terça-feira, 23 de abril de 2013

Pessoas e coisas

A violência é o prato diário que nos chega todos os dias nas notícias. É tanta e tão constante que acabamos por ficar anestesiados e para se ficar verdadeiramente chocados já é preciso o horror do 'terrorismo' ou dos massacres - violência indiscriminada sobre inocentes - para chamar a atenção!
Por outro lado vemos notícias tão impressionantes que até nos custam a aceitar. O que se passa na Índia, por exemplo. Tudo indica que nem seja nada de novo, simplesmente o véu que ocultava a brutal violência sexual exercida por muitos naquela terra e possivelmente considerada natural, está a ser levantado. Digo isto porque não imagino que subitamente de há uns anos para cá os indianos enlouquecessem e essa loucura se fixasse na violação. Aquilo devia ser "um hábito", um "costume", e como tal encarado com tolerância pela comunidade e polícia. O conhecido caso da  jovem violada por um grupo até à morte, ou o da violação da turista, e há poucos dias o de uma menina de 5 anos horrivelmente brutalizada e que só foi deixada com vida porque paradoxalmente o monstro julgou que já estava morta, deixam a Índia debaixo dos holofotes pelo pior dos motivos.
Mas não comecemos a pensar que 'é coisa do 3º mundo', porque sabemos que esta violência contra os mais fracos continua por toda a parte. E, deve integrar-se numa visão da sociedade mais geral. 
Há pouco tempo assisti a uma série de conferências onde se focou este tema. E, embora tivesse já a noção de que a nossa sociedade respeita mais o Ter do que o Ser, ou seja a dureza da lei vai defender sobretudo a propriedade, ainda me fez impressão ouvir quem sabe (no caso era um juiz) contar alguns casos. Por exemplo, um indivíduo divorciado da mulher ia regularmente ao fim-de-semana espancá-la, a ela e ao filho. Com isso arriscava uma pena de 5 anos. Mas de uma vez, entusiasmou-se e roubou-lhe o microondas. Azar, que com esse furto arriscou uma pena de 7 anos!!! Ou por exemplo, duas crianças vêm da escola. Uma chega a casa e é abusada sexualmente, o agressor pode apanhar 12 anos de pena. A colega encontra um gatuno que lhe rouba o telemóvel apontando uma navalha, e ele pode apanhar 15 anos de pena.
Interessante, não?
As pessoas são claramente mais baratas do que as coisas. 



Pé-de-Cereja 


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