terça-feira, 11 de junho de 2013

Sociologia de bolso

 Acho e sempre achei, muito interessante comparar modos de ver e pensar de várias gerações. Assim como o campo da economia vai desde a macro-economia à economia doméstica, imagino que na sociologia haja as grandes perspectivas da sociologia mundial mas também, vendo-se à lupa, as alterações mais comezinhas no nosso dia-a-dia. E é esse campo que me fascina e estou sempre a dar bitates por aí, comparando o "meu tempo" com o actual...
Hoje apeteceu-me virar-me para as artes!
E deu-me para comparar a música e a pintura. "Modos de usar" agora e nos meados do século passado.
Actualmente vive-se no reino da música. Imagino que seja facilitado pelo desenvolvimento das técnicas. Mas recordo que quando eu era criança a música chegava-nos sobretudo pelas pessoas que cantavam, e lá isso cantarolava-se bastante. Depois havia as telefonias, que não havia em todas, todas as casas, só pessoas com mais posses e cultura, e sobretudo não estava sempre ligada. E depois havia quem tocasse piano. Música de discos tocava-se muito raramente, num ou outro serão especial...
Hoje vivemos inundados de música. Até demais, para o meu gosto. Há cerca de um ano deixei aqui escrito um post onde desabafava sobre o excesso de música (para mim) na nossa sociedade actual. Notem que gosto muito de música, mas não preciso dela para respirar.
Mas, ao contrário, no meu tempo e entre os adultos com quem fui criada, apreciava-se e convivia-se imenso com a pintura e o desenho. Conhecíamos os pintores, a sua vida, o seu estilo. Quem não podia ter originais, tinha pelo menos nas paredes boas reproduções de obras conhecidas. Claro que às vezes, eram menos boas mas conhecíamos bem os pintores clássicos, assim como os portugueses da época. Não hoje. O centro de interesse deslocou-se, e enquanto a cultura musical me faz sentir ultrapassada em muito, nas artes plásticas sinto-me uma sabichona. Li há pouco no blog de um amigo um texto sobre o pintor Pavia que, mesmo que não tivesse sido um dos nossos pintores mais famosos, foi alguém que deixou uma marca na nossa cultura. Fiz uma mini-sondagem com um resultado que se adivinha.
É que o mundo gira muito depressa! Não penso que os costumes e gostos de hoje sejam melhores nem piores do que os que recordo. Mas são diferentes, isso a minha sociologia de bolso confirma.
E talvez (talvez!) graças a mais avanços desta fantástica tecnologia daqui a outros 50 anos se possa apreciar nas nossas casas e se calhar em 3 dimensões, todas as sete artes... Porque não?




 Pé-de-Cereja

6 comentários:

Hipatia disse...

E não te esqueças dos livros, que eu cada vez que vejo o top dos mais vendidos quase que me dá uma coisinha.

Quanto à música, como o que gosto raramente é o que toca em qualquer lado, continuo a ter o esforço de ir procurar e pôr a tocar. Hoje tenho uma coisa "óbvia" lá na tasca, mas ontem estiveram no Dragão. E, no entanto, já os ouvia ainda antes de entrarem na BSO daquela charopada de vampiros que agora não lembro o nome, que parece que foi quando toda a gente os passou a conhecer.

Aliás, o cinema é outra área para olharmos: antigamente os filmes eram dos realizadores (Capra, Hitch, Lang, Ford...) e de grandes actores. Agora é de starlets pagas a peso de ouro, óptimas para passar modelos na passadeira vermelha e pouco mais e os grandes actores vão envelhecendo e não lhes encontras grandes alternativas.

Há excepções? Claro que há. Em todas as artes. Mas a norma...

cereja disse...

Exactamente.
Muitas vezes sinto-me rabugenta, e penso "estou velha", afinal deve haver evolução e é bom que a haja. Mas referes 2 pontos que puxa um pouco a brasa para uma outra rabugice minha que é a cultura geral. Francamente "é das luzes" ou o nível tem mesmo baixado???
Essa questão dos best-sellers, ou da publicidade a filmes pelos piores aspectos revela mesmo isso.

Izzie disse...

O truque é a selecção! Muita selecção. Eu estou como a Hipatia, cada vez que vejo o top de livros até tenho uma síncope ;)

Anónimo disse...

Muito bem visto, e melhorado com os comentários.

Joaninha disse...

Buáááá!!! Vou perder a medalha da comentadora mais assídua. :( que vergonha...
Mas a culpa é tua (convém sempre culpabilizar outra pessoa, como sabem!) que desde que passaste a escrever aqui ao ralenti a gente desabitua-se de cá vir diariamente!!! (Ora toma!)
...........
OK, amiga. é evidente que o que dizes está certo, e essa mudança vê-se a olho nú. Possivelmente tu tiveste uma educação mais virada às tais artes plásticas, mas eu sinto isso na literatura, pelo que assino aquilo que a Hipatia e Izzy disseram. Fico de olhos arregalados quando vejo que livros mais se vendem!

cereja disse...

A medalha está tremida, está!!!
Olha que ainda ontem escrevi uma coisa, muito 'visitada' até por pessoas que nunca cá vem e tu nicles!!! :)))
Mas, perdoo-te, pronto! Afinal concordas comigo e quem não gosta? :) *sorriso*