quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O tempo e as modas



Li ontem uma notícia engraçada:
As mulheres residentes em Paris já podem usar calças mesmo sem ser para andar de bicicleta ou a cavalo esclarece o ministério dos Direitos da Mulher francês, afirmando que uma lei do século XIX que o proibia já não tem valor jurídico” porque até agora “qualquer mulher que queira vestir-se como um homem deve apresentar-se perante uma unidade policial para obter uma autorização."
 
Pois claro!!! Há quem esteja esquecido que até há pouco ainda vigorava em França o Código Napoleónico que olhava para as mulheres como animais domésticos, mais ou menos…

E esta coisa das calças caiu mesmo em cima de uma reflexão que estava na altura a fazer. É que, de vez em quando, dá-me para olhar para trás, para o tempo em que…
Eu gostava, e ainda hoje acho alguma graça, à chamada science fiction e imaginar como será o mundo, como será a sociedade, como serão os costumes, daqui a uns tempos. Um exercício de fantasia e imaginação. E um dos aspectos mais pacíficos, é imaginar o vestuário. Como serão os fatos que se vão usar daqui daqui a X anos? E é um jogo interessante, porque a roupa que se veste hoje era inconcebível na minha adolescência. Comprar-se uma peça já com aspecto de velha?! Umas calças desbotadas ou manchadas? Ou até… rotas?! De pro-pó-si-to? Vestir algo de manga curta por cima de manga comprida? Cores que não condigam? Dois padrões diferentes na mesma toilette? Enfim, os erros de vestuário no que seria a visão da minha avó e deviam deixá-la horrorizada.
Mas a grande revolução são as calças!  As calças, senhores, as calças!
Os homens usam calças, as mulheres usam saias. Ponto final. Havia casos, a Marlene Dietrich. Ok, está bem. E as estrangeiras podiam usar calças, já se sabe, mas eram estrangeiras gente um tanto amalucada. Bem, eu que quando era nova era também um tanto amalucada, até me atrevi a andar de calças em Lisboa, apesar de jamais poder entrar na faculdade nesse atavio, que seria uma grande falta de respeito! Mas arrisquei-me a passar pelo Saldanha e ouvi várias gracinhas... em francês porque lá achariam que portuguesa é que eu não era. Muito me ri!
Ora no dia em que reparei nesta notícia, por coincidência tinha-me lembrado desses tempos e tinha-me dado para me pôr a contar (podia ter-me dado para pior!) as mulheres que encontrei na rua a usarem saias. Imaginei os olhos arregalados da minha avó, porque imagine-se que senhoras de idade, nem uma eu vi! As mulheres que encontrei - desde velhinhas bem velhinhas usando calças discretas, a jovens com calças coladas às pernas tipo Leggings, além da uma esmagadora percentagem de jean’s (que não existiam na minha adolescência) - 99% das mulheres com quem me cruzei vestiam calças.  A saia é agora 'especial': vi uma jovem de super-mini saia, 50 pares de calças depois reparei noutra de maxi a arrastar e, eventualmente, apareceu uma senhora aperaltada num saia-e-casaco para uma ocasião especial…
É certo.
A saia passou à história que a roupa agora é unisexo.
E isso era inimaginável nos anos 50, olaré!






Pé-de-Cereja




2 comentários:

Joaninha disse...

Gira, esta lembrança!!!
Só tu, pores-te a contar os pares de calças (ou saias...) que vais encontrando!
O vestuário é das coisas que mais indicações nos dá sobre o modo de pensar da sociedade em que se vive. E acho bastante graça reparar como hoje em dia é muitíssimo mais abrangente do que no tempo da nossa juventude. Hoje podemos vestir seja o que for sem chamar a atenção. E a roupa do dia a dia é completamente unisexo, coisa que era impensável nos anos 50 ou até 60. Interessante.

cereja disse...

Tens toda, toda a razão! Claro que hoje continua a haver moda e a obedecer-se a ela mas não tão rigorosa. Quando era adolescente a saia de um ano para outro usava-se ou pelo joelho, ou pela barriga da perna, ou logo acima do joelho e de um ano para outro era ver toda a gente a subir ou descer a bainha da saia ehehehehe!!!!
...............
E uma amiga do facebook veio lembrar-me que rapariga que vestisse calças tinha a entrada barrada na faculdade. estava um contínuo à porta que não a deixava entrar. Nem a rapaz sem gravata!!!