quarta-feira, 30 de maio de 2012

É sempre a mesma cantiga......



Um estereotipo é um preconceito. 
Pega-se numa situação verdadeira e a partir daí generaliza-se. Os gordos [jovens / benfiquistas / alunos / artistas / camponeses / trintões / gulosos] são alegres [trocistas/ esquecidos /mentirosos/ trabalhadores/ sinceros] e já está; o mais utilizado é «os homens são assim... as mulheres são assado» como todos sabemos. E, creio que logo a seguir ao estereótipo do género, vem o da nacionalidade: «os franceses são...» «os chineses são...» «os americanos são...» fartamo-nos de dizer.
Bom, «as mulheres» têm tido menos oportunidade de chegar ao poder. É verdade houve imperatrizes, Isabel de Inglaterra, Catarina da Rússia que tiveram poder, mas contam-se pelos dedos. Hoje até se força, por sistema de quotas, a chegada ao campo da decisão política das mulheres. E há a ideia de que por serem mulheres serão mais sensíveis... Bem. Para além da Thatcher, que não recordamos por ser uma sentimental, apanhamos agora com a Merkel e a Lagarde. Sensíveis, hein?
Mas onde o estereótipo me irritou - quando a Lagarde-do-FMI deu a tal resposta em relação às crianças gregas e ao dever do pagamento de impostos (não os dela!) - foi o que estava implícito nessa apreciação, ou seja o que os media transmitem até nos enjoar: a situação na Grécia está assim porque os povos do sul são indolentes, só querem férias, feriados, reformas, não trabalham, enfim amolecem com o calor! No norte, não! O frio enrija, faz aumentar a capacidade de trabalho. Os povos do norte trabalham que se desunham, nunca têm férias, quase não têm feriados, são umas máquinas!
E não é possível é difícil desmontar o raio do mito. Que o norte acredite nisso é normal, o pior é que o sul também! Havia um «I» no PIG  referente a um país do norte (Irlanda? Islândia?) mas às tantas passou a ser Itália! A Islândia apanhou com a crise em cheio, não foi? OK, mas por lá há fresquinho, eles não são os preguiçosos dos países mediterrânicos e portanto já estão a sair...  Há uns desmancha-prazeres que insistem em afirmar que a Islândia votou contra o pagamento da dívida, e está a sair da crise não cobrindo os Bancos, pelo contrário levando-os a tribunal. Mas deve ser mentira. Reparem que é um país muuuuito ao norte, junto do círculo polar, e portanto trabalham vertiginosamente sem descansos, nem férias, nem domingos, e o resultado é esse. 
Tá visto!



Pé-de-Cereja

3 comentários:

Joaninha disse...

Não há pachorra!!!!
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E, como aqui dizes, o que mais nos irrita é que os próprios visados (os povos do sul) aceitam a classificação! Claro que os nórdicos quando cá vem é em férias e portanto é tudo mais devagar. E há a tal questão da sesta :D :D (quem é que a faz, mesmo tendo defensores...?!)

Joaninha disse...

Ah, quanto à questão das mulheres e o poder. Aí já não sei se tens razão. Evidentemente que esses exemplos são chocantes, mas encontrávamos outros que mostravam que estamos mais sensibilizadas para questões sociais. De um modo geral, claro. Há muitas excepções como se vê.

cereja disse...

olá Joaninha!
Bem, eu acho que é sempre a mesma cantiga mas reconheço que eu canto sempre o mesmo refrão ;)
É um reflexo condicionado muito pavloviano - assim que oiço que somos preguiçosos tenho de morder! Porque é uma refinada mentira. Não somos nem melhores nem piores do que as pessoas (trabalhadores) que conheço de outros países. e pronto!