terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O que é demais...

É irresistível para quem tem a minha idade a comparação dos seus tempos de meninice ou adolescência com a actualidade. Até porque, sejamos francos, a vida na actualidade é bem melhor e mais fácil do que era então. Comunicamos com toda a gente (quase...) a qualquer momento, deslocamo-nos com enorme velocidade em comparação com o que era há meio século, e temos aparelhos que nos facilitam a vida de um modo extraordinário, e na área do trabalho doméstico já nem sabemos viver sem eles!
Quanto à educação também as diferenças são impressionantes. Não falo apenas nos currículos académicos completamente diferentes, os estudos 'clássicos' desapareceram quase e a vertente científica tem muito mais peso, mas toda a atitude pedagógica é outra, tal como na família a postura que pais e filhos utilizam no respeito pela hierarquia (?!) familiar. Mas, embora muito interessante, não são estas diferenças que hoje me levam escrever e sim a diferença enorme em relação ao desporto.
Todos nos recordamos decisão de Afonso da Maia, quanto à educação do neto Carlos - à inglesa, ele devia para além dos estudos académicos fazer ginástica, actividade física... Revolucionário, hein?!  E bastante mais tarde, no tempo dos meus pais, a prática da actividade física não fazia parte do curriculo escolar. Eu já a tinha, mas sem nota, não se dava grande importância. 
Actualmente é bem mais importante, e muitos pais para além do que os filhos fazem na escola arranjam-lhes diversas práticas desportivas. É correcto. 
Mas já tinha reparado, em séries americanas sobretudo, que esse estímulo pela actividade física está a tornar-se uma mania. Cá para mim, o que é demais, é demais... Veja-se esta verdadeira obsessão pelos desportos !
Calma! Com 9 anos jogarem okey até às 10 da noite?! Com 13 anos praticar todas as noites e aos fins de semana?! Não se pratica desporto por ser divertido, ou fazer bem, tem de se ser muito bom, ser o melhor, ser uma estrela... Só os atletas são bem sucedidos, a competição é enorme, a família usa todos os tempos livres para ir ver os filhos a competir. Falhar um jogo é um desgosto profundo, uma catástrofe.
Mas afinal isto passa-se na América, onde o bom ensino é privado, e as famílias começam a juntar dinheiro para os estudos dos filhos ainda eles são bebés. Ser bom atleta é conquistar uma bolsa e garantir os estudos. 
Poizé, afinal melhor ou pior é uma questão de dinheiro.


Cereja

2 comentários:

méri disse...

Sempre se disse, e é bem verdade - o que é demais é erro!
Nestes nossos tempos há demasiados exageros em relação a muitas coisas.
Estou novamente em casa depois de mais de uma semana "daquelas"! Boa por juntarmos toda a família mas dar de comer e dormir a trinta cabeças começa a ser complicado para os/as séniores. Apesar de tudo acaba por ser um cansaço bom :)

Olha tem um bom ano (vai com minúsculas para não pedir muito...) a ver se isto começa a melhorar, por um bocado que seja! Não tive tempo nem para ler as gordas nos jornais e agora, por aqui, tenho o meu filho com a mulher e duas filhas, uma ainda a dar más noites - 6 meses - até ao dia 2. Acho que na noite de 2 tomo um comprimido para ver se durmo 12 horas seguidas. Um xi-coração grande, confiemos que o ano novo nos trará melhores dias para todos nós.

cereja disse...

Querida Méri, deixei aqui o blog ao abandono, e só agora vi esta tua entrada.
Eu sei que sentimos parecido em muitas coisas e eu não resisto a 'recordar' como era o mundo no meu (nosso) tempo. É que há miudos de hoje que não conseguem imaginar algimas coisas!!!
..........
Uma família grande como a tua é uma alegria mas deve dar algum trabalho e bastante confusão :). Esta é a noite em que esperas dormir 12 horas :))) Oxalá!
Beijinhos, e desejos de um
ano bem melhor do que estes mais recentes. Tem-de-ser! Eu, desta vez, tenho esperança. Talvez as presidênciais ainda não sejam como eu gostava, mas depois do Cavaco tudo parece melhor..