quinta-feira, 29 de março de 2018

IRS e reflexões...

Estamos a chegar ao mês da declaração do IRS.
Foi aprovada recentemente uma lei (não sei se é lei) que vigiará os rendimentos de políticos e detentores de altos cargos públicos. Ninguém se poderá opor, imagino. Se quem não deve não teme, pensa-se que quem teme é porque deve, e a velha conversa de os-outros-também-fazem perde sentido porque os-outros também serão «vigiados». E o coro constante de críticas e desconfiança que atinge permanentemente a classe política perderá um pouco de força. Um pouco, penso eu, porque não vai desaparecer, é algo muito enraizado e infelizmente com bastante razão. Não consigo entender como gente inteligente e informada se deixa cair de um modo tão estúpido na ocultação de rendimentos... Nos últimos tempos tem vindo a lume tantos casos, que somos de facto levados a pensar que se trata de um iceberg e a parte oculta é gigantesca. De qualquer modo ainda bem que decidiram criar este organismo, sempre defenderá os, decerto que muitos, honestos!
Mas as tais declarações para o IRS estão cheias de buracos por todo o lado e a famosa fiscalização é um pouco coxa, parece. Para controlar todos (?) os ganhos insistem as Finanças que devemos pedir sempre recibo com número de contribuinte, e assim apanham logo na rede quem venda uma bica sem registar, ou a cabeleireira de bairro que me leva 7 € por arranjar o cabelo, e ainda temos de validar coisa a coisa o que dá um trabalho parvo! Mas... e quem foge descaradamente aos impostos? Como li ontem no twitter «Tem uma renda de casa de 1.000 €, 2 carros de luxo, e 4 filhos em colégios particulares. Declara o smn. É preciso uma denúncia anónima?»  o que calculo que seja uma situação imaginada, mas não é fantasia, acontece. Há empresários que retiram para o seu ordenado o valor do smn, e é sobre isso que pagam o IRS. As outras despesas são pagas com os cartões da empresa...
E além disso... 
Escreveu um twitt sobre o tema desta nova lei, o Pedro Marques Lopes que nos habituámos a ouvir no Eixo do Mal:  «Aguardo serenamente um organismo especial para fiscalizar os rendimentos dos juízes, das empresas, dos clubes, dos picheleiros, dos cronistas, etc...»  É exagero? Hmmm, talvez. Os picheleiros, se forem canalizadores e não os que fazem pichéis, também aqui entram se simbolizarem a economia paralela que todos conhecemos bem. Os juízes já começam a ficar debaixo dos holofotes, e os clubes...ui, ui, ui.
Enfim, no mês do IRS a que quem trabalha ou trabalhou por conta de outrem não escapa, até porque grande parte foi pago à cabeça, tudo isto faz pensar. Diz-se que 'ou há moralidade ou comem todos', frase intrigante porque a moralidade seriam comerem mesmo todos....
OK.
Mas ao menos esperemos que daqui para a frente sob a vigilância da tal Comissão de Transparência, pelo menos a classe política entre na linha. E já agora se olhe para as pequenas coisas, por exemplo, como é que os políticos e os juízes não têm dinheiro para pagar uma renda de casa, mas um professor por exemplo, tem de ter...? Estranho, não é?





Cereja

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