segunda-feira, 25 de março de 2013

A linguagem

Nem sempre se tem a verdadeira noção do significado da fala.
É certo, sabe-se que é isso, e se calhar só isso, que nos distingue dos outros animais - o ser humano fala. E usa uma linguagem preparada para exprimir pensamentos e afectos.
Mas essa capacidade aprende-se e pratica-se. Eu penso muitas vezes que tão importante como ensinar uma criança a pronunciar correctamente uma palavra é ensinar-lhe o verdadeiro sentido dela e a importância da entoação com que ela é dita. Saber o que se diz, como se diz  e porque se diz.
É vulgar pensar-se que as mulheres falam mais do que os homens. Como toda a generalização, ela é excessiva mas tem algo de verdadeiro, as mulheres têm mais facilidade em trocar por palavras os seus sentimentos, que é coisa difícil. Porque até mesmo é difícil saber dar nomes àquilo que se sente.
No outro dia assisti a um seminário onde se pediu que enumerássemos as emoções que conseguíssemos definir. Muita gente lembrou-se da alegria, tristeza, medo... e pronto. Claro que houve também quem se lembrasse de surpresa, repugnância, raiva, susto, tranquilidade, vergonha, curiosidade, inveja, aflição, cólera, ressentimento, desespero, confiança, ternura, compaixão, ternura, culpa, e por aí fóra. Interessante, não é?
E depois há diversas linguagens. Quando referi a importância da entoação é por considerar que ela é fundamental para a comunicação. Conheço pessoas que falam sempre com "sete pedras na mão" digam o que disserem. É cansativo. Até acredito que nem se dêem conta de quanto pode ser desagradável, mas é. E, no outro extremo, quem fala sempre em tom de lamúria, como se fosse vítima do mundo inteiro. Claro que são extremos, mas na nossa linguagem corrente é muito frequente haver coisas que são levadas a mal por terem sido ditas com a entoação errada. E isso devia ter sido aprendido.
E também todos sabemos (sobretudo quando falamos com os nossos filhos!) que muitas vezes só se ouve o que se quer, ou deseja, ouvir. Mas quanto a isso já não se classifica com uma questão de linguagem. E não é uma das tais emoções, isso é esperteza!



Pé-de-Cereja 

9 comentários:

Anónimo disse...

Mas, olha lá, com a chata daquela mulher o sentimento não "esperteza" é a chamada "defesa natural".
.............
OK, piadinhas àparte, fez-me pensar o que disseste. É mesmo verdade que se devia ensinar a falar, não só a pronunciar as palavras mas a falar como deve ser.

Joaninha disse...

Mas há mais tipos para além da "coitadinha" e do "7-pedras-na-mão". Há muito quem altere aquilo que diz pela forma desadequada como o diz.
Actualmente isso pode ver-se muito quando alguém diz uma coisa na comunicação social, e depois aparece transcrita na net, a parece muito diferente. Dizem que é fora do contexto, mas se escrito é diferente de dito, é porque a entoação é muuuito importante.

cereja disse...

Olha os meus comentadores de sempre já aqui apareceram :)))

Olha King, eu escolhi aquele boneco, exactamente para defender o homem, tadinho... Mas lá que muitas vezes nos fazemos de surdos quando não nos interessa é um facto! O que achei engraçado é que não foi fazer de surdo, foi seleccionar o que dava jeito ouvir ehehehehe!!!

cereja disse...

Joaninha, sabes que até foi um pouco isso, da comunicação social, que primeiramente me deu vontade de escrever isto. Uma pessoa diz uma coisa ou responde a uma pergunta e depois aquilo, escrito, sem se ver como foi dito, parece algo completamente diferente.

cereja disse...

Mas há uma coisa em que eu acredito e digo muitas vezes ao meu filho "nós podemos dizer TUDO desde que se saiba dizer"
Mesmo coisas chatas e desagradáveis podem ser ditas, se forem de um modo educado e não abrindo a porta a mal-entendidos. Por isso a entoação e o modo como se fala tem uma importância enorme. Uma só palavra ou o modo como a dizemos pode alterar tudo!

saltapocinhas disse...

é verdade, a entoação é importantíssima, assim como a maneira como se dizem as coisas...
Já alguma vês viste um bocadinho do "telejornal" dos norte coreanos?
que horror!

FJ disse...

Nem todos as"entendem" assim...fj

cereja disse...

No caso dos asiáticos, Saltapocinhas, é a expressão facial que não é a nossa. Da Coreia não sei (e como é que tu sabes, mulher?!) mas vi da China quando vivi em Macau.
Voltando à entoação, isso entende-se quando a língua que se fala não é a nossa. Tenho agora uma mulher a dias do leste, e por vezes fico um pouco chocada porque parece responder de um modo bruto, mas entendo que à o português falado de outro modo. Mas um português nascido cá devia aprender esses tons assim que é ensinado a falar...

Johnny disse...

De facto podemos dizer as mesmas coisas de maneiras diferentes. Estive agora mesmo a falar com uma pessoa que me disse exactamente isso. Podemos dizer uma mesma frase de quatro maneiras diferentes. :)