domingo, 2 de abril de 2017

Não são «todos iguais», não senhor

Creio que ter dito por aqui por diversas vezes quanto me irrita a generalização sistemática, e isso (deixem-me generalizar 😏) em todas as áreas. Concluir a partir vários casos, ou até da maioria dos casos, que «é-tudo-assim» é muito fácil e muito errado. Fale-se do que se falar. Isso só é verdade na ciência, no laboratório, e em ciências exactas. Mas pensar-se que certas profissões, certas nacionalidades, certas raças, são assim é um disparate. E, ainda por cima, se formos sinceros, o assim é quase sempre mau ou ridículo. (atenção estou a dizer quase sempre, não estou a generalizar 😊)
O facebook tem uma página chamada Os truques da imprensa portuguesa que faz um belo trabalho. Como o nome indica, eles explicam como é que certas não-notícias ganham credibilidade, e algumas descaradas mentiras podem passar por factos. Como na cantiga: Demagogia feita à maneira / é como queijo numa ratoeira ou seja, o 'queijo' do modo como se apresenta uma história atrai qualquer ratinho desprevenido, ...ou até supostamente prevenido.
Uma das profissões (?) carreiras (?) mais criticadas na actualidade - e não só - é a dos políticos. Parece-me que rivalizam com os árbitros de futebol, com o mesmo cheirinho de corrupção. É certo que infelizmente muitos, muitíssimos, se põem a jeito para essa suspeita, e não só em Portugal. E portanto abrem a porta à afirmação trocista acompanhada de um encolher de ombros - 'enriqueceu? não me admira, é político, são todos iguais, de uma ponta à outra, da esquerda à direita, ora, ora...' sem se reparar que quem perde é a democracia.
A última gracinha do Observador foi subtil e passaria à primeira.
Título: «Sampaio recebeu uma bolsa para financiar a sua biografia, mas ninguém revela valores». Inferência imediata, aliás confirmada pelos comentários* dos leitores - está a ganhar (mais!) dinheiro à custa do Estado. Pronto, são-todos-iguais!!!
Felizmente que «Os Truques» mostram o que está por detrás e desmontam a técnica usada para insinuar uma notícia falsa sem se ser responsabilizado. Não foi ele que recebeu a bolsa e os financiadores eram privados, não tinham de revelar os valores, etc.
É verdade. Mas o mal está feito e quem lê «os Truques» não são todas as pessoas que habitualmente leem o Observador e que já espalharam a suspeita.
Mas fica a questão: Se 'os políticos' por uma fatalidade estranha, se tornam forçosamente venais e corruptos por exercerem as suas funções, é uma lepra que os contagia de imediato, quem é melhor para fazer as leis, governar o país, tomar decisões?! O que se propõe para substituir «os políticos»?
Eu cá não sei.

Cereja

* “a promiscuidade desta gente não tem limites….” “mais um impoluto…” “mais uma chulice do lampadinha…” “vergonhoso!!! mas sem espanto!” “com cancros destes, como é que Portugal poderá ter a esperança de chegar a bom porto?” 



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