quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Dia da Poupança

Parece que é esta sexta, dia 31, o tal Dia da Poupança. E mais uma vez leio por aí vários e generosos conselhos que me ensinam a poupar. 
Começa pelas lojas, tendo à cabeça os hipers, supers, esses grandes mercados que alegremente insistem que devemos 'poupar' comprando.... muito. Explicam: se comprar 10 objectos vai ganhar imenso porque tem um desconto de metade do preço, 5 saem-lhe de graça! Uau! Mas, deixa cá pensar... só preciso de 2. Vou levar 8 a mais para quê? Porque assim poupo dinheiro, explicam-me. Não acho nada. Eles, sim, ganham mais porque vendem mais e ainda escoam os produtos. Aliás se vendem por metade, mesmo que esse fosse o preço que lhes custava, significa que o lucro habitual era impressionante... Mas a cenoura-na-ponta-do-pau é que o consumidor poupa muito. Nunca apreciei isso, que me deixa a dispensa cheia de coisas que vou levar um tempão a gastar. Mas adiante.
Depois aparecem os conselhos que já enjoam: desligue as luzes, tome duche, use metade do autoclismo, aproveite os restos, use transporte público, faça listas de compras. Banalidades, coisas que nem no tempo das vacas muito gordas eu deixei de fazer, e é uma surpresa que seja aparentemente novidade para quem dá esse tipo de conselhos. Claro que há outros mais actuais, que vão penalizar a restauração - não tomar café na rua, levar o almoço para o trabalho, tomar o pequeno-almoço antes de sair de casa - e aí pode-se poupar alguma coisa, mas não servem para mim que já o fazia.
O que me faz reflectir é como se nota tanto nesta questão de que tipo de economias se fazem, as faixas sócio-económicas. O viver abaixo, muito, muito abaixo dos hábitos de há 20 anos, para algumas pessoas que conheço é viver muito, mesmo muito acima dos meus actuais hábitos, assim como sei que algo que me parece a mim mesquinho de fazer, será normal para quem vive com muito menos do que eu...
Poupar? São tão simpáticos os Continentes e Pingos Doces a ajudar-nos, enquanto o Soares dos Santos e o Belmiro de Azevedo vão recheando o seu porquinho enquanto o nosso está no regime do cavalo do inglês. Até quando?



Cereja

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