quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Vender a todo o custo



Há cem anos quando se queria publicitar alguma coisa, fazia-se um desenho gabando as suas vantagens. Depois apareceram na rádio uns anúncios cantados, os jingles. Vendia-se melhor, as músicas ficavam no ouvido. Mas as "técnicas de venda" aceleraram vertiginosamente e hoje em dia temos de ter um curso especializado para lhes resistir.
Presunçosa, tive em tempos a convicção de que sabia resistir se me quisessem vender algo de que não necessitava. Erro grave. Afinal não sabia. 
"Vendas agressivas" foi um termo que aprendi a respeitar. Sou constantemente apanhada nessas redes e se consigo resistir 9 em cada 10 vezes, à décima vez a armadilha é montada com tal perícia que só recuo quando tenho já um pé no ar em cima do abismo... Aconteceu-me várias vezes nos últimos anos. Como disse tenho conseguido recuar no último minuto e até hoje não cheguei a comprar aquilo que tão bem me conseguiam impingir, mas uma vez até assinei o contrato apesar de o conseguir anular na manhã seguinte! 
Mas confesso que me julgava vacinada. Há uns 15 dias contudo aceitei responder a um inquérito sobre os serviços de saúde. Inofensivo? Tudo indicava que sim. Não me fizeram deslocar a lado nenhum, pelo contrário combinaram o dia e vieram à minha casa muito bem identificados, um até era "um terapeuta estagiário". Uma conversa muito prolongada mas interessante e sem dúvida que os rapazes tinham muitos conhecimentos científicos e uma magnífica formação. A campainha de alarme soou quando percebi que havia um aparelho que podia ser meu com umas suavíssimas prestações. Acabei a entrevista com firmeza, mas até com alguma vergonha parecia uma sovina que regateava o preço da saúde!!! Uma técnica de venda magnífica com um profundo estudo psicológico.
Uma semana de pois, outra técnica, também primorosa. Aluguei, via net, um apartamento. Tudo certo até porque existiam muitas fotos, ilustrando bem a casa - não podia haver engano que as-fotos-não-mentem.  E não mentiam, mas nem eu perguntei nem me disseram as verdadeiras dimensões desse apartamento, o que fazia toda a diferença. Não tinha nada a ver com o que tinha julgado alugar, mas... existiam fotos! Que podem ser, e foram, 'trabalhadas' para parecer outra coisa.
Usando uma técnica psicológica ou fotográfica, o certo é que um consumidor pode ser enganado. A publicidade ingénua dos nossos avós não tem nada a ver com estas técnicas, resta-nos aprender técnicas de defesa para sobrevivermos!

Cereja



2 comentários:

snowgaze disse...

Eu também já apanhei umas surpresas com fotos, pelo que hoje em dia a primeira coisa que penso é como é que a fotografia pode ter sido tirada para parecer mais do que o que lá está. Por exemplo, se for uma piscina, comparar com algo que esteja na foto de que se conheçam as dimensões (tipo espreguiçadeiras), em diviões, imaginar que as paredes estão imediatamente fora da área fotografada, etc.

cereja disse...

Querida Snowgaze, obrigada pela visita e pelo conselho. Sabes que agora já penso assim! E até disse a um meu amigo quando comentámos essa coisa do tamanho relativo que, se eu tivesse sido esperta, tinha logo deduzido - via-se uma mesinha com um croissant e um copo com sumo de laranja em cima. Aquilo servia de medida, por maior que fosse o croissant e o copo!
Mas olha que nesta caso nem entendo como tiraram as fotos mesmo que estivessem encostados à parede!!!