quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

trabalhadores contra trabalhadores

Eu já nem esperava solidariedade.
É uma palavra comprida, difícil de soletrar. O tipo de palavra que é complicado encaixar-se como 'palavra de ordem' numa manifestação, tem sílabas a mais, não é incisiva. Contudo o conceito em si é bom e generoso. Ser solidário é partilhar com os outros as suas dificuldades quando precisam.
Pronto, mas em períodos maus já sabemos que é cada um por si. Tirando a solidariedade quando há recolhas do Banco Alimentar que é uma generosidade surpreendente mas agradável de confirmar sempre que há uma recolha dessas, o certo é que as pessoas muitas vezes olham para o lado quando se lhes pede ajuda. * São uns instintos... menos bons, digamos assim.
Mas choca-me, choca-me imenso, ver a velocidade com que a desinformação circula. Sobretudo quando se trata de bater na função pública se um diz mata o outro diz logo esfola, esta é uma moda antiga e que cada vez está mais viva. Vemos que é já, infelizmente, muito frequente cada profissão considerar que ela é que trabalha e os outros andam para aí a vadiar, sem fazer nenhum e a ganhar balúrdios. Os outros. (?) Mas quando se fala em Função Pública investem como um touro perante um capote vermelho.
Ontem foi notícia a proposta de se diminuir 3 dias de férias. As cabeças iluminadas que nos governam consideram que assim se vai aumentar imenso a produtividade do país sem mais investimentos, uma receita miraculosa. Ainda não vi uma só proposta de se aumentar a produção sem ser à custa dos trabalhadores. [Aliás estou à espera que o passo a seguir seja tirar a manhã de sábado - e hão-de vir logo dizer que «dantes não havia descanso ao sábado de manhã», já se sabe...]  Ora, nas caixas de comentários dos jornais (que estou sempre a decidir deixar de ler e depois esqueço-me desta sábia decisão...) encontrei diversos Bravos!!! com considerações curiosas: parece que esses sornas da função pública têm 42 ou 45 (li as duas versões) dias de férias.
Ena!
E eu que andei enganada tantos anos. Quarenta e cinco dias...? Que colega é que terá gozado as minhas férias em vez de mim...?
Mesmo com a bonificação por ter completado 60 anos, o trabalhador terá de facto mais 3 dias - mas tem de ter 60 anos, não se esqueçam! - e parece-me que ainda bem longe desses 45. Deve ter sido um acordo colectivo de trabalho que eu não tive conhecimento.
Pois, mas a verdade é que isso é citado como um facto.

E mais nada!
.................
É complicado, não é? Casa onde não há pão...

* (generalizei, tá visto que é um exagero),,



Pé-de-Cereja

11 comentários:

Anónimo disse...

Tem de se bater em alguém, seja justo seja injusto o que é preciso é haver um bode expiatório!

Joaninha disse...

Hoje vim cá espreitar assim que liguei o pc mas o King já tinha passado! Olá King!!!
O curioso é que esta gente que repete o que ouve aqui e ali sem saber o que está a dizer, decerto que muitos deles têm na família alguém que trabalha para o Estado. E mesmo assim consideram que se ganha assim tão bem e se trabalha tão pouco?!
Essa dos dias de férias teria graça se não fosse tão triste!

Joaninha disse...

Hoje vim cá espreitar assim que liguei o pc mas o King já tinha passado! Olá King!!!
O curioso é que esta gente que repete o que ouve aqui e ali sem saber o que está a dizer, decerto que muitos deles têm na família alguém que trabalha para o Estado. E mesmo assim consideram que se ganha assim tão bem e se trabalha tão pouco?!
Essa dos dias de férias teria graça se não fosse tão triste!

Joaninha disse...

Olha... isto está marado! Agora entrou 2 vezes?!
E vinha acrescentar que me parece que a norma é geral - quem quer que tenha tido uma assiduidade exemplar deixa de ter qualquer compensação, esse 'brinde' vai ao ar. Ou seja, o estímulo para não faltar desaparece.

Zorro disse...

Tem a sua graça, hoje passamos todos por cá ao mesmo tempo (todos quero dizer «os irredutíveis»)
Há realmente uma sanha desmedida contra quem trabalha para o Estado, mas depois chateiam-se se demoram muito a ser atendidos, ou não enfermeiros, professores, polícias, assistentes sociais, educadores, etc, etc, que respondam às suas necessidades!

cereja disse...

Olá malta amiga, visitante habitual!
Bem sei que ando pouco natalícia, com estes posts um tanto azedos, mas a verdade é que há coisas que me irritam e tenho de as dizer.
Além de que nestes quase 10 anos de blogger acho que já disse tudo o que queria dizer sobre o Natal. :D

saltapocinhas disse...

dividir para reinar... é sempre uma boa técnica!

saltapocinhas disse...

esqueci-me de dizer que os comentários dos jornais não os leio há muito: fazem mal à saúde.
o que eu acho é que são sempre as mesmas 2 ou 3 pessoas que andam por ali a destilar veneno.

os funcionários públicos são os bodes expiatórios, mas quando fazem inquéritos sobre profissões em quem se confia, lá vêm os professores, os médicos, os polícias...

cereja disse...

Exactamente, Saltapocinhas. Aquelas almas iluminadas, consideram que 'funcionário público' é a menina do guichet que não lhes dás as informações de que precisam e de vez em quando sai de lá, supostamente para ir dar à língua com a colega. Esquecem que, como dizes, professores, enfermeiros e médicos, Forças de Segurança, INEM,etc, grande parte das funções vitais da sociedade são asseguradas por serviços públicos...

cereja disse...

(Quanto aos comentários, fazes muito bem e eu de cada vez que me irrito, juro que não os volto a ler! mas depois lá fico com curiosidade. Mas esta dos 45 dias deixou-me de cara à banda, porque brincando é mês e meio, e pelo que entendi sem fins de semana pelo que deve subir para uns 2 meses!!!)

fj disse...

Fiz toda a minha carreira na função pública, portuguesa e não só, e nunvi vi que algum país tenha 45 dias de férias. Como sou um estudioso das adminitrões públicas peço a quem viu onde poderei encontrar os tais 45 dias de férias, ao menos ao m enos apublicação e assim
poderei orientar alguns dos nossos neo emigrates. Pode ser? E claro, onde foi visto tal número.fj