Uma antiga poesia que aprendi em criança, história imaginada por La Fontaine mas adaptada a português, lembro-me de que começava
«O mundo ralha de tudo / tenha ou não tenha razão / vou contar-vos uma história
/ em prova desta asserção» (a memória de criança é óptima...) e depois contava
de como um avô, o neto e um burro, foram sempre criticados fosse como fosse o
modo como usavam ou não o burro...
Continua actualíssima!
Encontrei por acaso o boneco, que recorda que cento e
muitos anos depois, monte-se o burro, vá-se a pé, ou leve-se ao colo, há sempre
alguém para considerar que é um erro.
É cansativo.
É irritante.
E numa era onde muita gente participa em redes sociais,
mesmo quando não se está muito dependente delas, essa crítica constante e
permanente, ainda é pior. Se o grupo que nos lê é grande (felizmente não é o
meu caso, que sou muito prudente e um tanto selectiva a quem abro a porta) é
vulgar «desamigarem-se» pessoas por choque frontal de opiniões. Mas se faz todo
o sentido receber críticas de gente religiosa se se é ateu, ou de activistas de
direita se nos mostramos de esquerda, já é inesperado algumas críticas
violentas muitas vezes, de quem em teoria está perto das nossas ideias.
Falo das redes sociais porque é um símbolo que todos
conhecemos, mas claro que isso se vê por todo o lado, quando há um agrupamento
de pessoas a conversar e se deu um acontecimento recente com algum impacto. Uns
criticam por uma coisa, outros por outra, outros por outra. No campo da
política isso então é um fogo de artifício...! O facto de pela primeira vez a
Esquerda em Portugal ter conseguido unir-se em pontos básicos, se foi criticado
pela Direita ela estava no seu papel, mas tanta crítica vinda da própria
esquerda é cansativo. Claro que se queria mais. É poucochinho? Pois é. Mas não
se diz que um grande caminho começa por um pequeno passo?! Eu posso desejar
viajar num super-rápido TGV mas não vou ficar à espera que se construa a linha,
vou mas é a pé por agora.
Cereja
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