No Público podemos ler
Depressão leva mulher a atirar-se ao rio com o filho ao colo. Claro que quem ainda o não soubesse, coisa difícil porque foi repetido várias vezes na rádio, tv, jornais, redes sociais, ficaria muito impressionado e chocado. Contudo o facto de a primeira palavra do título da notícia ser «depressão» orienta para um não-julgamento antecipado do acto. Aliás podemos ler parte de uma entrevista que procura entender o que pode levar a uma acção tão horrorosa - “A mãe não quer matar o filho, quer salvá-lo da dificuldade que é viver” diz uma psicóloga especialista, que nos explica que o que a mãe deseja é evitar que o filho sofra. É uma grande perturbação sem dúvida, um sofrimento inimaginável. Explica só, não faz juizos de valor.
Depressão leva mulher a atirar-se ao rio com o filho ao colo. Claro que quem ainda o não soubesse, coisa difícil porque foi repetido várias vezes na rádio, tv, jornais, redes sociais, ficaria muito impressionado e chocado. Contudo o facto de a primeira palavra do título da notícia ser «depressão» orienta para um não-julgamento antecipado do acto. Aliás podemos ler parte de uma entrevista que procura entender o que pode levar a uma acção tão horrorosa - “A mãe não quer matar o filho, quer salvá-lo da dificuldade que é viver” diz uma psicóloga especialista, que nos explica que o que a mãe deseja é evitar que o filho sofra. É uma grande perturbação sem dúvida, um sofrimento inimaginável. Explica só, não faz juizos de valor.
E podemos ler por outro lado Mãe atira filho para a morte, no Correio da Manhã ocupando com isto quase metade da 1ª página. Note-se que outros jornais disseram quase o mesmo, mas sublinho quase porque a diferença é importante. Disse o Notícias ao Minuto «Mais uma mãe que se atira para o rio com o filho» ou o Expresso «Mulher atirou-se ao rio com o filho de 6 anos» É apenas uma partícula, um 'se' reflexo, mas que faz toda a diferença. A diferença entre um suicídio falhado juntamente com um filho - a pouca sorte de o salvador não ter salvo primeiro a criança... - e um frio homicídio que a frase «atira para a morte» implica.
Os momentos em que um pai ou uma mãe decidem abandonar esta vida com os filhos são de um sofrimento que nem consigo conceber. Há tempos um idiota, que parece que é psicólogo, ( e já foi punido pela Ordem dos Psicólogos pelos disparates que diz) chamado Quintino Aires comentador habitual na tv (!?!) criticou uma desgraçada que se atirou de uma janela com um filho com uma grande deficiência. Como se pode falar de uma coisa que está para além da dor que conhecemos?
Estes títulos à moda do Correio da Manhã dão-me volta ao estômago. Não há um Conselho de Ética nos jornalistas...?
Cereja
2 comentários:
Costumava haver um Conselho de Ética. Mas era para jornalistas. Seguramente as parangonas do CM não entram no rol.
Deve ser isso Hipatia...
Mas mesmo os outros jornais! Recordo já há uns anos a Diana Andringa me ter dito que fazia parte do Código Deontológico não entrevistar uma pessoa debaixo de uma forte emoção. O que se vê é o rigoroso oposto, são as pessoas muito emocionadas que mais «vendem» !!!!!
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