quinta-feira, 21 de março de 2013

A estranha leveza da felicidade

 ai quem ma dera na minha mão
 não passar nunca da mesma idade
 dos 25 do quarteirão»
...............
Pois é. Hoje, esta visão romântica de felicidade que nos deixou o António Nobre,  seria muito estranha. Quando me lembrei destes versos achei até, tenho de o dizer, um tanto reaccionária a poesia :) Esta simplicidade, salazarista antes de Salazar, era o ideal de felicidade? Mas afinal o que é isso da felicidade? Como é que se mede?
Estes pensamentos ocorrem-me porque ontem foi «o dia Mundial da Felicidade»  coisa que levantou alguma surpresa e comentários nas redes sociais. Felicidade? Parece que o tal  Direito, que faz parte da Constituição dos EUA, como direito é "à procura da Felicidade". E agora em Portugal até temos um índice de bem-estar que avalia se estamos felizes ou infelizes. [aposto que já sabemos a resposta]
Ora o que eu penso é que essa coisa da «felicidade» é muitíssimo subjectivo, depende do feitio de cada um, da capacidade de sentir como bom ou positivo aspectos da nossa vida. Por vezes coisas de uma enorme simplicidade. 
Por exemplo,  um fait divers pessoal:
Fui ontem  às compras "do mês", como costumo fazer no dia em que recebo. Faço isso porque sendo uma grande quantia posso mandar levar a casa sem mais custos e ao comprar tudo de uma vez evito algumas idas ao supermercado - de cada vez que lá vou trago mais alguma coisa.  Esta é uma  medida económica
Ora - e cá está como os olhos com que se olha podem fazer variar o 'sentimento de infelicidade ou felicidade' -  desde há uns meses que em vez de arrumar logo tudo nos sítios, passei a alinhar o conteúdo dos sacos pela bancada da cozinha. 
É uma brincadeira, é claro. Aquilo fica em exposição uma meia hora:  arroz, farinha, massa, açúcar, chá, café, conservas, azeite, manteiga, queijo, batatas, cebolas, leite, vinho, e ainda detergentes, sabonetes, champô, dentífrico, papel higiénico... e estou a sintetizar mas é uma grande batelada de produtos. E espalhado parece imenso! A verdadeira imagem da abundância. Uau!!!
É um truque, dizem-me vocês.
Pois é.  
Mas o sentimento não é pessoal e subjectivo? Durante aquela meia hora tempo sinto a abundância. A abundância hoje não existe, ou existe de forma muito diferente. A minha, que é pequenina, deixa-me consolada uma vez por mês com aquela imagem. Fácil.




Pé-de-Cereja 

 

5 comentários:

Joaninha disse...

Gosto imenso do título do post!
...........
A sério, cerejinha, eu venho cá porque aprecio o que escreves e o modo como escreves, e de vez em quando gosto-ainda-mais. Desta vez, se a imagem é engraçada (tens sempre umas imagens giras) o título é que está fantástico!

sem-nick disse...

Está bem visto!
Também estranho esta mania de quantificar tudo, e então a FELICIDADE é estranhíssimo. É um sentimento, não é? Cada um sente o que sente.

cereja disse...

Olá Joaninha, a minha companheira mais antiga nestas lides de blogs, que mesmo com tão pouca produção como tenho agora, ainda aparece por cá!!! E com uma opinião tão lisonjeira, fico derretida!
Um abraço apertado minha velha amiga1

Zorro disse...


Olááááá!!!
Mudei de pc e perdi muitos endereços entre os quais este. Tinha o do Pópulo mas não servia...
.............
OK, vejo que tens escrito um pouco a conta-gotas, mas não interessa vale mais gota a gota interessante do que uma inundação :)
Aqui está um post simpático e 'leve' com o bem achado título. De facto o que cada um sente como felicidade é bem íntimo! Nem vou dizer o que é a minha!
Um abraço Emiele.

cereja disse...

Acabei de conhecer uma página do fb sobre Felicidade, um pouco do estilo do «O Amor é...»
Está aqui:

https://www.facebook.com/felicidario365ideiasparamaioresde65

Muito giro,e completamente na linha daquilo que escrevi.