sexta-feira, 18 de maio de 2012

A difícil tarefa de poupar na civilização do desperdício

Eu cresci a aprender a «aproveitar» tudo. Hoje fala-se até à náusea em poupar o que não é a mesma coisa. Poupar é afinal gastar... com moderação, e o que me ensinaram foi a não gastar. Nessa época só se tinha uma coisa nova quando a velha não tinha conserto, fazia-se em casa 80% das coisas que hoje se compram, e aproveitava-se tudo!
O conceito hoje é o rigoroso oposto. Não só se compra quase tudo – de vez em quando ainda fico surpreendida quando sei de coisas que se podem comprar ‘já feitas’ – como até o ter uma coisa significa que alguém a comprou. O vocabulário reflecte isso. Uma criança não pede «dá-me» um brinquedo ou uma guloseima, e sim «compra-me» um brinquedo ou uma guloseima. É um sinal.
Mas já repararam na mensagem ambivalente que recebemos quando queremos economizar como nos aconselham? A confusão chega de várias formas e algumas delas têm a ver com embalagens. Os produtos vêm embalados por uma questão de higiene e rapidez do processo de compra e venda. Muito bem. Por exemplo,  vemos embalagens de produtos com pesos de 400 ou de 350 gr [o que permite cartazes vistosos de «bife a 4€» sem o cliente reparar que aquilo custa 10€ o quilo…] mas se alguém desejar um quilo repara que duas é de menos e terá de levar três que… é demais!
Por outro lado, muita gente (começando por mim) se deixa influenciar por embalagens maiores, proporcionalmente mais baratas. Uma caixa de pastilhas de detergente com 100 unidades custa menos do que duas com 50, ou um saco com 2 quilos de pêras, é uns cêntimos mais barato do que comprar as pêras avulso. O pior, mesmo que as pêras estejam todas boas, é que não dou vazão àquela quantidade de fruta e ao fim de 2 dias já tenho umas tantas podres! E o detergente levou-me um ano a gastar e quando quis usar as últimas pastilhas da caixa, já estavam moles e esfareladas. Entretanto o vendedor tinha recebido logo o preço do seu investimento...
E essa questão da venda em maiores quantidades de produtos de que não precisamos, é constante. Agravado quando se vendem em embalagens de plástico duro que nem sempre permitem confirmar que é exactamente o que se quer. Comprei ontem uma embalagem com 3 caixinhas de agrafes. Claro que não preciso de 3 caixas, (cada uma tem 1.000 agrafes!!!) mas só havia assim e era barato. Quando cheguei a casa verifiquei que não serviam no meu agrafador... Não foi barato afinal, foi um completo desperdício.
Pois é.
 Poupem, poupem, poupem!!!
Comprem muito, e gastem, gastem, gastem!!!






Pé-de-Cereja

15 comentários:

Anónimo disse...

obviamente de acordo, lianor pela verdura. não compro senão livros (porque, claro, alguém compra por e para mim...)
...e vivó sportem (e a mim que me importa? é só pela verdura!)

cereja disse...

OLÁ!!!! Por aqui?!
Por acaso com esse estilo o amigo é tudo menos 'anónimo' como aqui entrou :D
(informação: Quando se deixa o comentário se se seleccionar nome/URL mesmo sem deixar esse url o nome que se escolhe fica lá)
Pois é, os livros temos mesmo de os comprar e não chegam em embalagens de 3, como os meus agrafes. Ainda hoje me ri com um amigo que leu isto e queria saber que raio ia eu fazer com 3.000 agrafes? talvez compre um agrafador novo...

Anónimo disse...

sou um nulo nitido nabo nético, mas vou já seguir a tua informação e selecionar nome/URL pra ver n
o que dá e o que fica lá.
quanto ao agrafador, olha, agrafa, filha, agrafa, que já a graaf agrafou (n'importe quoi!)

Anónimo disse...

quod erat confirmandum: sou mesmo nabo nético, nítido, nulo. fiquei anónimo outra vez. e ainda bem: tu sabes quem sou e outr@s escusam de saber.

fj disse...

Preocupante do ponto de vista pessoal: tem soluções? uma hipótese seria lançar uma oferta publica de venda, com um meio de troca puramente afectivo sem entrar dinheiro ( porque se este entra, vai ser difícil...:
1ª oferta Um aperto de mão por cada 10 agrafes.Quem propõe mais? fj

Joaninha disse...

Bom Dia!!!!!!
Afinal este post entrou ontem, e eu não reparei...
Tem graça, nunca tinha visto isso sob este ângulo. Confesso que sou das que vai atrás dessa coisa do «sair mais barato» em embalagem grande (além de não se gastar a embalagem, o que é bom) ou em maior quantidade. Não me tinha ocorrido o outro ângulo.
.......................
Mas pensando melhor é mesmo verdade|
Já tenho deitado várias vezes coisas fóra porque ficam com bolor, ou podres, ou...
E até [*oh vergonha*] esqueço-me de coisas que comprei a mais exactamente por serem mais baratas. Claro que com a comida se pode sempre congelar etc, mas o que é demais, é demais!
Essa tua história dos clips, não, agrafes, é formidável!!!!

Mary disse...

Mas que bem visto!
Também eu sou desse tempo em que se aproveitava tudo! As saias tinham grandes baínhas para de deitarem abaixo na medida em que crescíamos... Aliás toda a roupa tinha costuras com tecido para alargar. :) A comida fazia-se toda em casa, comprar só os produtos para a confeccionar. E tudo se aproveitava! Recordo o caixote do lixo forrado de jornal, um 'saco para o lixo' devia dar vontade de rir. A «reciclagem» era espontânea - os frascos e garrafas voltavam a encher-se, e a louça rachada até levava «gatos». O papel de jornal dava para tudo: forrar o caixote, dar brilho às janelas e areados, e até antes servia de papel higiénico coisa que nem sempre existiu... Embalagens e plásticos era coisa que não havia portanto tudo se reciclava.
Hoje sentimos necessidades que seriam grandes luxos nesse tempo! Isso era verdadeiramente POUPAR, ou como disseste bem (também já estou pelos cabelos com a expressão) aproveitar.

Mary disse...

Venho acrescentar uma coisa: não estou de modo nenhum a desejar voltar atrás! É muito bom as comodidades de hoje. Mas é chamar a atenção que se fosse preciso também se vivia sem isso. Como dizia o anúncio podia passar-se sem isso mas ...«não era a mesma coisa»

cereja disse...

Mary, se aqui os comentários tivessem likes ou gostos como o facebook tinhas direito a vários!!! Assinava qualquer dos dois! Também aprecio muito as comodidades de hoje, tudo o que a electricidade nos trás quanto a electrodomésticos, por exemplo!!!! O que não quer dizer que não relembre os outros tempos (piores é certo) e saiba que podemos resistir.
por outro lado era importante não sermos esmagados pelo consumismo mesmo quando não o reconhecemos como tal.
Quando nos incitam a comprar muito «por ficar mais barato» temos de analisar se é exactamente assim...

cereja disse...

FJ, olha que tu!!!!!! Uma oferta pública para a compra dos agrafes a mais????? E fica sabendo que foi mesmo assim que se passou, não inventei nadinha. Só achei graça (achei...?) porque foi mais uma coisa entre muitas outras.

Anónimo disse...

E depois há coisas patetas (para ser suave no adjectivo) Um anúncio que anda para aí num outdoor que oferece um par de óculos grátis a quem comprar dois... Quem raio é que precisa de 3 pares de óculos de uma assentada?????? Só se for a família toda a mudar de óculos ao mesmo tempo.
:(

saltapocinhas disse...

quando ouço aquele pessoal dizer que foi ao pingo doce dizer que "poupou 80€" eu digo: não, tu gastaste 80€!
sempre que compramos, gastamos, não poupamos.
(mas eu também uso essa tecnica de "poupança" quando me convém!)

cereja disse...

Isso mesmo saltapocinhas!Dá-me cá uma vontade de rir!!!
É como as pessoas (entre as quais eu) que têm um tarifário de telemóvel que, com uma determinada quantia, falam para os dessa operadora e até os da rede fixa sem pagar mais. É bom, claro. Mas tem muita graça dizerem «eu posso para para os números tal que não pago»
Quer dizer, cof... cof... não paga mais porque já pagou adiantado! Mal comparado é como se eu dissesse «eu cá posso andar de metro e autocarro as vezes que quiser, que não pago» sem dizer que tinha comprado o passe social :D :D

Anónimo disse...

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