... ou "a parvoíce dos estereótipos"!
Na minha infância não era moda ser-se magro.
De modo nenhum, pelo contrário! A verdade é que a tuberculose era ainda um flagelo, mal comparado era quase a sida desses anos. Era doença contagiosa, muito mortal, e que quase exigia que os seus doentes fossem afastados da sociedade, fossem para sanatórios onde não contagiassem ninguém. E, o modelo do tuberculoso era alguém magro, até muito magro, portanto esse aspecto não era atractivo. Claro que também não seria atractivo quem fosse claramente gordo, portanto o 'modelo' era ter um volume (?) médio. No meio está a virtude...
Quanto às mulheres, o que era sexy era a «ampulheta», cintura fininha, o mais fininha possível, e peito e anca mais volumosos - se possível com a mesma medida, mas sem excessos. Curvas sim, bastantes curvas tal como a Brigitte Bardot ou a Marylin Monroe. Depois os tempos mudaram muito, o modelo passou a ser a Twiggy, quase andrógina para além de super magra. Essa moda também passou (felizmente!) mas desde aí que o ideal de magreza ficou. Sem aquele exagero, mas... Nunca se falou tanto na forma física, dietas, exercícios, olha-se para o prato avaliando quantas calorias lá estão sendo isso mais importante do que a sua aparência ou se cheira bem. Uma ditadura. E, quanto ao corpo feminino, o modelo já não é a ampulheta: são seios grandes que podem ser moldados por cirurgia plástica, e um rabo firme não já a anca como nesses tempo antigos onde até parecia feio falar-se em rabos. As voltas que o mundo dá....!
Lembrei-me disto por ter lido em sucessão duas notícias tipo fait-divers. Por um lado a referência a uma senhora, que por acaso até é Ministra da Saúde e que é gorda. OK, diz a notícia que aquela obesidade é por doença, e deve ser porque é grande, mas é fantástico isso ser notícia! Essa agora?! A outra história, também interessante, é sobre uma actriz que desfilou em fato de banho e não estava tão elegante como os padrões exigiam e sofreu uma série de críticas e enxovalhos. Exactamente.
Agora para se ser bonito é indispensável ser-se magro. A expressão antiga de «pau de virar tripas» deixou de fazer sentido, nem se se tem pena de quem esteja magro. A gordura não é de todo formosura, até provoca um trejeito enjoado a quem fala, a magrura é que o passou a ser.
Tempos.
E estereótipos.
Cereja
2 comentários:
O que é de estranhar é que seja da beleza da mulher que, quase sempre, se fala: cinturinha, mamas, rabo. Que sobre ela caia sempre esta responsabilidade. Criticam-se estereótipos, mas não é sempre do mesmo preconceito que se está cativo?
Apoiado, caro comentador.
É mesmo isso. Podem mudar os estereótipos mas o preconceito está lá. Porque é que se tem de ser bonito??! Tem assim tanta importância?
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