sexta-feira, 2 de junho de 2017

No Dia da Criança


Ontem foi Dia da Criança.
Não sou lá muito entusiasta dos «dias de», gosto do dia da mãe, do pai, do trabalhador, da mulher, e pouco mais. Até porque muitos deles são descaradamente «dias» inventados pelo comércio para aumentarem as vendas. Mas, adiante.
O Dia da Criança é um bom dia para se pensar nas crianças, não (só) para lhes dar prendas, mas sobretudo para refletir no que falta fazer para lhes assegurar uma vida que valha a pena.
Ontem receberam uma grande prenda envenenada: o sr. Trump na sua ânsia de um lucro imediato sem olhar a mais nada, propõe-se estragar ainda mais o mundo em que vão viver. Nem há palavras para classificar tanta maldade.
Mas, na nossa terra, num país que gosta tanto de crianças, e se esforça por as proteger, li uma notícia que me deixou gelada e até me custa acreditar! Dizem-me que num só ano 43 crianças candidatas a adopção, que já viviam com os futuros pais adotivos foram devolvidas. Como? Devolver uma criança?!!!
Como retoque final é-nos explicado que 20 delas tinha menos de 2 anos. (realço este pormenor porque há quem considere que adoptar um adolescente pode ser problemático, é uma fase difícil, e a adaptação nem sempre corre bem)
Eu sei, (ou sabia...) que os serviços de adopção eram exigentes na selecção dos candidatos. Muitos não são aceites. E, daquilo que eu julgava saber, irritava-me que existisse um período demasiado grande até a adopção se concretizar, porque para uma criança uma espera de dois ou três meses já é uma parte importante da sua vida.

Portanto, até ontem, eu julgava que 'os maus da fita' eram os serviços que exageravam o rigor na selecção, quando se poderia entregar muito mais crianças a pais responsáveis que os desejavam muito.
Pelos vistos, isso não acontece. Considero uma maldade muito grave abandonar-se um animal de estimação, como creio já aqui ter dito. É um sofrimento horrível para o animal e um verdadeiro crime. Mas uma criança??? É certo que não é «abandonada» é reenviada para o sítio de onde veio, tal como ir à loja entregar a boneca que se comprou porque afinal ela não era como se tinha imaginado.
É certo que não sabemos o que motivou esta «devolução do produto» e consigo imaginar uma situação inesperada de tal gravidade que faça voltar tudo atrás (morte de um dos pais, desemprego inesperado) mas 20 situações ?! Causas tão imprevistas que quando a criança foi lá para casa não se podia imaginar?

Não entendo.
E arrepia-me. Como é possível?


Cereja

2 comentários:

méri disse...

welcome back ao blogue :)
Ontem quando ouvi a notícia, que também me arrepiou, com o termo devolução, calculei logo que não resistirias a escrever sobre o assunto.
Realmente há qualquer coisa que a mim me escapa. Não consigo entender, mesmo.

cereja disse...

(de facto andei um tanto distraída e ocupada... e com imensos temas que ficaram em rascunho e agora já não interessam)
A «devolução» deixa uma pessoa sem respirar :(( a jornalista escolheu um termo que sabia ter impacto. Eu trabalhei por um curtíssimo tempo na área das adopções, e tenho apoiado alguns meninos adoptados. Nunca é muito fácil, mas com os filhos de sangue muitas vezes também não. Pensei ser impossível esta ligeireza, levar uma criança à experiência ?!