terça-feira, 8 de abril de 2014

... e os rios nascem no mar.



 «São os loucos de Lisboa / Que nos fazem duvidar. / Que a Terra gira ao contrário / E os rios nascem no mar.» Canção da Ala dos Namorados. 
Como fazer para que alguns rios nasçam no mar?

Ontem deixei um apontamento no facebook, mas fiquei a sentir que as poucas linhas que me dá jeito escrever lá, não eram suficientes para o que estava a pensar, pedia o espaço mais amplo do blog. E é isto:
Há um sítio lá no face, chamado «Regressar às Origens» que colecciona uma série de fotos lindíssimas, de vários aspectos de Portugal. Tem muitas de grandes cidades, mas tem sobretudo umas, fabulosas, de aldeias: casas, recantos, praças, janelas, pátios, ruas. Com certeza que alguns daqueles efeitos são produto de photoshop, só pode ser. Mas isso não interessa, a verdade é que encontramos ali, com mais ou menos retoque, sítios onde muitos de nós adoraríamos viver.
Falo por mim. Citadina, nada e criada na capital de que aliás gosto muito, quando visito uma dessas terras do Portugal profundo, ou vejo na net aquelas imagens fantásticas, retocadas ou não, imagino que bom seria viver ali, que "qualidade de vida" se imagina, e até me ocorre *suspiro* "se fosse mais nova..."
Bem, lá no meu facebook, junto de uma foto belíssima deixei a minha opinião: 
«Algumas das fotos no "Regresso às Origens" são de tal modo lindas, que só se pode perguntar, como é possível que o interior esteja a desertificar??? Apetecia ir a correr para lá.  ............ A reflexão amarga é que nem só de beleza vive o homem.»
Porque essa é a dura verdade. Nem-só-de-pão... isso parece que diz a Bíblia, mas lá sem pão é que também não se vive! E, durante muito tempo, estas terras lindíssimas foram sendo esvaziadas, porque tudo o que podia dar conforto estava nos grandes centros e era para lá que todos iam.
Recordo de em criança ir passar férias a uma aldeia, que era quase auto-suficiente! Para o essencial, comer e vestir, havia lá tudo, tinha uma escola até à 4ª classe, e até um excelente médico residente. Era uma terra bem animada, com bandos de crianças com quem eu brincava e adultos de todas as idades. Ouvi dizer há dias que está agora quase deserta.
E a verdade é que essa visão idílica de voltar para esses lindos locais, choca-se com a necessidade que todos sentimos de um apoio técnico porque a nossa vida depende da tecnologia, de escolas, de um apoio de saúde. Porque, por mais linda que seja a paisagem não chega.
Como fazer para inverter o curso dos rios? Como conseguir que corram de novo para o interior?
Eu não sei.







Cereja




5 comentários:

Anónimo disse...

Dizes que é uma imagem idílica, e deixa acrescentar, também irreal. O conforto actual sabe muito bem, e é difícil viver sem ele. Mas, tens razão numa coisa - essa desertificação é uma bola de neve sempre a aumentar: quanto menos gente lá vive menos se justifica haver estruturas de apoio e quanto menos estruturas há menos gente para lá vai.

cereja disse...

Cheio de razão, caro "anónimo" :D
E como se desfaz a bola de neve?
!!!!
Esse é que é o busílis.

saltapocinhas disse...

eu também não sei!
e é uma situação que se justifica cada vez menos, porque agora, com os computadores, há imensos trabalhos que se podem fazer à distância...
infelizmente há escolas sempre a fechar e, sempre que uma escola fecha é uma aldeia que fica moribunda... :(
(a minha ex-escola já fechou e as pessoas que vivem nas redondezas dizem que é uma tristeza a ladeia sem a escola)

cereja disse...

E viaja-se muito mais depressa!!! Mesmo com estradas más, viajamos num décimo do tempo do que era na minha infância. Para ir à aldeia de que falo, era no Baixo-Alentejo e eu levava quase um dia a chegar lá, partindo de Lisboa.
Acho que vou mas é escrever outro post a contar isso...
E tens toda a razão, com a informatização e a net, até se pode fazer imensa coisa a partir de casa e aproveitar aquele ar puro e o fugindo à poluição sonora...

snowgaze disse...

Um dos problemas é falta de emprego. A não ser que se queira trabalhar na agricultura, que é coisa que pouca gente quer fazer, é trabalho duro e mal pago. Outro é a crise - por haver pouco dinheiro, há poucas crianças, fecham escolas, não há desenvolvimento. E outro, é a segurança - quem é que quer ir viver para um sítio onde o serviço de urgência mais próximo fica a uma hora de ambulância ou mais?