sexta-feira, 13 de abril de 2018

Linguagem e modas



A língua evolui e ainda bem, é prova de que está viva. Quem já é mais velho estranha sempre que vão desaparecendo termos corriqueiros da sua adolescência e surjam outros que muitas vezes se tem de tirar pelo sentido porque nem se sabe bem o que querem dizer. Levou-me algum tempo a aprender a traduzir a palavra cena por coisa como se dizia dantes...
Uma das palavras que se usa hoje de um modo diferente é namorado ou namorada.
Antigamente, referia-se a uma relação, digamos que «inocente», entre adolescentes ou adultos muito jovens. Era um termo suave. Entre gente mais culta também se falava em flirt, que era ainda mais leve. Recordo uns versinhos também de época: o flirt é fio doirado / sobre um rio atravessado / todo luz / Amor é o nome do rio / quem não sabe andar no fio / catrapuz. Veja-se a inocência romântica da época... 😇
Actualmente usa-se o termo namoro de um modo muito mais abrangente, é todo o relacionamento amoroso, digamos. Mas ainda estranho quando leio Mulher de 62 anos esfaqueia namorado em Ovar, e quando leio a notícia e percebo que foi «uma mulher de 62 anos [....] que agrediu um homem de 69 anos com quem mantinha um relacionamento» não consigo reprimir um sorriso. Um casal na beira do que se chama hoje 3ª idade, eram namorados, mas viviam a relação sem nada de inocente se os ciumes ou sei lá o quê fizeram que a namorada agredisse o namorado à facada, credo!
Pronto, tenho mais é que me habituar.
A propósito desta notícia e defendendo eu o termo companheiro/a para estes amores mais maduros, uma amiga conta-me a história de ter ido pedir um papel oficial para o seu companheiro e quando lhe perguntaram a relação com a pessoa disse «companheiro». Então a menina perguntou «o que é isso?»; quando explicou que viviam juntos percebeu «ah! marido...» e ao saber que não eram casados já entendeu tudo: «namorado!» 😊



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