sexta-feira, 11 de maio de 2012

A telenovela do Pingo Doce à distância

A famosa (muito famosa, mesmo!) história-do-pingo-doce quase me passava ao lado! 
Só quando não o posso evitar é que faço compras aos feriados ou fins-de-semana, felizmente posso organizar-me de modo a evitá-lo. E o feriado do 1º de Maio, esse, é sagrado para mim, ou seja nem sequer passei à porta de nenhum supermercado nesse dia, e fiquei surpreendida quando à tarde me falaram que havia confusão nos Pingos Doces por causa da tal campanha.
Tive na altura várias reacções. Tristeza porque essa corrida em massa dos clientes dizia bem das aflições por que andamos a passar e mais tristeza por existir uma tal falta de civismo que conduzia às cenas tristes que me contaram. Alguma irritação  indignação por essa campanha ter sido apontada para aquele feriado especial. Admiração pelos publicitários, porque conseguiram que o nome em  causa fosse badalado e bem badalado (toda a publicidade é boa, desde que se fale, não é?) E troça porque vi logo que essa «promoção» ia ter a a capacidade de pôr toda a gente a magicar que quando se vende por metade do preço é porque o lucro habitual é… pelo menos essa quantia.
Pronto. Sabemos o que se passou, não apenas nas redes sociais mas por todo o lado. Foi mais falado do que o próprio 1º de Maio. Mas o que é irónico é que estas vendas de produtos a 50% daquilo que custam ‘normalmente’ não foi novidade Pingo Doce - por mais irritante que seja o melífluo do  Alexandre Soares dos Santos - a ideia não é nova, já era praticada! E há tempo embora não naquela escala.
Da última vez que que recebi pelo correio informações sobre o cartão do Continente, vinha lá a publicidade a vários produtos que seriam vendidos a 50%!!!!! Claro, não eram todos no mesmo dia, ou seja obriga o consumidor a passar por lá várias vezes e portanto a deixar-se tentar a comprar mais coisas. Mas a verdade é que os descontos eram nem mais nem menos de muita coisa a 20% ( o que já é imenso!) e muitas outras a 50%! E, por exemplo, o IKEA também oferece muitos artigos a 50%. E até o Minipreço.

A conclusão, tão óbvia que nos deixa meio deslumbrados pela sua evidência, é que estes grandes senhores do comércio têm decerto lucros fabulosos. Não sei se pagam mal aos produtores, se aos empregados, que manigâncias é que fazem, mas só podem fazer estes jogos porque não ficam arruinados.
Foi o gato escondido…



Pé-de-Cereja


8 comentários:

Joaninha disse...

Passei por aqui de corrida antes de começar a trabalhar e vou voltar mais tarde mas aplaudo teres focado este aspecto.
Olha que li há pouco no Público:

Soares dos Santos [....] adiantou que a campanha levada a cabo no feriado do Dia do Trabalhador destinou-se a recuperar “vendas perdidas” e rendeu 25 a 27 milhões de euros
Rendeu.
Mainada!!!!

Anónimo disse...

Claro!!!
Olhem aqui:
<a href="http://www.ionline.pt/dinheiro/second-round-depois-pingo-doce-stockmarket-tem-descontos-80>Depois do Pingo Doce, StockMarket tem descontos até 80%</a>
E maida!!!
É uma festa!

Anónimo disse...

Ooooh...
Quero rectificar o linlk:


Depois do Pingo Doce, StockMarket tem descontos até 80%

cereja disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
cereja disse...

lá a todos!!!
Quis responder já há bocado mas esta coisa estava encravada (não abria a caixa que permitia responder)
Obrigado pelo link, King. por acaso ia deixá-lo aqui também :)

E para além desses ainda há por aí mais. Aquilo foi uma mina para a publicidade...

fj disse...

Plenamente de acordo, só que passei logo à irritação profunda, quase do género da que sinto no transito ou quando ouço gajos do Benfica a provocar. É visceral e pode levar a qualquer coisa.
Ouvi e reouvi o filho da puta do dono, ou dono dos donos, como talvez diria Jorge Costa, começando por dizer que não sabia de nada, depois que não sabia só da data e depois passando à ofensiva ideológica clara, pondo a situação onde ela realmente está. Parafraseando um conhecido sociólogo alemão,referindo-se a Hegel, a actual luta de classes está certa, só que de pernas para o ar
fj

cereja disse...

Tens razão, FJ, toda a razão. Aqui o que pretendi dizer, ou chamar a atenção, é que eles são todos farinha do mesmo saco...
As grandes, muuuito grandes empresas, não fazem diferença umas das outras. Este tipo como tem aquele arzinho de sonso irrita. Mas o outro, que diz que é «um trabalhador», também não é melhor... E as internacionais, Lidls, Ikeas etc e tal, idem, idem.

cereja disse...

Fui procurar a frase em que o Américo Amorim - fortuna enorme! - diz que Não me considero rico sou um trabalhador
Lá isso é, deve trabalhar alguma coisa.