quarta-feira, 4 de maio de 2011

Do erro de generalizar….

Conscientemente evito fazê-lo, mas a verdade é que a nódoa cai em qualquer pano e muitas vezes com base em dois ou três exemplos caio também no erro de medir tudo pela mesma medida. E ontem tive uma experiência que parecia uma parábola com moral a tudo.

Precisava dos serviços de uma repartição de finanças. Desde que, felizmente,  fechou aquela onde sempre fui mas não era acessível e as instalações péssimas que costumo ir a uma um pouco mais longe da minha casa mas que foi remodelada e onde o ambiente é tão agradável quanto pode ser um local desses… Fui lá logo pelas 9 horas para ver se me despachava, tirei a senha respectiva e, tal como avisava no placard, esperei só uns 15 minutos. Tocou o meu número, sentei-me à mesinha de atendimento (desde que deixou de haver guichets a coisa fica mais simpática) e expliquei o que pretendia mostrando os documentos.
- Ah, mas não é para si…?
- Não - expliquei eu - é para o meu filho, mas se fosse possível ser tratado por mim para ele não faltar ao trabalho…
- Também isto não demora nada, são 2 minutos, - e eu apenas sorri porque onde já lá iam os 2 minutos! Depois, perante os dados que eu forneci, declarou que teria de pagar uma coima por uma questão de pormenor que eu desconhecia. E finalmente o nib que eu tinha apontado não batia certo! Ela escreveu-o por 2 vezes no computador, abanando a cabeça. Ná. Havia um erro. Tinha portanto de voltar a casa para confirmar aquele dado.
Uma nota importante, é que esta senhora não foi antipática. Não o posso dizer porque seria injusta para com ela. Foi friamente eficiente. Eu saí da repartição suspirando de mim para mim «que chatice!» mas sem qualquer motivo de queixa.
Voltei a casa buscar um cartão com esse número que estava errado e voltei lá tirando outra senha. Até estava a desejar que fosse a mesma pessoa a atender-me uma vez que estava já dentro do assunto, mas fui chamada a uma outra mesinha, mesmo ao lado. Expliquei sucintamente o caso, justificando de novo o motivo porque estava ali eu em vez do meu filho. Recebi um sorriso caloroso.
Pois com certeza! É a mesma coisa, e não é preciso ele faltar.
Depois, como eu dissesse qualquer coisa quanto à 'temporalidade' do trabalho, ela pegou no tema com uma olhada cúmplice
Eu sei bem! O meu arranjou agora uma bolsa e foi para a Alemanha. Mas quando acabar nem sei como vai ser.
E uns minutos mais tarde estávamos a sorrir por cima dos papeis. Lá lhe expliquei que a sua colega me tinha dito que, se calhar, ia ter de pagar uma coima mas ela encolheu os ombros
Ora! Eu escrevo que começou a 15 em vez de ser a 10. Não prejudica ninguém. 
E pronto. Assinei os papeis como ‘representante legal’ e vim-me embora com tudo regularizado.
O que vinha a pensar é que se tudo tivesse ficado tratado da primeira vez, eu viria a pensar «os funcionários das finanças não deixam passar nada, bem sei que ela tem razão mas sinto-me uma naba».
Se só tivesse encontrado a segunda senhora pensaria «e ainda há quem diga que não somos bem atendidos! Os funcionários são uma simpatia! Que agradável foi esta senhora…»

E afinal quer a funcionária A, quer a funcionária B, estavam na mesma repartição, no mesmo dia, tinham o mesmo cargo, atendiam o mesmo tipo de pessoas, só mudava a personalidade de cada uma.
E essa é a pedra de toque. Ninguém é obrigado a ser simpático mas ajuda muito.

Pé-de-Cereja

3 comentários:

sem-nick disse...

Optimista, heim?
Foi por veres de o subsídio de férias? :)
.......
Estou a gozar, mas a verdade é que é como contaste aqui. Só que te esqueceste de dizer que de uma forma geral, a gente tem logo a tendência a sublinhar quando somos mal atendidos (o que por aquilo que contas nem foi bem o caso da 1ª senhora) e a passar por alto quando é o caso oposto.
Também me tem acontecido simpatizarem comigo quando me atendem, e criar-se um clima agradável, mas não é frequente, tenho de confessar!

cereja disse...

É isso, sem-nick. Era o que eu queria dizer. A crítica chega-nos mais depressa à fala do que o elogio.
Apeteceu-me gabar a senhora atenciosa.

Zorro disse...

Passou-me este post, dos bem-dispostos, só agora o li.

(Devias deixar aqui uma Categoria, Bem-dispostos)
Claro que sim.
Há duas faces e por vezes generalizamos a partir de uma
..............
Só uma nota:
http://www.publico.pt/Sociedade/aposentacoes-na-funcao-publica-serao-quase-11-mil-ate-final-do-primeiro-semestre_1493472
se vai sair 11.000 técnicos da fp até meio do ano, se sair outro tanto nos outros 6 meses, a matemática diz que sairão 22.000, dos quais só serão substituídos 4.400, proposta Coelho. Como decerto muitos deles fazem parte da saúde ou educação, ou segurança, ou finanças, sectores importantes creio eu, vai seguir-se o exemplo dos Centros de Saúde e Hospitais e contratar estrangeiros?....