quarta-feira, 7 de junho de 2017

Outra vez a educação

Volto sempre à vaca fria. A educação. Por educação não estou a pensar na escola, e sim no que se aprende desde bebé na intimidade da família, mais importante na minha opinião. Podemos sempre completar a escolaridade, há gente bem idosa que aprende a ler e escrever, mas o comportamento é moldado na infância.
Li há poucos dias um post da minha amiga Isabel Faria, no facebook. Relatava, no seu estilo pessoalíssimo, uma conversa que ouvira num café. O post,  não teve assim lá muitos comentários ou 'gostos', teve alguns é claro, mas merecia mais. Dizia ela: Quando ouço algumas conversas entre filhos adolescentes e pais de filhos adolescentes, ou pouco mais que isso, dou-me conta que sou mesmo muito careta. E que tive mesmo muita sorte. Acabei de fugir do café sem saber se me apetecia mais dar um grito na pirralha que dizia à mãe aos gritos "sei lá se vou jantar ou dormir a casa pá,, como e durmo onde quero..." Ou um tabefe à mãe que lhe pede em voz baixa e vacilante "Mas se puderes avisar...para eu poder dormir descansada...E tem cuidado com o multibanco...não percas esse também... ". São todos assim, ainda ouvi a mãe dizer à amiga...enquanto esta acenava com a cabeça que sim. Podia desmentir a senhora...mas, na volta, comigo ela ainda levantava a voz...
Eu não ouvi esta menina, mas tenho ouvido outras ou o relato de pais desconcertados sem saber como responder a atitudes destas. A verdade é que isto é uma semente que é plantada cedo. Recordo um menino num infantário, quase bebé, aí com uns 2 anos, que chamou a mãe que estava afastada a falar com alguém. Ela acorreu, apressada, e baixou-se para ouvir o que ele queria. Ele balança a mão e dá-lhe um estaladão que deixou uma marca na cara... A mãe, faz um sorriso amarelo, e diz-lhe «se era para isto escusavas de me ter chamado». Ouvi eu! 
Na história da teenager está tudo. Para começar o tom com que fala com a mãe. É um tom com que não deve falar com ninguém e/mas sobretudo com alguém mais velho. Quando eu era criança, entre raparigas usava-se o termo «coisinha». Chamávamos umas às outras, não sei como nasceu a mania. «Oh coisinha, vens ali comigo?» «Oh coisinha, fizeste o tpc de matemática?» Mas era ternurento, um modo carinhoso de falar. Certo dia, distraída, disse a uma avó «Oh coisinha, o que é o lanche?» e recebi um olhar que me pôs no lugar! «Coisinha?!!! Achas que tenho a tua idade?!». Fiquei logo em sentido. Numa família e deve haver hierarquias, por mais afecto que exista. 
E tem de haver autoridade. 
A inexistência de autoridade gera um caos. Não há limites para nada, como se tudo fosse permitido 'porque-sim' e ainda por cima estes jovens desatinados não se sentindo obrigados a nada, não tendo de prestar contas de coisa nenhuma a ninguém, decidem que têm todos os direitos. A menina desta história ouvida no café, declarava mal-criadamente que não tinha de dizer à mãe para onde ia, nem o que fazia, mas tinha acesso à conta da família com o cartão multibanco... Imagina-se que adulta vai ser? 
Comecei por falar no tom usado e na linguagem, porque me parece importante. Há regras que parecem em vias de extinção que não são de etiqueta são de simples cortesia. Cumprimentar com Bom Dia, dizer 'por favor', 'obrigado', 'com licença', mostra que nos importamos com os outros.
Simples.
Não se vive sozinho, vivemos em sociedade. 



Cereja

1 comentário:

Johnny disse...

Muito bom post! Realmente é muito importante a educação e a simpatia pelas pessoas.