quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Reféns

Por mais distraído ou fóra do mundo que cidadão normal esteja, há uma história que dificilmente deixa alguém indiferente e chegou a todo o lado - a iniciativa que o recente Califado Islâmico (?) tomou de raptar cidadãos de países com quem está em guerra para os tornar moeda de troca de exigências aos respectivos governos. Ameaça (e cumpre) executá-los publicamente e de uma forma particularmente chocante para ocidentais.
Querem publicidade e conseguem-na. Querem horrorizar e conseguem. Querem chamar a atenção do mundo todo e conseguem. É um pleno, desde que não esteja também na sua ideia convencer ninguém da justiça das suas reivindicações, porque penso que só ficarão do seu lado aqueles que já o estavam.
Tenho trocado ideias sobre isto e lido por aí uns escritos e há umas pessoas que me dizem «é verdade que é horrível, mas...» e o 'mas' refere que os países em causa (Estados Unidos, Inglaterra, França) atacaram as forças do ISIS, bombardearam os seus acampamentos, entraram numa guerra que não era deles, foram tomar posições interferindo numa guerra interna. Aquilo era uma espécie de retaliação, brutal e selvagem é verdade mas é assim que eles funcionam, mesmo com o seu povo.
Não!
Para mim, a utilização de um refém é o mais baixo a que um ser humano pode chegar. Nem ponho em questão o modo bárbaro como o refém tem sido morto, poderia ser de um modo suave e indolor que seria igualmente horrível, mesmo que para a propaganda não o fosse. Trata-se de caçar alguém, que coincide ter nascido no país com que se está em guerra, e decidir "ou fazem isto e aquilo ou matamos esta pessoa que está nas nossas mãos". Nojento.
Eu reajo muito mal a chantagens. A declaração "ou fazes isto ou eu ... " deixa-me sempre de cabeça perdida e é o modo de conseguirem que eu não faça aquilo que querem! Quando leio histórias sobre chantagens e me imagino nessa situação vejo-me sempre a responder "então conte o meu segredo e vá para o inferno!" até porque quem faz essa ameaça é tão reles que não se pode confiar que guarde o dito segredo...


Mas estes casos dos reféns são a mais miserável das chantagens. A intimação até podia ser sobre um desejo 'normal', que parem os bombardeamentos por exemplo, mas também pode não mais parar. A seguir podiam exigir armas. Ou que enviassem soldados para combater ao seu lado. Ou que mandassem mulheres para casaram com eles. Ou crianças para serem convertidas. Ou... Ou... Uma espiral que não mais parasse.

Estou a delirar um pouco, reconheço. Mas impressiona-me esta violência cega e sectária, de gente que usa seres humanos como objectos, e que acreditam que ao morrer em guerra santa vão ter uma paga imediata indo directos para o céu.


Metem-me medo sim.

Não por aquilo que fazem mas pelo modo como pensam.



Sem comentários: