Ultimamente tenho-me posto a pensar que gostava de ir viver para o país deles.
Porque há para aí muita gente que escreve em português, fala na tv que eu vejo, escreve nos jornais que eu leio, mas não vive onde eu vivo. É um mistério.
Como ando atrapalhada com falta de dinheiro, dá-me para ler conselhos bem intencionados de como evitar-que-tal-me-aconteça. Um deles: a) renegociar as dívidas. Tá bem. Em vez de ter uma dívida num banco e outra noutro, juntar tudo no mesmo sítio e dever só a um. Espera! Isso não me serve. Dívidas não tenho, a casa onde vivo é alugada, e o carro é tão velho que está pago há anos! Pronto, ponho um vêzinho nesta proposta e passo a outra. b) comer sempre em casa e não em restaurantes. Esta é fácil, já tem o vêzinho, nunca fui grande frequentadora e na actualidade nem penso nisso, parece-me que em Junho comi uma sopa e um bitoque numa noite em que estava longe de casa... c) não comprar roupas novas. Muito fácil. O inverno passado comprei um pijama num chinês, já estou aviada. A mala de mão estava já muito rota mas consegui cozê-la e encontrei outra que estava só esfolada, engraxei-a e já está! Mais um vêzinho na lista. d) Tarifa bi-horária, lâmpadas economizadores, máquinas só cheias, desligar aparelhos... Aos anos que faço isso. e) Comprar os produtos brancos nos supers. Essa então uso-a desde que existem produtos brancos! E fruta de época. E promoções que valham a pena. E produtos em fim de prazo. Já está o vêzinho. f) Cortar nas distracções. A pouco e pouco cá vai: Teatros, concertos e até cinemas, já estão arrumados. Vejo tv, passeio na net, releio livros antigos ou alguns que me emprestam e converso com amigos... g) Aproveitar restos de comida. Nisso sou perita!!! Até acho que podia ensinar, e talvez fosse uma ocupação com sucesso! Mais um vêzinho. h) Usar transporte público. Claro! O carro fica tanto tempo parado que até de vez em quando vou ligá-lo para carregar a bateria. i) Beber água da torneira. Aos anos! Nunca bebo outra.
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Bem, acho que eu própria poderia começar a dar conselhos, que os que li estão gastos e até tenho outros melhores.
Aqui há uns tempos li alguém que aconselhava a não lavar os dentes com água corrente. Não percebi. Achei que havia algum erro. Como é que se lavam os dentes à torneira?? Põe-se a boca lá por baixo?! que raio de coisa. Mas anteontem percebi que os filhos da Isabel Jonet usam esse sistema. Ah! E, pelos vistos, vão a concertos de rock em vez de ir tirar radiografias, e fartam-se de comer bifes em vez de arroz com feijão. Mas que gente perdulária a viver acima das suas capacidades, hein?! Mas pelos vistos são uns pobrezinhos diferentes de quem vive na minha casa, onde se toma só duche, se lava os dentes com água de um copo, nunca se vai a concerto nenhum, e com um frango de 2 € duas pessoas podem comer 3 refeições diferentes.
Não, não precisamos do Banco Alimentar.
Sou classe média (??) e não estou desempregada.
8 comentários:
Estás como eu! Os conselhos que leio para poupar aos anos que os faço... ainda não encontrei um que aproveitasse porque já faço isso tudo e mais...
Também não estou desempregada nem tenho empréstimos para pagar (para pagar impostos em 2013 terei de fazer um empréstimo???!)
Um grande abraço
Méri
Olá querida Méri!!! Que bom ver-te por aqui!
Não se se será de geração, mas escrevi isto com alguma ironia porque na esmagadora maioria dos casos os "conselhos" são coisas que faço ou até sempre fiz. Levar uma lista de compras para o supermercado para saber tudo o que preciso e não mais do que preciso, é coisa que sempre fiz. Aproveitar restos, de comida, de roupa, também sempre fiz. E vem esta arara com esta conversa.... Grrrrrr! :)
Teve uma vantagem: é que levantou uma tal onda de indignação que deixou as pessoas a pensar! É ver as redes sociais e os comentários dos jornais.
E há uma coisa que ela diz que é verdade - o desejo de ter, simplesmente TER na malta mais jovem - e quando falo em mais jovem já chego aos 40 anos - é uma coisa impressionante. Mas não é só cá, em Portugal, e sobretudo é estimulado por todo o processo de vendas. As empresas têm de vendar e a publicidade encarrega-se disso.
Não sei se fui clara. Quando digo que já são duas gerações (pelo menos) com esse vício é porque é quase impossível um miúdo ficar indiferente se vê o pai e a mãe amuarem por não terem um fato novo, ou uns sapatos, ou o último modelo de tv. Eles querem a playstation ou as calças marca XPTL...
Nas declarações desta senhora há um monte de coisas "interessantes".
Ela por acaso fala no plural. Diz VAMOS EMPOBRECER. Também se junta ao rol dos que não podem comer bifes todos os dias.
(aliás essa conversa do bife é um símbolo de luxo mas antigo; hije em dia é bem mais caro uma posta de pescada do que um bife. Até o 'fiel amigo' bacalhau é mais caro do que o bife...)
Portanto vai empobrecer, a Isabelinha, tadinha. Mas o curioso é o tom de voz em que o diz. Reparem no ar quase triunfante com que diz essa frase sinistra. Que contentinha fica com essa coisa de "termos todos de empobrecer" Se calhar é para entrar no reino dos céus....
Tenho lido para aí montanhas de comentários e é interessante como os campos se têm estremado. Muita gente até acha que ela exagerou mas as críticas eram justas, isso porque quem fala deve achar que «os outros» gastam mal o dinheiro que têm. Não li nenhum comentário que dissesse «Tá bem visto! Eu vou passar a seguir estes conselhos e vai ser uma melhoria de qualidade de vida»
O que me chocou foi a base negativista disto tudo. Porque não penso que seja preciso EMPOBRECER o que tem de ser preciso é aumentar investimentos, criar postos de trabalho, e dar condições para que uma razoável qualidade de vida não seja um luxo! Nivelar por baixo?!
Não é por empobrecer que se deve lutar e exactamente o contrário. Vamos ENRIQUECER. Claro que não se deve esbanjar até para custar dos recursos naturais e salvar o planeta, mas devemos é aumentar os nossos recursos e não resignarmo-nos a ser uns 'poupadinhos'...
tenho o mesmo problema que tu: já faço tudo o que eles agora propõem há séculos... e a maior parte do que faço não é por ter mesmo de fazer mas por achar que assim é que está correto!
(por exemplo, sou poupadíssima na água e nem tenho de a pagar, porque sou auto-suficiente... e também fecho torneiras e apago luzes mesmo em locais onde não sou eu que pago a conta)
É isso mesmo saltapocinhas, uma questão de educação que nos vem de crianças. E, se isso se perdeu, é mais do que tempo de o recuperar para além da questão da crise - é uma questão de bom-senso, não gastar bens naturais que eternos não são e ainda por cima o que se desperdiça não faz nenhuma falta, por definição! É a altura de recomeçar a ensinar os nossos filhos. :)
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