sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Luxos asiáticos!

Por vezes imagino que não ando a ouvir ou a ver bem.
Sabe-se que há gente descontente, de estranhar seria que isso não acontecesse. Muita gente, mesmo. A maioria, acredito. E que cada um tem os seus padrões - de consumos, ordenados, necessidades, gastos, e quem os ultrapassa é "diferente".  Isso é normal.
Mas faz-me muita impressão o azedume que sinto de quem ataca sistemática e desvairamente tudo o que não é da mais absoluta e franciscana frugalidade. Aparecem-me frequentemente fws por email, ou opiniões no facebook, criticando reformas que dizem de luxo (com exemplos duvidosos de países que as não têm) mas que correspondem ao que há pouco ainda era o normal numa classe média, censurando quem tem um melhor subsistema de saúde, acusando algumas profissões de terem 'regalias' que foram negociadas no contrato de trabalho muitas vezes em troca de menos salário.
Os "outros" são uns lords, uns aproveitadores, uns preguiçosos, e são os seus luxos sumptuosos que levam à miséria estes críticos.
Desta vez, saltitando de comentário em comentário e de blog em blog, encontrei num este post:

Há crise???
Local: Pingo Doce
Hora: 10:00
Todas as mesas do bar ocupadas; toda a gente a tomar o piqueno almoço.
Olhei em volta: a crise não tava a passar por ali...

Li bem afinal, porque isto foi copy-past.
Note-se que eu faço parte daqueles que sempre toma o pequeno-almoço em casa. Gosto mais. Estou mais sossegada, é mais rápido e é mais barato. Muitas vantagens. E há anos que brinco com isso, por não entender o gosto de o tomar na rua. Mas considerar-se que afinal não há crise económica por ainda haver gente que ocupe meia dúzia de mesas no... Pingo Doce?! Nesse lugar sofisticado, elegante e caríssimo que é o balcão do Pingo Doce? Ena, ena... onde é que isto vai parar, qualquer dia querem manteiga na torrada e galão com café de máquina talvez.
A mesquinhice desta crítica deixa-me de boca aberta.
Não há crise porque às 10 da manhã as mesas do bar do Pingo Doce estão ocupadas por pessoas presumivelmente a comer o que pode ser um pequeno almoço?!!!
 E mais nada!



Cereja-com-pé  




8 comentários:

saltapocinhas disse...

é... trata-se do "não é para mim, não deve ser para ninguém".
deve ser por isso que dizem que somos invejosos, sei lá...

FJ disse...

Faz me também impressão a mania de nivelar por baixo e não por cima... fj

cereja disse...

É 'nivelar por baixo' no seu grau mais primitivo, Fj.Neste caso até me deu vontade de rir pela saloiíce "ena, ena, pequeno almoço no pingo doce!" mas como disse a saltapocinhas, ter-se inveja da adse, ou uma reforma de pouco mais de 3 salários mínimos, é de uma tacanhês....

cereja disse...

Querida saltapocinhas, é uma inveja (??? será?) mesmo muito mesquinha. Há um azedume, uma má vontade, que me choca. Como disse ali o FJ podia muito bem tentar-se nivelar por cima. Há quem ganhe bem? OK, também quero ganhar bem!
Por exemplo, nunca fui contra os impostos (não estes, claro, que isto é um despropósito) desde que servissem para financiar um estado social como deve ser. O modelo nórdico agrada-me imenso, ali só embirro com o clima... Nesse caso podem levar-me metade para os impostos, quero lá saber.

Johnny disse...

Não é por aqui que se vê que há crise ou não! Parece-me muito mesquinho... Também sou do grupo dos que gostam de tomar o pequeno-almoço em casa. Exactamente pelos mesmos motivos que disse o pé-de-cereja. :)

José Palmeiro disse...

Que bom, hoje comi "cerejas" ao pequeno-almoço!!!
Acontece que, por aqui, é uma hora a menos e eu também tomo a dita refeição em casa, depois de ir dar de comer à minha comunidade de gatos e, se algum falha, lá fico eu todo preocupado porque, certamente, foi tomá-lo fora!!!
Já todos disseram tudo deste a autora à "Raposinha", passando pelo Fj, amigos que saúdo com saudade, por isso resta-me dizer que, como a autora que, dum brinco de cerejas faz um coração, a crise não se vê mas subentende-se quando aquele presumível "piqueno-almoço" é, na verdade, o seu almoço pequeno!!!
Agora vamos preparar-nos para mais uma jornada de luta!!!

cereja disse...

Obrigada pela visita, Zé Palmeiro. Esta história da crítica ao pequeno almoço (como disseste, sabe-se lá se não é o almoço...) tomado num local daqueles como exemplo de que as pessoas não se ralam com a crise, foi também para eu aproveitar a censura que bastantes pessoas fazem - no esquema de trabalhadores contra trabalhadores - a 'regalias' sem a menor importância. Pode ser inveja como disse a 'Raposinha' mas até isso é uma inveja mesquinha... :)

Joaninha disse...

Claro!
Sabes que também me acontece ler qualquer coisa e estar a concordar imenso até ver que estão a englobar por exemplo reformas que dão à justa para manter uma vida com conforto e alguma cultura mas sem nada de especial. E os SAMS ou algumas empresas e alguns sindicatos que tem um seguro de saúde melhor, não é nada do outro mundo. Por vezes corta-se a eito como um buldozer sem analisar coisa nenhuma. Apoiado!!! (apoiado o que disseste :D )