domingo, 14 de janeiro de 2018

Casamento(s)

[tinha em rascunho várias notas para posts que comecei a escrever durante os meses de pausa mas que podem ser 'aproveitáveis', este é um deles]
Esta minha reflexão vai com a etiqueta Ontem e Hoje, nem sempre arrumo o que escrevo pelas etiquetas mas há casos onde se justifica. 

É inevitável para mim, ao ouvir falar naquilo que é preciso para casar nos dias de hoje na nossa terra, comparar com os costumes do passado recente (aí uns sessenta ou setenta anos) e neste mesmo universo, não num paralelo...😇
Posso estar enganada, mas tenho a sensação de que, como em muitíssimos outros costumes, também nesta área, inicialmente se fez sentir com intensidade a influência dos EUA, embora agora já não se reconheça essa influência. Ou, pelo menos, daquilo que se ia vendo através do cinema e televisão.
Comecemos pelo «pedido de casamento». Era uma cerimónia que creio que só se fazia na média e alta burguesia, porque se «pedia a mão» da noiva aos pais dela. Cá para mim começou por ter a ver com dotes e coisas dessas e daí a importância a concordância da família. É certo que por cá também havia o costume da noiva receber um anel de noivado, com uma pérola e um diamante - ela era a pérola e ele o diamante, diziam, porque o diamante brilha e a pérola reflecte a luz  😊
Nos pedidos de casamento de agora segundo tenho ouvido, a coisa passa-se só entre ele e ela, e essa parte está bem, até é melhor, mas o resto é todo um circo! O rapaz deve ajoelhar-se (!!!?) em frente da rapariga, e estender-lhe o estojo do anel enquanto pergunta se quer casar com ele. Constrangedor na minha opinião. E nalguns casos em público e quanto mais gente melhor. Mas não é suposto ser uma coisa íntima?
Depois vem a cerimónia do casamento. Todas as culturas o fazem e percebe-se, é dizer publicamente que aquele par vai ser uma família. E fazia-se uma festa, com mais ou menos luxo conforme o nível económico das famílias, mas com uma despesa comportável... Se as casas dos pais fossem pequenas, pedia-se a um familiar que tivesse uma vivenda ou um espaço maior e fazia-se lá o 'copo de água' e o bailarico. É do que me lembro, e de ouvir contar. Gastava-se bastante dinheiro, mas dentro do razoável. Hoje, pelo tal padrão do que se via no cinema, é obrigatória, e as despesas de um casamento são de loucura. Neste artigo informam que um casamento «modesto» custa cerca de 20 mil euros!!! Mais do que um ano inteiro de vencimento de um técnico superior.
É assim: a) o vestido de noiva, indispensável e sempre caríssimo, b) o catering ou seja o antigo 'copo de água' que era bem mais do que um copo de água, mas actualmente também tem custos astronómicos, c) as flores para o local da cerimónia e da festa, d) os convites, cartões etc, e) o aluguer do espaço onde vai ser a festa,  f)o fotógrafo para fotografar e filmar, g) o aluguer de carros de aparato para levar os noivos... nem me lembro agora de mais nada porque vejo só 20000 € ou até o dobro se houver muitos convidados...
Claro que a grande, grande diferença para a minha época é a naturalidade com que se encara a união-de-facto, coisa escandalosa no meu tempo e impensável no da minha mãe.
Claro! Com estes casamentos de cinema é bem mais sensato dar uma entrada para uma casa. E o casamento logo se vê...


Cereja

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