terça-feira, 16 de outubro de 2012

As crianças e a hora de deitar

Li umas notícias 'assustadoras'
Eu sei, sabemos todos, que as regras de convivência familiar se vão alterando imenso com o passar dos tempos, e o que era correcto e normal para uma geração não faz o menor sentido para outra. Não podemos nem devemos viver com os padrões de «no meu tempo». A vida doméstica é muitíssimo mais confortável e fácil hoje do que era há cinquenta anos, basta perguntar a quem se recorde. E as relações entre os elementos das diversas gerações também se alteraram, e em certos casos para melhor. Uma criança ou adolescente de hoje está mais próximo dos adultos da sua família. Não sei bem se essa proximidade e conhecimento de questões pessoais e até íntimas dos pais, será correcto e saudável, mas isso fica para um outro post. Desde que o maravilhoso benefício da electricidade se divulgou que os hábitos da vida familiar mudaram também. O eixo temporal da vida quotidiana deslocou-se, não tem nada a ver com o sol,  toda a gente se deita (e acorda) mais tarde. Ao tempo que já não oiço a expressão «fazer serão», tem um sabor a século XIX...  Ná, hoje «vai-se para a noite» outro conceito bem diferente.
Não tem nada de mal, é claro. Viva a luz eléctrica, vivam os seus benefícios, viva a televisão. Eu gosto.
E o que cada um faz com o seu corpo de adulto, é lá com ele, não é?
Mas as crianças não. Elas estão em crescimento. Devem dormir pelo menos umas 9 horas seguidas, e uma criança pequena deverá dormir 12 horas por dia. E no tempo de vigília devia acompanhar o sol, a luz. Ora a notícia que li dizia que havia muitas crianças entre os 4 e 14 anos a verem tv depois da meia noite.
A ver TV?! Entre a meia noite e as duas e meia? 
São tantos disparates juntos que custa a acreditar. Primeiro, o que faz uma criança pespegada horas em frente da televisão a receber informação, de uma forma passiva e acrítica. Bom, mas isso fica para falar outra ocasião que o tema dá pano para mangas.
Segundo, como é possível uma criança de 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4 anos (!!!???) estar acordada a meio da noite sem que nenhum adulto a meta na cama? E... a ver tv!  Quando se fala em maus tratos infantis imagina-se crianças agredidas fisicamente, ou mal alimentadas, ou transidas de frio,  e não uma criança ao meio da noite em frente da tv. 
Mas devia ser.

Que saudades da tv que acabava à meia noite com a bandeira e o hino e o locutor sorrindo: "Boa-Noite e até amanhã se Deus quiser!" [e a polémica do se Deus quiser, quem se lembra, eheheh ] E se alguém se quisesse entreter depois disso, então ficasse a conversar ou a ler até ter sono...




Pé-de-cereja

5 comentários:

fj disse...

Ah no meu tempo é que era bom! :) fj

João disse...

Concordo que as crianças tenham horas de deitar diferentes dos adultos e os vídeos estão muito giros. Lembro-me mais do primeiro do que o segundo. (já devia estar na cama :))

Anónimo disse...

A história/estudo é inacreditável!!!! Até às 2 e meia da manhã???? Tá tudo doido?!

Joaninha disse...

Inacreditável!
Apesar de não por em dúvida o que escreveste ainda fio atrás do link, para confirmar que era mesmo até às 2 e meia da manhã!!!!!!
Acho que são duas coisas: por um lado os hábitos dos próprios pais são muitíssimo nocturnos e querem "aproveitar" os filhos. por outro falta de autoridade em impor as regres.

Joaninha disse...

O Eduardo de Sá fala em que "se demitem de ser pais" mas o que penso é que estão convencidos de que fazem bem. Isso é que é grave. A desistência perante a birra de uma criança, é coisa que se vê muito por todo o lado. Ensina-se a dar de comer, a mudar a fralda, e não se ensina o que fazer perante uma birra...