sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Os dez mais

De vez em cadeias de mensagens que percorrem a rede ou por fw, ou aqui nos blogs, ou nas redes sociais. Alguém inicia, enviando uma a 10 pessoas e pedindo que a reenviem a outras 10, e é de ver o resultado. Mesmo com baixas pelo caminho, fica uma enorme bola de neve em pouco tempo....
Se a recebo em fw apago, não penso mais no caso. Aqui no blog há muitos anos que não recebo nenhum desses convites - que me deixam embaraçada não pela resposta mas pela dificuldade de reenviar - e no fb  lá recebo de vez em quando uma dessas "coisas". A mais recente era assim: «fazer uma lista com 10 livros (ficção ou não-ficção) que me tenham marcado. A ideia não é gastar muito tempo, nem pensar muito; não precisam de ser grandes obras, apenas que tenham sido importantes para mim. E devem ser marcados 10 amigos para participar na brincadeira».
Ora, para além da parte de mandar aos tais 10 amigos (mais difícil do que pode parecer) encalhei de imediato na escolha, mesmo com o conselho de não-pensar-muito. É que 10 autores encontram-se logo, e claro que os 10 livros também, mas dentro do mesmo autor escolher um livro......hummm... Difícil? Impossível?
A minha lista começou por ser (talvez?) :

1 - Os mandarins
2 - Orlando
3  - As cidades invisíveis
4 - As mil e uma noites
5 - Poesia de Álvaro de Campos
6 - A la recherche du temps perdu
7 - Amadis de Gaula
8 - A Guerra e Paz
9 - As aventuras de Tom Sawyer
10 - D. Quixote

...mas vamos lá a pensar melhor.
1 - "Les mandarins" foi o me ocorreu. Mas se dizem ficção ou não  não precisa ser romance e nesse caso porque não "Le deuxieme sexe"? Ou "Le sang des autres"? Ou... OK, adiante, este fica. Quanto ao 
2 - aqui não tenho dúvidas, gostei imenso do romance, mais do que outros da autora de quem gosto muito. Fácil. Mas agora no 
3 - ocorreu-me aquele, mas o Italo Calvino tem "O Atalho dos Ninhos de Aranha", tem a fabulosa trilogia dos "antepassados" (o visconde, o cavaleiro e o barão) histórias magníficas. Já não sei o que escolher. No
4 - a escolha não dá para dúvidas. Não li a versão de 10 volumes mas li uma  bastante completa e adorei. Quanto ao número 
5 - vivi a minha adolescência com o Pessoa, sabia o Álvaro de Campos de cor. Está escolhido. E o
6 - também foi fácil - quer o autor quer o romance. Mas agora, no 
7 - o que queria mesmo era a "Matéria da Bretanha", mas não dá. Foi mais fácil escolher o Amadis por ter sido o primeiro que li, mas o que queria era o  Ciclo Arturiano esse grupo de lendas que fizerem a minha delícia durante muito tempo. O que escolher? E também para o
8 - escolhi Guerra e Paz, mas eu sei lá... E o Dostoievsky? Crime e Castigo, Os Irmãos Karamazov,... Foram livros inesquecíveis. E depois recordei o
9 - Mark Twain e o Tom Sawyer, mas porque não Huckleberry Finn? E para o 
10 - ... bom foi um grande romance. Importante como pedem.  
Mas fica-me a sensação de estar tudo errado! Dickens? Oscar Wilde? García Márquez talvez não. "Eu, Claudio" e já agora Yourcenar e Memórias de Adriano.  Falta teatro, Hamlet, o Rei Lear, Garcia Lorca; poesia portuguesa, francesa, espanhola; ensaios...
Enfim, escolher 10 livros?!





Cereja

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2 comentários:

Joaninha disse...

Muito interessante este post! Intimista e revelador. Claro que sinto o mesmo (e se calhar toda a gente!) isso de falar no livro da sua vida só em casos raríssimos... Mas que alguns mudaram a nossa maneira de olhar para as coisas, isso é verdade.
.............
Só uma coisa: não escolheste nenhum escritor português?! Oooooooh!

cereja disse...

Olá Joaninha!
Tens razão, acho que me centrei muito no fim da adolescência e início dos 20 anos, e nessa altura vivia mais para a outra literatura. Falei no Pessoa, apesar de tudo ;)
É curioso que depois de um culto quase exagerado, agora fala-se muito pouco.