terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Fim do Arrastão - Lamento por uma blogosfera defunta

Vi ontem.
O Arrastão vai fechar o estaminé. Dizem que já ia fazer 8 anos, o que ajuda a entender que afinal não é assim tão rápido como me parecia este estertor da blogosfera, mas que está comprovado já nem é discutível...
Olho para a coluna da direita, onde arrumei os "blogues que convém ir lendo" e confirmo que mesmo tendo já apagado os que fecharam definitivamente (apesar de os ter deixado ficar bastante tempo com o rip escrito à frente) a maioria está parada, deixando cair um post de mês a mês... Sobrevivem os que fazem militância política, sobretudo quando são colectivos ( Jugular, 5 dias, Ladrões de Bicicletas...) mas os blogues pessoais de quando comecei a escrever por aqui desaparecerem todos quase todos. Aliás quando os procurei para escrever este texto até mesmo o link já desapareceu! O  Ai o Camandro!, Farinha AmparoTroll UrbanoHistórias de Embrulhar Castanhas, Sociedade Anónima, Renas e Veados, ainda consegui chegar lá através da coluna do velho Pópulo mesmo que estejam já parados ou fechados há que tempos, mas o "Barnabé", ou o "Blog de Esquerda", ou o "Ruínas Circulares", ou o "Afixe", ou "Enresinados", ou "Sem Destino", ou... ou... isso já não encontro nada.
Outros tempos, outras formas de comunicar.
Temos o twitter, temos o facebook. E também nós também envelhecemos, temos outras ocupações, o tempo falta e a comunicação pelas actuais redes sociais é muito mais rápida.
Mas o que falta aqui na área dos blogues é o feed-back que tínhamos há anos. Quando 'fundei' aqui o Cerejas chamei-lhe assim porque tal como a-conversa-é-como-as-cerejas eu esperava que aqui o blog fosse um encadeado de comentários. E tinha alguma razão para o pensar, porque nos meus blogues anteriores as caixas de comentários pareciam chats! E eu adorava isso. Acho que ainda no Afixe escrevi uma vez um post que quase chegou (ou chegou mesmo!) aos 100 comentários. E mesmo quando não se comentava, as visitas contavam, o medidor de visitas ia registando centenas, milhares até! Era muito engraçado, era isso que dava animação aos blogues.
Hoje vejo que quase não tenho comentários e quase não tenho visitas. E não sou apenas eu, os 2 ou 3 companheiros que ainda resistem desses tempos passados também não estão em melhor estado. Estamos a escrever para um grupo de meia dúzia de amigos, bem menos do que os que deixam cair um "like" no facebook.
Eu ainda luto e vou insistindo. Escrever aqui é diferente. É mais calmo, mais pensado, e até mais privado. Gosto de escolher um desenho para ilustrar o que digo (creio que é a minha imagem de marca, ter sempre uma ilustração)  gosto de deixar links, gosto de poder escrever antecipadamente, gosto de poder voltar a ler meses depois o que escrevi, e isso é mais difícil nas redes sociais.
Mas sei que é uma guerra antecipadamente perdida. A energia desapareceu. Escrevia há anos dois ou três posts cada dia, actualmente escrevo um post cada três dias.... 
Tudo tem o seu tempo e este está a acabar.


Cereja

3 comentários:

Pedro Tarquínio disse...

Os blogues são mesmo como as cerejas, e de momento não é época delas.
Caríssima ML, Emiéle, Leonor: longe vai o ano de 2004 (?), a loucura e o boom do fenómeno.´
O Pópulo teve quase uma comunidade de comentadores, assíduos, esclarecidos e assertivos. O post explica e bem o pq disso não ter acontecido aqui.
Por mim é um prazer ler os seus textos, como nos últimos 10 (chiça!!) anos.
Bem haja.

cereja disse...

Oh Pedro Tarquínio!!!!!! Agora fiquei comovida.
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Foi engraçado na altura, e sei bem que tudo tem o seu tempo. Mas, - que hei-de fazer ? - tenho saudades, pronto!

saltapocinhas disse...

temos de resistir!
o facebook não tem piada nenhuma, se escrevo lá alguma coisa nunca mais dou com ela... mas a verdade é que me faz perder tempo precioso (eu sou cusca!)
o blog é como um diário, até me serve para tirar teimas com o meu marido.
tenho andada muito arredada do meu diário, mas não penso abandoná-lo.