quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

An apple a day... não, quero dizer, um escândalo caso por semana...


A nossa Comunicação Social trabalha que se farta, coitadita. 
Mas é interessante observar como as notícias se dividem claramente em filhas e enteadas. 
Primeiro, mostrando trabalho, tem de haver notícias(?) importantes todos os dias do ano. Isso parece ser o ABC da venda de jornais. Seja o que fôr, se foi falado ontem, é coisa velha e passamos a outra. É evidente que há notícias todos os dias, em Portugal e no Mundo, e isso é material que deve ser levado em conta, mas terá de haver parangonas sempre, e obrigatoriamente com temas chocantes ou escandalosos? Eles acham que sim. Uma boa notícia não é notícia. O ditado «Pas de nouvelles, bonnes nouvelles» traduzido às avessas «Bonnes nouvelles sont pas de nouvelles»
Segundo, e isso é que mais me choca, a Comunicação Social deixou há muito de tentar ser neutra e imparcial, obedece aos seus donos patrões de um modo cego, varrendo para debaixo do tapete aquilo que os incomoda, não procurando confirmação daquilo que diz, nem ouvir com imparcialidade os dois lados de uma questão. É frequente, até jornais «de referência», avançarem com informações que são quase logo desmentidas. Como é possível?! O descrédito do jornalismo.
Como entra pelos olhos dentro, esta Comunicação Social, empenhada em destruir um governo-geringonça enquanto trabalha para a vinda de um governo bloco-central, vai procurando sistematicamente «escândalos» a que possa ligar membros do governo. Como escreveu o Daniel Oliveira está montada uma Máquina de Indignar. Procura-se que os leitores vivam em contínua indignação. Foi a IPSS Raríssimas que quiseram à força ligar o Ministro Vieira da Silva. Depois veio o famigerado bilhete de futebol (que ainda por cima naquela bancada não custa dinheiro) do Ministro Centeno. Depois a parvoíce dos aquários muito gozada nas redes sociais: um imposto para a actividade de aquacultura, iria ser cobrado a qualquer aquário doméstico! Agora perfila-se a guerra sobre a PGR, se volta ou não no fim do mandato. Os maus querem mandá-la embora e os bons querem que fique (mesmo que a própria tenha defendido o mandato único ) e rimos no twitter: a saída da Joana Marques Vidal antes de ela poder abrir um inquérito ao caso tecnoforma é uma injustiça  😊
Mas a verdade é que há imensas notícias que não devem interessar nada, porque derretem como um floco de neve ao pé de uma fogueira. A EDP, por exemplo, junta-se à Galp e decide não pagar imposto, ou perdoa-se à Brisa 120 milhões (mas quem lhe deve um euro pode ter de pagar cem vezes mais...) ou o descalabro dos CTT a fechar balcões a a distribuir lucros pelos seus accionistas. Os focos cuidadosamente orientados para o que querem que a opinião pública pense.
Isso sim, isso é um escândalo.
E repete-se, repete-se, repete-se.....

Tenho de pagar imposto? Eu?



Cereja




4 comentários:

FJ disse...


Bem neutra, neutra, nunca foi....
fj

cereja disse...

Eu sei, é claro! Nem tal é possível, o jornalista é humano, tem convicções e até mesmo partidárias, muitas vezes. E também é natural e humano que goste de que o seu ponto de vista seja aceite. ISTO que se passa actualmente é que é inaceitável!!! Porque quanto a mim não é «informar» é «manipular». Inclusivé com mentiras!

méri disse...

e vai continuar a repetir, ml...
jornalismo de referência é coisa que deixei de procurar por cá.

cereja disse...

É tão triste, Méri.
Afasta-nos de ver tv, ou até ler jornais. Eu o que gosto mais hoje em dia é de ouvir as notícias na rádio: é muito mais conciso, diz o fundamental, não gramo com o Marcelo, e informa-me do fundamental.