terça-feira, 20 de março de 2018

Não podemos ficar indiferentes

Era uma parte do Mundo lindíssima, rica, tranquila. Pouco habitada. Os seus povos indígenas não eram particularmente guerreiros, não quiseram conquistar nem sequer o seu próprio continente todo, deixaram-se ficar pelo Sul. Até que nuns grandes barcos chegaram do outro lado do oceano outros povos que traziam a civilização.
Assim é a História.
E sabe-se bem como continuou, o saque das riquezas, o povoamento à força, a imposição de outros costumes e sobretudo de uma religião e, em nome desta, quanta violência! A importação de escravos africanos numa tão grande quantidade que séculos depois a sua raça é a maioritária deste país. O Brasil. País grande, tão grande que por isso o português se tornou uma das línguas mais faladas do mundo, e pelo qual era normal que Portugal sentisse responsabilidade porque em muitas coisas foi incentivado e apoiado pelos governos portugueses. Pois foi.
Por isso nos arrepiamos quando se vê para onde caminha. A sensação de que quando dá um passo em frente dá logo outro atrás. Ditaduras sucessivas, violência, desigualdades. Eu em adolescente vivi o Brasil através de Jorge Amado e é quase sempre assim que o vejo. Até há pouco tempo parecia estar a dar uns tímidos passos em frente com o governo de Lula e depois de Dilma, mas as fortíssimas forças que se lhes opuseram deram o mais nojento dos golpes. Um pesadelo tornado realidade: os mais corruptos dos corruptos a acusarem os seus inimigos de ... corrupção!
Com o país governado por verdadeiros ladrões que até compravam juízes, o resultado não se fez esperar. Uma guerra aberta, um espelho, polícia e tropa de um lado e gangs e máfias do outro, iguaizinhos, enquanto o povo cada vez mais pobre tem tanto medo de uns como de outros. Lemos isto através das mais diversas fontes, nem sequer brasileiras. Mas de vez em quando o ataque é mal calculado e torna-se um boomerang.
Foi o que se passou com os últimos acontecimentos, a morte, o assassinato, a execução de Marielle Franco provocou uma onda de indignação e revolta enorme, gigantesca, não intimidou como erradamente tinham calculado. Tenho lido imensos artigos de opinião em jornais e redes sociais como a excelente reflexão de Mariana Mortágua, ou Daniel Oliveira Que a morte de Marielle vos atormente tanto como a sua vida , ou em brasileiro O Brasil da vida e morte de Marielle.
Tem matado muitos. Crimes políticos sem a menor dúvida. Marielle está acompanhada por muitas outras vítimas, mas desta vez foi a gota de água. Nas redes sociais há várias hashtags com o seu nome mas falam muito mais do que nela. É ler o que se diz em    #MariellePresente

A conhecida e belíssima frase « Quiseram te enterrar mas não sabiam que eras semente» tem muita força e parece mesmo verdadeira neste caso. 
Afinal até o Washington Post deu a notícia na primeira página...!



Cereja

5 comentários:

méri disse...

muito bem!

cereja disse...

Obrigada, Méri. Sabe muito bem ler comentários, eu vejo que há algumas visitas porque são contabilizadas, mas quando não se deixa nada... não dá o mesmo gosto. Este tema diz-nos muito, não é? Não podia deixar links para tudo o que li, mas apetecia.

FJ disse...

Hoje foi mais um, não foi?

cereja disse...

Pois foi, FJ.
A notícia é esta:

https://observador.pt/2018/03/20/brasil-vereador-assassinado-a-tiro-uma-semana-depois-da-morte-de-marielle-franco/

E membro do PT, claro.

cereja disse...

Vejam também isto:

https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/joao-almeida-moreira/interior/um-tweet-criminoso-9202361.html

(já não me lembro como se faz um link directo... têm de copiar e colar no endereço)