sábado, 13 de dezembro de 2014

Espanto e indignação


Vi o caso numa referência na net e fiquei tão chocada como as dezenas de pessoas que lá deixaram comentários. A história é, elevada ao cubo, a concretização da frase infeliz da senhora da família que anda agora na berlinda, que gostava de ir acampar para Comporta porque era como «brincar aos pobrezinhos».
Neste caso, um hotel de luxo, na África do Sul, oferece aos seus clientes «mais extravagantes» segundo lá diz,  a recriação de uma favela  para terem a experiência autêntica de viver numa favela!!! Claro que apesar de ser feita com os mesmos materiais, tem aquecimento debaixo do chão e acesso à net! E deve estar bem limpa, nem ratos nem bicharada, calcula-se.




Se o Hotel oferece este serviço é porque existe quem o queira.
Afinal para ser mesmo, mesmo autêntico, era bem mais fácil, uma simples troca, eles iam habitar o local tal como estava e a família que residisse naquela casa (?) passava os mesmos dias no Hotel, na suite que a que eles teriam direito. Um pouco mais realista.
E mesmo assim, nunca seria nada de aproximado, porque sabiam que era uma experiência, que quando acabasse tudo voltava ao normal.
Na mesma linha, quando um dos muitos idiotas paternalmente aconselham como se deve viver com salários mínimos, tenho eles todos os meses 10 vezes mais, há quem diga que seria bom obrigá-los a vivenciar a experiência de subsistir um mês com aquela verba. Claro que lhes podia dar uma ideia, mas era sempre falso, porque sabiam que no fim daquele mês - ou ano que fosse! - aquilo acabava e os seus recursos habituais estavam lá. Psicologicamente é outra coisa. O factor mais pesado, a angústia do futuro, não existia. Será que percebem isto?!
Mas esta estupidez do bairro da lata, é de arrepiar, isso é. 


Cereja

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