quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Tempo(s)


Sabemos que existem vários 'tempos' apesar de nem sempre nos lembrarmos disso.
Ouvi ontem na rádio um senhor, que até disse coisas bem interessantes, censurar quem usa a expressão «no meu tempo» que ele considera um erro, sugerindo essa expressão que quem o diz vive no passado quando o tempo actual também é dele. Não concordo. O tempo de hoje também é dos mais velhos, a inversa é que não - para os mais jovens o passado próximo é História.

Fait-divers pessoalíssimo: ontem comprei um telemóvel novo.
Por feitio meu só os costumo mudar quando dão o pio final, o que demora alguns anos. Mas desta vez o bicho de três aninhos de idade, apesar de ainda fazer telefonemas e mandar mensagens, ficou desactivado de uma ou duas coisas que também uso e decidi trocá-lo.
Fui à loja e abordada por uma vendedora expus o que pretendia. Eu estava aberta a qualquer opção, a condição era o preço que tinha de ser bastante limitado. A menina, boa vendedora, muito simpática, mostrou-me as opções sem 'impingir' nada, apenas explicando as vantagens relativas. Gostei muito dela, e como a operação foi demorada fiz alguma conversa.
Como o seu aspecto e das colegas era extremamente jovem, fiz esse comentário, dizendo a rir que pelo menos 16 anos tinham de ter todas...  :D Tinham mais mas não muito, andavam pelos 18 e explicaram-me que era part-time, estavam ainda a estudar. Conversa agradável. 
No final perguntou-me se queria levar o telemóvel já ligado, o que aceitei agradecida. Não gosto nada de explorar as entranhas dessas bichos, depois de os começar a usar nunca os abro como vejo alguns amigos fazerem. Portanto fiquei contente com a oferta, essa parte ia já despachada. Mas, eis senão quando, surge um obstáculo: o meu cartão velhinho não cabia na patilha do telemóvel novo! Pedido conselho a outro colega fui aconselhada a ir ao fornecedor pedir outro cartão.
O engraçado aqui é que quando começámos a investigar porque é que o cartão estava tão velho, expliquei-lhe que aquele devia vir ainda do meu primeiro telemóvel, ou seja o cartão era quase da idade dela!! Esse pormenor fez-nos rir as duas! Aquilo ainda era do tempo em que o telemóvel era do tamanho dos actuais telefones sem fios (os grandes) e não havia assim tantos como isso...
Mas o pensar que aquele chip já andava na minha carteira quando ela usava chucha é uma imagem forte. Essa parte do meu tempo, é mesmo só minha e da malta da minha colheita.


Cereja

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