quarta-feira, 7 de março de 2012

Considerações sobre... memórias e fotografias

Como tudo, ou quase tudo, que tenha a ver com técnicas e máquinas, a fotografia tem avançado a passo acelerado desde que foi inventada. Eu penso que é o mais precioso auxiliar da memória familiar
Venho de uma família onde, para a época, se cultivou mais do que era  normal essa 'recolha de memória'. Digo isto porque sempre vi tirar-se muitas fotografias na minha casa, tenho muitíssimas do início do século passado que não faço já a menor ideia de quem sejam, e sei perfeitamente que comparando com pessoas que não sejam particularmente votadas a essa arte, encontro muito mais fotos na minha família do que aquilo que vejo os meus amigos terem. 
Quando tive de esvaziar a casa dos meus pais após a morte da minha mãe, encontrei caixotes cheios de fotos. Estou a falar a sério, não era uma gaveta, nem um gavetão, eram mesmo caixotes cheios. Devo explicar que o um dos hobbies do meu pai era a fotografia e tinha até uma pequenina câmara escura onde fazia as revelações. Isso talvez explique que as fotos que encontrei lá em casa fossem aos quilos! Na altura, nervosa e cansada, dei-lhe uma rápida vista de olhos, e destruí logo muitas que se via estarem repetidas. Mas 'o resto' enfiei em grandes caixas que vieram atafulhar a minha despensa.
 Há uns meses atrás tinha scanarizado umas fotos mais antigas significativas e criado um álbum no 'facebook'. Achei graça àquilo. Não era coisa que ficasse para a eternidade, mas sempre partilhava com mais gente e, aliás, encontrei assim alguns conhecidos. Mas como não domino nada a técnica destas coisas,  algumas das fotos ficaram minúsculas, quase não dava para se ver. Ná!
Mas, anteontem,  deu-me um vaip!
A semana passada em conversa com uma amiga percebi que tinha feito a coisa do modo mais difícil, e podia scanarizar mais depressa e melhor. Entusiasmei-me. Passei então umas horas a passar para o virtual aquelas fotos a preto e branco já meio amarelecidas. E foi quando entendi a diferença abissal entre a técnica de hoje e a de há meio século atrás. 
Nós hoje tiramos muitas, muitas, muitas fotos. A 'memória´de uma máquina fotográfica permite tirar centenas e centenas de fotos, para além de que quando a foto sai mal se poder apagar de imediato. Ou seja, andamos inundados de fotos de tudo e mais alguma coisa. Mas elas não ocupam espaço, ou pelo menos não ocupam muito espaço real. Até há umas molduras digitais, coisa fina, que vão passando foto após foto enquanto estão ligadas e portanto num só sítio estão as fotos de uma família inteira...
Por outro lado quando me deu para vasculhar nos tais caixotes e escolher as fotos que seriam mais importantes, reconheci que havia ali também muitas «folhas secas» que se podiam deitar fora. Claro que nos anos 50 não se tiravam tantas fotos. Um rolo dava para uma ou duas dúzias e portanto cada foto era muito pensada. Mas... de cada uma tiravam-se  imensas cópias! Para a mãe, para o tio, para os avós, para os padrinhos, para aqueles amigos que estão mais longe, e até para ficar de reserva para o caso de se perder o negativo! E como a fotografia era considerado um bem de valor, muitas vezes quando um familiar morria e se encontrava entre os seus bens algumas fotos, tinha-se o cuidado de as devolver à procedência. 
No meu caso particular, o meu pai revelava cada foto fazendo experiências: papel diferente, mais contraste, menos contraste, ampliava muito ou muito pouco... um nunca acabar. 
Afinal vou ficar com muito mais espaço livre do que imaginava. Mas esta selecção foi-me deixando um nó na garganta e olhos molhados, porque foi uma impressionante viagem no tempo a vários momentos da minha vida que estavam meio esquecidos. 

É uma terrível máquina, a fotográfica!

 Pé-de-Cereja

3 comentários:

sem-nick disse...

É mesmo! «Aquela máááááquina» para o bem e para o mal!

Anónimo disse...

Olha!
Nunca passo por aqui a esta hora. O cerejas é um blog que visito de manhã que é quando costumas deixar os teus posts, mas afinal estava cá um já desde ontem....
.......
É engraçado ver as coisas assim.
Eu estou no meio termo.
Quando era mais novo tirava as do costume, quando viajava etc e tal. O tal rolo com dúzia e meia de fotos. e, está bem visto, havia 'as provas' e depois mandava-se tirar vários exemplares das que gostávamos mais...
Onde isso já vai!

cereja disse...

Sou muito má a receber visitas!
:(
Nem tinha visto que tinha tido estas duas, que vergonha. O que vale é que são amigos de tão longa data que não levam a mal!
E também é cero que este post não dava para grandes polémicas! Era muito pacífico.