulher esfaqueada, com a faca a pingar sangue, e entrega-se a dizer que ela estava a pedi-las ou coisa assim. Os repórteres, com cautela falam no 'alegado assassino'. Muito bem, apesar do exagero. Um político é acusado anonimamente de um acto qualquer, nem procuram ouvir a outra parte, pespegam com a história na 1ª página e desta vez não é 'alegado' coisa nenhuma, é como se fosse um facto indiscutível. Passa-se constantemente.
Aliás, a campanha (?) contra o Poder Legislativo dá frutos, a imagem que ganha força é de que «os-políticos-são-todos-iguais» e iguais pela negativa. Aliás esta lei desastrada do financiamento partidário caiu que nem sopa no mel. É a prova dos nove de que eles são todos iguais e corruptos e desta não se safam.  Acabei há minutos de ler Marcelo chumba classe política por mau comportamento
Pronto.
Marcelo, o impoluto Marcelo, o beijador de velhinhas e crianças, que segundo os media considera que 2017 foi um mau ano, passando uma borracha por tudo o que foi positivo, (não foi isso que ele disse mas foi essa a leitura repetida até à náusea) afinal não é um político, distancia-se da «classe» mal comportada.
O grave é que quem lê e ouve as informações manipuladas, as fake news, as invenções sem pés nem cabeça depois não se dá ao trabalho de ouvir os desmentidos. Quando eles conseguem aparecer....
E assim vai o Mundo... (quero dizer a Comunicação Social mas é quase o mesmo)


Cereja

* é a minha 'pedra no sapato', a arrogância da magistratura não me cai nada bem :)



3 comentários:

méri disse...

Completamente de acordo.
O Marcelo só hoje descobriu como se legisla na Assembleia da República? Será que precisa de ler o artigo da Helena Roseta para saber?(https://www.publico.pt/2018/01/03/politica/opiniao/parlamento-a-caixa-preta-1797846?)
é claro que não.Ele que elogiou o SNS onde foi operado de emergência (e bem, claro) mas que tinha votado contra - a memória é uma chatice
Sonsice, hipocrisia, demagogia são o mesmo que mentira de mentirosos, com a agravante de saberem que o são. Não estamos a ouvir analfabetos nos assuntos.
É por isso que ando tão zangada com este quarto poder, com a direita e cada vez mais apoio o Governo que nos governa com os apoios PS,PCP e Verdes, BE e Pan.
ProntoS - já desabafei um pouco.

cereja disse...

Tão depressa o comentário!!!! Uau! Assim fico mesmo motivada para escrever!
.....
É isso mesmo o que sinto. Também tinha uma vaga recordação de que o homem tinha sido deputado quando foi o Serviço Nacional de Saúde... Aliás dele, fica para sempre aquela rábula do RAP sobre o aborto, é mesmo ele! Aliás na linha do que escreveste e do que eu penso, é «intrigante» para quem se guie por aquilo que a comunicação social nos enche todos os dias, como é que as sondagens dão uma nota tão boa ao governo e os PAF não saem do buraco.

cereja disse...

Já agora o Pode / Não Pode

https://youtu.be/MQcIyaB94I4