domingo, 31 de julho de 2016

A metade da humanidade


Quem nasceu e vive no Primeiro Mundo tem tendência a sentir como exagerada ou pelo menos relactivizar a luta pela igualdade de género. Reconhecemos que os direitos de oportunidades não são ainda iguais entre homens e mulheres, que os salários nem sempre são iguais, que a sociedade tem exigências diferentes conforme o género, mas como se conhece o caminho percorrido desde as primeiras sufragistas até à actualidade essa luta parece já quase vencida.
Mas há o Primeiro Mundo e ... os outros Mundos! Basta imaginarmos que tínhamos nascido num país onde a Charia é a Lei, para sentirmos um arrepio. Que pesadelo. Aliás ser-se mulher em muitos países do oriente também não é destino fácil.
Mas o horror pior passa-se em África. Desde logo a tortura horrorosa da excisão praticada ainda hoje em África ou na Ásia. Uma tortura inacreditável a meninas indefesas com a finalidade perversa de evitar que ao crescer possam ter prazer sexual... Só isso.
Mas há mais. 
Li ontem uma outra história de arrepiar,  de horror. Há homens que têm um trabalho com que nem o marquês de Sade sonhou: é um violador pago! E parece que vive bem. Pagam-lhe para violar meninas virgens, depois de terem a primeira menstruação. É para ficarem «limpas». A reportagem da BBC refere: «As crianças que passam por este ritual são, muitas vezes levadas pelos pais. [...] o violador recebe entre 3 a 6 euros por cada limpeza» Ele diz que de início fazia de forma voluntária, mas que agora ganha assim a vida, e até escolhe as que quer deixando as outras para outros...
É cultural?! Como é possível encarar-se metade da população de uma tribo, imaginando que isto se passa apenas numa tribo do Malawi, desta forma? Se é mulher é suja e tem de ser «limpa»? E a limpeza é assim?
Daqui até se chegar à igualdade o caminho é tão longo que parece vivermos noutro planeta. 


Cereja


sexta-feira, 29 de julho de 2016

O passarinho e o gnr


Uma história de aldeia:

Quem vive em cidades tem muitas vezes a ideia muito romântica das relações numa aldeia como simples, sadias, muito afectuosas. Como na canção na minha aldeia lembram-se? Bem, claro que quando vemos pelos olhos da Miss Maple a coisa já fica diferente... Bom, mas adiante.
A aldeia onde estou neste momento, é pequena e muito antiga. Realmente os habitantes ´todos são primos e primas' como na canção que deixei ali em cima, e se muitos são amigos também quer dizer que há para aí rancores originados em partilhas que vêm de longe. Mas não é disso que venho falar...
As casas no centro (como se aquilo tivesse centro e periferia...) estão encostadinhas umas às outras, quase encaracoladas umas por cima das outras. O que significa que a intimidade não é grande, claro.
Ora, eu não assisti à cena mas isto foi-me contado por uma senhora muito idosa - e quando digo idosa quero falar em 90 anos - que vive numa casa apertadinha entre as outras:
Certa manhã, estaciona no largo um jipe com dois GNRs. Vão até à porta dela e um deles sobe à casa do seu vizinho e volta a sair trazendo uma gaiola com um passarinho. O outro, um tanto risonho e bem educado, quis saber «A senhora vive aqui, o pássaro incomoda-a?» e ela pasmada «Nããão! Mas que ideia!» e pronto, arranca o cortejo, a 'autoridade' levando a gaiola com o passarinho, o dono do passarinho tropeçando atrás dele muito nervoso e triste, e o último gnr fechando a marcha. Foram-se.
Contou-me a tal senhora velhinha que o passarinho tinha sido recolhido ferido há uns tempos por aquele vizinho, que o tratou e o bicho agradecido (?) cantava muito bem. Mas, lá por coisas, a vizinha do lado embirrou e foi fazer queixa à Guarda de que o passarinho a incomodava porque cantava às 6 da manhã. Antipática! Por um lado, 6 da manhã para uma aldeã não é nada de extraordinário, por outro toda a gente sabe que se taparem a gaiola com um pano, os palermitas julgam que ainda não nasceu o sol, e continuam a dormir. Não havia necessidade, a não ser implicar com o vizinho...
E agora, tárátátá!!!, para rematar a história entram as-novas-tecnologias. No dia seguinte a este drama, a minha velhinha recebe uma chamada no seu telemóvel da autora da queixa que mora encostadinha à casa dela, e a descompõe violentamente por ela ter dito que o pássaro não a incomodava. Da ca-sa-ao-la-do-por-te-le-mó-vel, viram bem?! Oh céus!
Esta aldeia não tem nada a ver com a da cantiga :)))

Cereja

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Sossego.....

De férias há cerca de uma semana, deixei aqui o pobre Cerejinhas de pousio. Completamente. Diria quase que me esqueci dele, mas não digo para não o melindrar. A verdade é que, como escrevi há pouco tempo, há uma luta(zinha) entre o Facebook e o blog, e quando me dá a preguiça escrevo aqui muito menos porque exige um nadinha mais de esforço... Prontos! Agora acabou esse período e volto ao meu primeiro amor.
Estou completamente «posta em sossego» como a linda Inês, o que para mim é a definição de férias. Sempre gostei de verdadeiro descanso nas férias, e por verdadeiro descanso entendo não apenas não ter obrigações, como não ter planos, e não fazer nenhum esforço. Férias agitadas não é comigo. Reboliço não é comigo. Poderei ir a uma festa se insistirem um bocado, mas é tudo! Boas noites de sono no silêncio do campo, boa alimentação, uns passeios sossegados como exercício físico e pronto. Mas até essa do exercício é com conta, peso e medida, está bem?
Férias é estar sossegada.
Umas músicas, uns filmezitos na tv, e sobretudo a leitura é do que preciso para carregar baterias. Assim é que me vejo nas férias:



E para acabar, inspirada na foto (não sou eu, mas bem gostaria!) relembrei  uma 'redacção' que escrevi como trabalho de casa, teria uns 12 / 13 anos, e encontrei há dias entre papeis dos meus pais. O tema proposto era «as minhas férias» e eu dizia que tinha tido umas férias fantásticas, tinha viajado imenso. Tinha estado na China, na Inglaterra, na Índia, no Brasil...! Depois de algum suspense, explicava que tinha lido «Vento do Oriente, vento do Ocidente» de Pearl Buck, «Oliver Twist» de Dickens, «A casa e o mundo» de Rabindranath Tagore, «O Meu Pé de Laranja Lima» de José Mauro de Vasconcelos. Bem, hoje sei que não é a mesma coisa, mas ajuda muito....


Cereja








quinta-feira, 14 de julho de 2016

Senhores políticos, cuidado com as redes sociais


Não é a primeira vez.

De vez em quando rebenta um «escandalozinho» quando um fait-divers qualquer começar a ser divulgado pelas redes sociais.
É que os políticos ainda não se habituaram. 
Muitos dos políticos mais conhecidos rondarão os 50 anos ou mais. Ora o twitter tem 10 anos e o facebook 12. O que quer dizer que eles foram criados a prestar atenção à imprensa, à tv, à rádio. Os seus gabinetes de imprensa podem gerir controlar as informações a divulgar, mas não se controla uma rede social, e creio que muitas vezes há figuras públicas das mais antigas que não sabem lidar com este fenómeno.
Tenho-me rido com a história do cabeleireiro do Hollande! Ele merece mesmo a chacota, vejam só:



É que saber-se isto é uma má propaganda para o dito cabeleireiro, porque o resultado do seu trabalho é «aquilo» ahahahahah!!! Aqueles poucos cabelinhos cuidadosamente alinhados, precisam de cuidados diários de um especialista (mais ahahahaha!!!)

...................
Justifica que exista já a hashtag  #CoiffeurGate que, evidentemente é hilariante. 





Claro que para se parar de rir devemos recordar que o senhor Hollande não paga a este «acessor de imagem» do seu bolso e sim dos cofres públicos. E isto num país que anda a ferro e fogo por causa das leis laborais. Já decorre esta luta há meses e continua, a coisa até está muito feia.

Mas parece haver ainda dinheiro para tapar a careca ao senhor presidente.


Até meteria dó, se...

Cereja

terça-feira, 12 de julho de 2016

Gostava de ter escrito isto...

A minha amiga Isabel, é a pessoa que eu conheço que melhor escreve no estilo coloquial. Sempre admirei a sua escrita. Fomos 'colegas de blog' há muitos anos, muitos. Depois eu continuei a gostar de blogs, mas ela é mais facebook. E eu percebo, porque encaixa muito bem no modo como escreve. Hoje li dela um texto magnífico
Não resisti e venho transcrevê-lo aqui (que estas coisas dos links nem sempre funcionam)
«No outro dia quando deixei aqui o relato da minha viagem de taxi entre a porta de casa e o metro, não contava voltar a ele...a não ser que o meu amigo do FB, taxista que queria ter sido astrónomo, aparecesse e dissesse...olá, sou eu, então tinha ou não tinha razão!!?? Ou, olá, sou eu, desculpe não ter tido razão... 

Mas nada. 
Silêncio total. Mas volto, apesar do silêncio, para dizer duas ou três coisas. 
 Primeiro que você tinha razão. É possivel, sim!  
Depois, que não costumo vibrar com futebol, como você também disse. Não para me armar em gaja que só se preocupa com coisas sérias, revoluções ou assim, ou que se quer armar em diferente, não alienada, e afins. Apenas, que não vibro. Não é virtude nem pecado...é assim. 
Claro que encontro nesta "não vibração" razões que se prendem com a pornografia dos dinheiros e interesses envolvidos, e mais uns quinhentos, mas sei e aceito e conheço tanta gente, tão ou mais interessada em revoluções que eu, que vibra...tão ou mais consciente do que eu dos dinheiros e interesses envolvidos, que salta... 
 Por isso... 
 ...hoje, e depois de ver um video com um menino que consola um adepto francês, menino que nada deve saber ainda de dinheiros e de interesses, mas, apenas, de afectos e de humanidade, depois de ver e rever o golo de um jogador que eu conheci ontem e que nos deu a vitória, por quem nada davam, percebi agora, mas que nos deu a vitória, depois de ver o Ronaldo, afastado do jogo, mas tão dentro da equipa como se lá estivesse, numa entrega e numa partilha empolgantes, depois de ouvir o treinador a acabar a sua entrevista e falar em grego, para a sua antiga seleção e para o mundo, depois de, antes, ter visto Ronaldo falhar um penaliti e levantar-se de cabeça erguida, de ter visto a Comunicação Social da Europa dos ricos, que são ricos no futebol e no resto, gozar-nos, achincalhar-nos, discriminar-nos, como faz quando se discutem sanções... 
 ...só me apraz dizer que no dia em que o povo português for, na sua vida colectiva, o que a equipa mostrou em campo nestes dias, o menino que foi dar força ao adepto francês que chorava a derrota, terá um País para viver. Por isso que vivam eles e que aprendamos com eles...a resistir, a acreditar, a sonhar, sobretudo, a lutar. Cá fora. No dia a dia. 
O menino do video merece que continuemos a ser Povo, amanhã quando o campeonato for história...e o futuro obrigação. 
Um futuro onde o seu filho, meu caro amigo taxista que não sei o nome, possa ser astrónomo se quiser ser astrónomo. Ou o meu, para continuar a ser astrónomo, possivelmente um destes dias, não tenha que pegar na trouxa e zarpar.




Isabel Faria»
 ... e eu, que gostaria de ter escrito isto, :)) :  Cereja

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Auto-estima, amor próprio, e mais umas coisas...


Hoje, dia 11 de Julho de 2016, é difícil para quem é português falar de outra coisa que não seja o resultado da final do «euro 2016»

Exagero?
Claro que sim. E então?....
Há pessoas, ou classes profissionais, ou países, ou raças, que são por feitio fanfarrões. Consideram-se os-melhores-do-mundo e não perdem ocasião de o dizer. Um pouco irritante, mas sabem o que eu quero dizer e facilmente encontram cabeças onde encaixam esta carapuça. Cabeças de um tamanho acima do normal, claro, mas as carapuças costumam alargar com facilidade.
Digamos que tem uma auto-estima desajustada. E naturalmente existe também o inverso... Pessoas que sentem que os olhos dos outros os vêem com poucas qualidades, imaginam comentários trocistas, não sabem afirmar o amor-próprio.
Mas quando se trata de pessoas, casos individuais, é uma pena, pensamos que deveriam procurar apoio psicológico para ultrapassar essa questão, mas paciência; o complicado é quando esse conflito 'interior' (?) se passa num colectivo, porque a luta interna é terrível. Quero eu dizer que, de uma forma geral, entre o que se passa internamente e o reflexo social pode existir um profundo contraste. Um determinado profissional pode saltar que nem um leão se alguém de outra profissão critica um seu colega, mas se estiver no meio de um grupo da mesma profissão é o primeiro a apontar os defeitos e escandalizar-se.
Portugal como nação é um pouco assim. Fica (e muito justamente!!!) zangado quando um estrangeiro qualquer lhe assaca características estereotipadas negativas. Nem vou aqui fazer a lista do que se costuma dizer porque começo já a ficar irritada :) . Contudo, entre-nós-próprios censuramo-nos amargamente apontando montes de defeitos, ou seja também nos «catalogamos» como povo. É irritante. E infelizmente há poucos momentos onde sejamos olhados de fóra de uma forma que permita orgulho. Houve a luminosa revolução de Abril, que se situa num patamar muito alto, mas de um modo mais comezinho passa-se pouco que faça o resto da Europa olhar para nós.
Portanto, não censuremos os excessos da alegria da vitória da selecção portuguesa, façam favor. Uma subidazinha na nossa auto-estima só pode fazer bem. E que isso sirva de balanço para enfrentarmos outros desafios!



Cereja

domingo, 10 de julho de 2016

As mentiras convincentes


De vez em quando volto a este tema porque me revolta imenso, a manipulação descarada encoberta, que pode ser feita por qualquer um, de um vídeo ou uma foto, e é de uma profunda maldade porque joga com a inocência de quem não concebe estes 'jogos', nem consegue imaginar que  o que seja manipulado, e perde a fé em muitos valores que estão correctíssimos.
Claro que actualmente andamos muito mais desconfiados do que os nossos avós ou bisavós. Recordo ainda (há muitos anos, é certo) usar-se como argumento «foi assim foi! olha que até veio no jornal!» o que dito hoje em dia era revelador de uma inocência que absolutamente ninguém tem.
Ou seja, ninguém no seu perfeito juizo acredita seja no que for porque-veio-no-jornal... Mas já aquilo que «vê» na televisão, hmmmm... hmmmm... é diferente. Pois se viu...? Mesmo assim, pode haver desmentidos, esclarecimentos, uma outra estação de tv levantar a discussão. Mas quando uma coisa aparece na net, é divulgada por fws nos emails, nas redes sociais, 'partilhada' por todos os meios, desafia com sucesso o contraditório. Foi visto uma vez e acreditou-se e só por muito acaso se vê mais tarde o desmentido.
Revoltante!


A imagem que foi colocada como se pertencesse a um imigrante actual em Calais, foi tirada há uns 3 anosna Austrália. A teeshirt em causa, pode comprar-se por aí, e é uma gracinha (parva!) de gabarolice machista tipo 'eu-sou-tão-sedutor-que-apanho-todas-as-mulheres'. Descontextualizada a imagem, dá para sugerir que os bandos de imigrantes são uns violadores e gabam-se disso!




E quem viu não vai procurar saber mais nada... Viu, está visto!

Cereja



sexta-feira, 8 de julho de 2016

Obras de Santa Engrácia


É um dos meus temas de rabujice preferidos, até porque esta história já vai em muuuitos anos, e eu resmungo dia sim, dia não. Refiro-me à pobre da Praça do Areeiro...
De uma forma geral, as obras na nossa capital são lentas, lentas, lentas, lentas... Aliás, depois de ter vivido uns anos em Macau e ter confirmado que se pode construir num décimo do tempo que vulgarmente gastamos por cá, ainda menos tolerância sinto para com a pastelice da nossa construção civil. Um enjoo.
Mas, se de uma forma geral qualquer arranjozito leva um tempo fabuloso a ficar pronto, o caso da desgraçada Praça do Areeiro, ou de Sá Carneiro como queiram, bate todos os records do Guiness.
O túnel, o famoso túnel que nos liga ao Campo Pequeno,  foi inaugurado em 1997, recordo-me bem porque foi um alívio acabar a poeirada que a pobre João XXI sofreu durante muitíssimo tempo. Não consegui confirmar quanto tempo levou a construção desse túnel, mas na minha recordação é como se tivesse sido bastantes anos...
Mal se respirou fundo a pensar que aquela zona ficava sossegada e bonita, vem o Metro a destruir tudo e a fazer novos buracos.
......
Cá estamos, 20 anos mais tarde, e a Praça continua a parecer um campo bombardeado. OK, está melhorzinha agora, reconheço. Mas por alma de quem é que se continuam a ver aqueles separadores vermelhos e brancos, a rodearem todas as zonas laterais da praça?! Porquê? Mesmo que mais não fosse bastava esse pormenor para acentuar que as obras estão incompletas...! 


Li agora que as obras para finalizar os arranjos da Praça começam em Agosto e vão durar um mês. Será uma gracinha?! Alguém acredita que depois de dezenas de anos, precisem de mais um mês para acabar a placa central e ajardinar aqueles metrozinhos de terreno que rodeiam o pobre Sá Carneiro ali enforcado? [aquele monumento (?) deve ter sido concebido por alguém que lhe tinha muito pó]
Só mais uma nota. Esta martirizada Praça é o ponto de entrada em Lisboa para quem chega de avião. Como cartão de boas-vindas à nossa capital era difícil fazer-se pior. 
Que saudades eu tenho da Praça do Areeiro da minha infância!!!






Cereja

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Portugal de muitas cores




Nestas misturadas que faço na minha cabeça entre facebook e blog, muitas vezes há coisas que escrevo num dos sítios e me apetece 'partilhar' no outro... Do Cerejas para o fb é fácil, mas a inversa não sei como fazer.
Ora esta manhã deixei lá a minha opinião com esta foto, referindo a minha satisfação.
Satisfação por termos ontem ganho. Foi bom, foi muito bom! Temos dados passinhos pequenos, é certo, mas estamos a chegar longe e na vitória final custa-me acreditar mas o ter chegado a este patamar é formidável!
Mas também satisfação, ou ainda mais satisfação, por ter sido com esta equipa. Portugal plural. Olhem a foto: uma equipa com mulatos, brancos, negros, ciganos (e será que gays?) enche-me de alegria.
Ainda por cima porque são jovens portugueses filhos de pais portugueses ou nascidos em Portugal. Nada de 'naturalizações à pressão' por força do desporto. Isto é mesmo autêntico, somos nós, é a nossa terra, com uma mistura saudável e vitoriosa.
Pronto. O fb costuma perguntar «como te sentes?» e só posso responder «contente».
[claro que se ganhássemos ainda era bem melhor :) contra a Alemanha que tem a mania de que manda em tudo, ou contra a França onde tantos portugueses trabalham e sentiriam tanto orgulho... ]


Cereja

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Quando o amor (?) se transforma em ódio - 1

Violência doméstica.

O conceito de 'violência doméstica' é mais abrangente do que a que se passa entre um casal, porque abarca também gerações - pais agredirem filhos ou filhos agredirem pais idosos - mas, tanto quanto infelizmente se conhece, na sua enorme maioria refere-se a violência no casal e de género.

É social? Pois é. Sempre existiu? Acredito que sim. E isso é alguma justificação?! Nãããõ!!! 
Neste momento é considerado crime público, ou seja a vítima não necessita apresentar queixa, qualquer pessoa o pode (e deve) fazer, acabou o conselho do «não metas a colher», pelo contrário. Mas na nossa terra de uma forma geral não podemos acusar muito a legislação, o mal não está na ausência de leis e sim na dificuldade em as fazer cumprir. E este é um caso onde o preconceito está tão enraizado na opinião pública oculta que a luta é dificílima. E digo opinião pública oculta porque esta mancha só se manifesta em 'conversas de café' ou nos comentários mais ou menos anónimos dos jornais. Mas existe e de que maneira!!! 
Há dias foi notícia uma criança ter sido atingida por um tiro que presumivelmente se destinava à sua mãe. Chocou muita gente, como é de esperar. Mas... leiam um copy/past que fiz (sem alterar nada!) a alguns comentários lidos num jornal:


1 - Neste caso a única coisa que lamento foi o envolvimento da criança. Esta sim, mais uma vítima das guerras dos adultos. 
De falar em guerra: para a sociedade o que conta é o resultado final. Mais uma mulher vítima de violência domestica. O que levou a isso a este ponto, quem foi o provocador, quem foi o impulsionador não conta. O que conte é: mais uma mulher ia ser morta pelo marido. Logo agora que as mulheres estão tão Santas... É crime ser homem hoje em dia, aliás, se um bebé nascer rapaz é um pavor tremendo, então não se vê quando a maioria das pessoas que pensa em ter bebés só pensa em ter meninas e não meninos.
…………………………..

2 - Bem vindo á sociedade dos dias de hoje, feminazista, SJWs, e Anti-Homens...
……………………………..
3 - Em 2016 várias crianças, uns ainda bebes de dias foram mortas às mãos das mães. Perante tão hediondo crime, não faltaram mulheres a procurar desculpabilizar mulheres que por vingança, chantagem (Se eu não fico com o meu filho tu também não ficas, etc etc etc), mataram os seus filhos. Estamos a falar de uma Média de 80% de mães que ficam com a guarda dos filhos. Se elas fazem isso aos filhos, Imagine o que fariam elas aos homens se tivesses a força deles.
Sou terminantemente contra a qualquer acto de violência doméstica! No entanto, nos últimos anos, devido a sua agressividade verbal, algo que, quer para a comunicação social quer alguma sociedade civil, não interessa, algumas mulheres têm sido alvo de violência. No final, o que conta é: mais uma mulher vítima de violência domestica. Depois, hipocritamente, lá vem algumas mulheres, sabe-se lá porquê, dizer: nada justifica a violência doméstica. Logo elas!
Quanta hipocrisia…
…………………..
4 - M. C,: A minha vênia para a senhora. Nunca teve um momento de raiva, um momento de querer matar tudo?
Aqueles momentos onde e quando descobrimos que tudo em que acreditava-mos, afinal, era uma mentira, fomos enganados, fomos roubados, etc etc...
Hoje e acredite, devido ao meu trabalho social, sei do que falo! Muitos dos problemas conjugais, de há una anos a esta parte, devem-se ao facto de haver “2 machos” numa casa. Um por natureza e outro porque quer-se fazer. E os dois querem ter sempre a razão.
Porque ainda é o homem o mais forte fisicamente, ainda é a mulher quem mais leva… Mas, se invertêssemos a força, o Homem leva tarei da mulher todos os dias… Acredite, se é que não sabe…
………………….


Havia mais, como se imagina. Estes estavam entre a primeira meia dúzia, mas dão o tom geral. As sonsas das mulheres provocam, querem competir, são malcriadas, e o que vale aos homens é terem mais força ou a coisa seria terrível. É interessante esse argumento da força física quando aqui se falava numa agressão a tiro, e para puxar um gatilho basta um dedo... Pois.

Eu vejo mais a questão do ponto de vista do respeito.
As agressões, as verbais também, são prova de uma grande falta de respeito, que põe em causa os fundamentos básicos de uma relação. Mas isso não se vê com clareza, como um estudo feito em diversas escolas a respeito da violência no namoro  mostrou. Muitos adolescentes achavam natural (?) a agressão. Ora só pode ser pelo peso social, uma noção ainda generalizada na sociedade.
Eu gosto de perceber sentimentos, mas neste caso sinto-me muito confusa e parece-me urgente uma educação nesta área a partir quase da pré-primária. Repetir-se como uma mantra «amar é respeitar», «ninguém é dono de ninguém».
Porque parece que há muito quem o não saiba.

Cereja

terça-feira, 5 de julho de 2016

O elogio do papel

Não venho mais uma vez comparar os prós e os contras na guerra do virtual contra o papel. Já se disse tudo quase tudo. 

Circulou por aí um vídeo muito engraçado, mostrando um casal onde o marido passava o tempo criticando a mulher por não usar as 'novas tecnologias': ela escrevia uma lista de compras e ele dizia «Emmaaaaa!» mostrando a lista num tablette; ela deixava-lhe um post-it no frigorífico, e ele «Emmaaa!» e provava a vantagem do sms. Não recordo tudo mas a história acabava com ele sentado na sanita a chamá-la por ter acabado o papel higiénico e ela a enviar-lhe a foto do rolo pelo telemóvel...
Mas descobri há dias uma maravilhosa vantagem da palavra escrita em papel. É que ela resiste ao tempo afinal mais do que outras formas de registo!! (parentesis: claro que o material papel é frágil, estraga-se se não houver cuidado, óbvio)
A prova dos noves:
Há muitos, muitos anos, tive de me separar dos meus pais para vir para a Universidade. Viviam longe e o contacto só era por carta, telefonemas eram luxo - fazia-se um no Natal, com hora marcada... Mas escreviamos, por avião, pelo menos 2 cartas por semana. Contudo, como éramos muito modernos :))) e já na altura apreciávamos tecnologias, compramos eu e eles gravadores de fita e enviávamos fitas gravadas em vez de cartas normais. A sério! Quer eu quer os meus pais gostávamos imenso porque aquilo dava para uma hora de conversa e ouvia-se a voz para matar saudades. E assim fizemos durante anos.
Contudo a máquina de vez em quando avariava e, quando isso acontecia, lá voltávamos a escrever. Em «papel de carta de avião» muito fininho, e para render mais escrevíamos à máquina. Sempre longas cartas.
Agora um zapping para o Presente:
Há bastante tempo que não remexia nos meus «baús» e embora soubesse o que havia lá estava um pouco esquecida. E encontrei agora um grosso pacote, com as cartas que escrevi e a minha mãe guardou (sniff, eu não fiz o mesmo às deles) Está lá uma completa reportagem da nossa vida, quase daria um romance de época! E as fitas gravadas?? Pois é. Foram-se... A verdade é que hoje em dia não há esses gravadores-de-fita, mesmo que por milagre as pobres não estivessem completamente estragadas. A tecnologia evolui com uma rapidez estonteante, vieram as cassetes, os cds, eu sei lá o quê, tornando obsoleta a moda de ontem.
Mas o meu amigo papel cá está, a resistir a tudo.
VIVA O PAPEL!!!





hmmmmm....



Valente papel!!!

Cereja

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Em casa




Há uns dias agitou um pouco as águas a conclusão de um estudo que nos diz que as mulheres, em casa, trabalham mais e sobretudo em tarefas menos interessantes. Pois é!
Ninguém de admira decerto.
Os trabalhos domésticos são pacificamente aceites como uma função feminina. Socialmente, creio que por todo o mundo, a mulher é vista como um animal doméstico, salvo seja. Por todos. Incluindo as próprias mulheres. E quem, como eu, nasceu lá para meados do século passado esse sentimento está enraízado de um modo profundo, nem se pensa nisso.
Muito bem, os tempos mudam e mudam muito. A vida de um jovem casal de hoje seria inimaginável para os nossos avós pais. Até para os mais desempoeirados e progressistas desse tempo a actual sociedade seria estranhíssima. Mas é mesmo verdade que alguns homens já estão familiarizados com as tarefas domésticas, pelo menos algumas... Hoje muitos homens vão às compras, pôem e levantam a mesa, ajudam a fazer a cama, até sabem pôr a loiça e a roupa na máquina. Palmas! Beeem... não pode ser tudo perfeito e portanto o que é mais chato, aspirar e limpar o pó, passar a ferro, cozinhar por rotina, ainda não. Vai devagarinho.
Mas há uma área onde é visível uma grande e excelente mudança - as crianças! Ainda é «do meu tempo» a completa falta de jeito que o género masculino tinha para crianças. Se fossem bebés então mal lhe pegavam! Na minha infância não me recordo de ver um pai a empurrar um carrinho de bebé, e menos ainda levar um ao colo na rua!!! E aqui está uma volta de 180º, :) hoje vemos mais pais a empurrar cadeirinhas, ou com os filhos no 'canguru', do que mães. Talvez eu esteja a exagerar, mas é quase assim, num casal quase sempre quem leva a criança é o pai! Big step, um passo de gigante! E é aí que mais se nota a participação masculina em casa, no cuidado e educação das crianças.
A começar por um lado, este é um excelente lado para começar.
..............
E vamos ver se a seguir pegam no aspirador...


Que beleza :)

Cereja