terça-feira, 11 de agosto de 2015

Chover no molhado

Li há dias uma interessante entrevista que proponho que leiam de uma ponta à outra! Possivelmente, considero interessante por o autor repetir aquilo que penso e digo há imenso tempo: o excesso de cautela e protecção que grande parte (a maioria?) dos pais de hoje mostram na educação dos filhos tem o efeito oposto àquilo que se pretende, torna-os mais vulneráveis! Há um mês e tal voltei a falar no assunto aqui no Cerejas, a propósito de uma cena real a que tinha assistido. O entrevistado, que trabalha quase há meio século com crianças diz, com graça, que «aumentou de facto esta taxa de sedentarismo, eu diria mesmo de analfabetismo motor, estamos a falar de iliteracia motora» e continua dizendo que se quer controlar a energia das crianças mas «numa grande parte dos casos essa energia é natural, mas é considerada hoje como doença ou inapropriada. É inaceitável que 220 mil crianças estejam medicadas em Portugal.»  Apoiadíssimo!
Por outro lado vemos que os mesmos meninos «que com 3 anos ao fim de dez minutos de brincadeira livre dizem que estão cansadas, [...] de 5 e 6 anos que não sabem saltar ao pé-coxinho [...] com 7 anos que não sabem saltar à corda, ou [...] 8 anos que não sabem atar os sapatos» como ele refere, são também os que estão sempre ligados a um ecrã ! Mesmo nas férias, preferem a ligação virtual ao mundo real que os rodeia.
Isto alarma-me.
Eu sei que isto é o século vinte e um. Quando era pequenina falar-se na vida depois de 2.000 era ir para o mundo da ficção científica. Li muitos romances nessa área com transmissão de pensamento, viagens instantâneas, comida em pílulas, passeios a outros sistemas solares... Crianças de músculos atrofiados ligadas a máquinas de comunicação também devia haver. Mas é triste. 
E estamos a tempo de inverter a marcha.

Afinal é sobretudo ter consciência de que o que se pensa estar a fazer para bem dos nossos filhos, é muito pelo contrário, prejudicá-los gravemente.
Stop!




Cereja




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