segunda-feira, 5 de junho de 2017

Luxo

Ultimamente ando um tanto 'revivalista' só me dá para escrever coisas a relembrar outros tempos, e tenho-me refreado resultando assim que não escrevo nada 😖
Parvoíce. Vou portanto deixar 'em linha' um post já escrito há uns dias.
Então «é assim»: Na minha juventude havia pessoas bens vestidas e outras mal vestidas. O considerado bem vestido nem sempre se sentia cómodo, porque a roupa cómoda era a prática, digamos a-de-trazer-por-casa. Não se tinha 'inventado' o fato-de-treino como roupa descontraída, portanto a tal roupa de estar em casa era uma mais velha, ou de um material de pior qualidade. Como não havia 'pronto a vestir' as famílias de classe média, contratavam uma costureira que fazia os vestidos das senhoras e a roupa das crianças. E também aproveitava o que já estava velho e roto, muitas vezes até pondo remendos. Os pobres, que andavam mal vestidos com roupa de trabalho, até podiam usar roupa remendada, era natural.
Nos anos 80, creio eu, apareceram umas jeans manchadas e até rasgadas! Lembro-me de quando vi o meu primeiro pensamento ter sido «coitada, que azar, umas calças tão boas; mas vá lá, concertam-se e ela não está muito aflita». Não estava, é claro, tinha-as comprado assim!
Era moda! A rebeldia jovem assumia-se pelo visual, era-se 'contra' mas... artificialmente, o que faz toda a diferença. Não eram fatos velhos e por isso estragados, eram fatos novos, falsamente estragados e caros (!). E essa moda de falsos pobres, nunca mais parou. Afinal as rastas, também uma moda de penteado onde o cabelo parece desgrenhado e até sujo, leva tempo a fazer e a... manter limpo!
Ora o que me faz alguma impressão é o preço destes produtos artificialmente «estragados». Li a notícia de que um par de tenis custariam 1.500 euros. Exactamente, mil e quinhentos euros. É claro que não eram uns ténis quaisquer, estavam todos rotos. Parecia terem vindo de um caixote do lixo. Imagino que se os tivéssemos deixado num daqueles depósitos de roupas usadas para serem aproveitados para quem não tem que vestir, nem seriam aproveitados.
Mas foram concebidos por John Galliano. Valem 3 salários mínimos.
Ou o saco quase igual ao do Ikea a 2.000 euros, cerca de 4 salários mínimos.
..............
Parece escrito com azedume, e não é, palavra.
É espanto de viver neste mundo.
Onde as desigualdades apresentam estes aspectos absurdos, ter de se ser muito, muito rico, para usar peças que imitam os muito pobres. Este tipo de luxo faz-me impressão, o que querem...? 



Cereja

Sem comentários: