sábado, 14 de setembro de 2013

Uma historieta sobre o civismo

Uma espécie de desabafo. Uma historiazinha de férias que então pensei deixar no facebook e desisti, recupero aqui para o Cerejas. Foi assim:
Já há anos que não ia a um Centro Comercial com tempo, quando vou a uma coisa dessas é numa 'urgência' o que se pode dizer entrada-por-saída. E portanto escuso de dizer que também há muuuito tempo que não tenho almoçado num sítio desses. Essa experiência só me acontece nas férias porque o cinema mais próximo do sítio onde estou fica num desses Centros, e não dá para comer em casa portanto come-se lá qualquer coisa. Pronto, está a explicação prévia já dada, antes de contar a história.
Tinha-me esquecido que como a maioria dos locais de fast-food são apenas balcões onde se recebe um tabuleiro o cliente de bandeja na mão tem de descobrir depois uma mesa e cadeira para a sua refeição. Isso implica diversas habilidades para equilibrar o tabuleiro e bom golpe de vista para descortinar um local vazio  que possamos ocupar. Mas, está certo, é a regra. O Centro fornece mesas e cadeiras para quem as conseguir apanhar, quem não gostar do sistema pode optar por alguns restaurantes que também existem onde se paga o dobro do preço.
Tinha-me também esquecido que é costume, que quem vá à frente "marque lugar". É natural e aceito isso. Se vou com um tabuleiro, posso escolher um lugar com outro vago ao lado, para que o meu amigo que se atrasou um pouco e vem lá atrás possa ficar ao pé de mim. E às vezes em vez de um lugar, reservam 2, enquanto os amigos não chegam. Aceita-se... 
Mas já acho um abuso e falta de civismo, uma pessoa sem tabuleiro, que nem sequer foi ao balcão, nada prova ser um cliente, se sente à mesa e impeça outros de tabuleiro na mão de se sentarem com a desculpa de que os lugares estão ocupados. Ah estão? Por quem?! Onde está a comida?
E desta última vez a coisa atingiu foros de surrealismo, aos meus olhos. Metade das mesas, não as contei mas eram cerca de metade, não tinham sequer cadeiras. As respectivas cadeiras tinham sido rapinadas para outras mesas que tinham em seu redor o dobro das que lhes competiam. Explico: havia ainda uma mesa com uma única cadeira, onde me sentei com o meu tabuleiro. A pessoa que me acompanhava pousou também lá o tabuleiro e começou a perguntar nas mesas em redor, cada uma delas ocupada por uma pessoa ou duas mas cheiínhas de cadeiras vazias, se podia retirar uma delas e recebendo sempre respostas mal-humoradas, e até um pouco desabridas, que não, que "estavam ocupadas" . Depois de umas 6 negas, respirámos fundo, pegámos nos tabuleiros e procurámos um outro local bem mais longe...
Se tivesse um pouco mais de lata, o que me tinha apetecido fazer, era pegar no meu tabuleiro e sentar-me numa dessas mesas cheia de cadeiras vazias. Se não podia tirar a cadeira, então ocupava a mesa a ver se gostavam.
Uma questão de civismo, tão simples! Quando alguém pede por favor para tirar uma cadeira que não pertence àquela mesa e sim à sua, fá-lo por boa educação. Mas a verdade é que a cadeira de facto não pertence àquela mesa, faz-se o pedido por simples cortesia, não é o mesmo de quando se pede "emprestada" uma cadeira a uma mesa. Aí sim, é um verdadeiro pedido de empréstimo - uma mesa deve ter 4 ou 6 cadeiras, mas se precisa de sentar 5 ou 7 pessoas pode pedir emprestada uma se a mesa do lado não precisar. Agora arrebanhar todas as cadeiras das mesas vizinhas como se fosse um direito, é completa falta de civismo. 
E a quem nos queixamos....?!

A tal dança-das-cadeiras
  Cereja

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