segunda-feira, 11 de junho de 2012

Género e gramática

O meu feminismo «tem coisas».
É sabido que o modo como falamos, as regras da língua, espelham o modo como se pensa. Normal. Ultimamente tem havido uma grande luta em anular a regra que indica que num agrupamento onde existam dois género o plural  é (era) masculino. E como não se podia reverter simplesmente referindo o género da maior quantidade, passou a ser politicamente correcto referir os dois: portugueses e portuguesas, professores e professoras, meninos e meninas, inventando-se para facilitar um novo artigo que englobe os dois - @.
Ora esse requinte faz-me sorrir um pouco, e só o utilizo se tem de ser. Nunca me chocou ao ouvir «todos os  alunos (ou padeiros, ou jogadores, ou doentes, ou músicos, ou...) sabem que...»  porque para mim aquilo significava todos,  fossem homens ou mulheres. Mas aceito. E será até um progresso, reconheço.
Mas...
Mas há uma maneira de falar que, até ao momento, não foi alterada e essa sim, irrita-me! (as tais «coisas» que eu tenho....)
Reparem que quando um casal sai junto, o homem leva a mulher.
Sempre.
Mas 'leva' como? Ao colo? Contra a sua vontade? Vejam a notícia (?) Primeiro-ministro levou a mulher ao teatro. Depois, no corpo da história está escrito que «Pedro Passos Coelho e Laura foram a o Teatro» que é o que se passou. Quando uma amiga me convida para ir ao cinema não penso que ela «me leva» ao cinema, ou qualquer situação que envolva duas pessoas adultas não ligadas por uma relação. Mesmo quando um adulto convida outro para jantar não se diz que «o leva a jantar» até mesmo no caso de ser ele a pagar a refeição. A expressão usada é apenas «convidou-o para jantar»
Porque o conceito de «levar», na minha perspectiva, indica uma visão protectora, superior. Nós «levamos» uma criança ao Jardim Zoológico, ou «levo» o meu cão a um passeio higiénico.
E este modo de pensar é geral. Note-se que uma mulher queixosa ou ciumenta,  lamenta-se «ele nunca me leva a jantar fora» e não diz, o que podia ser o mesmo mas não é: «nunca vamos jantar fora». Ou seja este é um modo de ver as coisas socialmente bem visto e aceite por todos.

Não por mim!!!







Pé-de-Cereja

7 comentários:

Joaninha disse...

OH! Nunca tinha pensado nisso, mas é verdade!

«Cá vamos, cantando e rindo
Levados, levados sim!»
Eles também nos levavam!!!!

cereja disse...

É verdade, sim, Joaninha!
Quem «leva» quem???? Boa, a lembrança do velho hino da Mocidade. :D

Zorro disse...

Eheheheheh!!!!
Assim é vos "levamos" onde queremos... Mas cerejinha só de deixa levar quem quer :) ;) ;)

Zorro disse...

(Fui antipático?)
Olha que para ser inteiramente sincero essa coisa do tod@s, ou portugueses e portuguesas, ou lá o que for pode ser correcto e até é, mas não há modo de me habituar :D

cereja disse...

Claro, Zorro, é mesmo verdade que só se deixa levar quem quer (acho que o disseste usando o outro sentido de 'deixar-se levar') :D
Mas eu não disse o contrário. Até chamei a atenção de que muitas mulheres pensam exactamente assim.
Eu é que não...

fj disse...

Bem visto fj

cereja disse...

Olá FJ!
Conciso, hein?
Mas simpático. :D