Nas cidades deixou-se de andar. A não ser nos ginásios.
Cada vez que constato isso, um botão (ou um clik como se diz hoje) remete-me à infância e juventude o que é irritante porque me sinto velha se pensar «no meu tempo» como modelo, o que não é verdade não era modelo nenhum. Mas em certas coisas os hábitos antigos eram realmente mais saudáveis.
Cada vez que constato isso, um botão (ou um clik como se diz hoje) remete-me à infância e juventude o que é irritante porque me sinto velha se pensar «no meu tempo» como modelo, o que não é verdade não era modelo nenhum. Mas em certas coisas os hábitos antigos eram realmente mais saudáveis.
Acabei de ler uma notícia, completamente fait-divers, que informava que uma cadeia de hipermercados estava a expandir-se e a criar também supermercados. Tanto quanto sei, a diferença entre o hiper e o super, é que o primeiro tem uma superfície muito, muito grande, e portanto situa-se ou nas periferias das cidades ou ocupando todo um andar de um Centro Comercial, o outro, o que é só super pode funcionar em qualquer bairro porque é proporcionalmente bem mais pequeno. Comércio de proximidade.
Como eu disse a notícia não tem qualquer relevância, gostei apenas porque irá fazer alguma concorrência aos gigantes da espécie [pingos-doces e mini-preços] o que pode não ser mau. E ia 'sair da notícia' quando olhei para o primeiro comentário que lá vinha e e a crítica era «e o estacionamento???? paga otário!». Nem mais. Como era numa zona de estacionamento pago (como quase toda Lisboa agora...) o leitor saiu-se logo com essa, referindo creio o facto de nos hipers não se pagar estacionamento por terem os seus parques, e ali ia-se pagar esse extra - se houvesse lugar, claro, porque isso é duvidoso.
Parece óbvio que se é um comércio de proximidade é para se ir a pé. Isto pensava eu. Se é no meu bairro, vou e venho às compras simplesmente como a minha mãe ou avó faziam. Aliás, diferentemente das mulheres desse tempo, hoje até temos uns sacos com rodinhas para levar as coisa até casa. Mais fácil.
Mas antigamente era normal a deslocação a pé, até em distâncias que hoje nos parecem enormes. Porque, para quem nasceu no segundo milénio, isso, o 'andar' já é desporto 😊 . Nós 'andamos-a-pé' nas caminhadas, mas vê-se pessoas que se metem no automóvel para ir ao seu ginásio que é bastante perto e lá ficam meia hora a 'andar' na passadeira mecânica. Não é anedocta 😁 !!!
Bom, nas aldeias ou zonas menos citadinas ainda vemos gente a caminhar para chegar a qualquer lado, umas distanciazinhas mais razoáveis. E não precisam que os médicos insistam em que devem andar meia hora por dia, têm mesmo de o fazer... Afinal é o modo mais fácil de «fazer exercício» tão recomendado hoje e por algum motivo o recomendam, é sinal de que usualmente não se faz!
A verdade é que há cem anos não se usava essa expressão, a vida de todos os dias já nos fazia mexer bastante. Uma simples dona de casa andava horas para trás e para a frente a varrer, a limpar, esticava-se em «alongamentos» para lavar os vidros das janelas, para arrumar prateleiras altas, agachava-se, ajoelhava-se para lavar o chão, subia escadas carregada com objectos pesados, fazia movimentos repetitivos com os braços no tanque da roupa, etc, etc. Um ginástica diária.
E as crianças faziam muitíssimos mais jogos onde tinham de se mexer, a sério, não era cá o dedo a deslizar no ecrã de um tablete! Era às escondidas, à apanhada, saltar à corda, a macaca a pé coxinho, tantos jogos onde tínhamos de nos esticar, encolher, equilibrar, correr, saltar, todos os músculos eram treinados. Evidentemente que o espaço era outro, a liberdade também, mas é mais uma questão de mentalidade.
Essa mentalidade que fica bem visível com a pergunta do leitor indignado com a inauguração do supermercado que o obrigava a ir a pé da sua casa até lá por não poder estacionar à porta.....
Como eu disse a notícia não tem qualquer relevância, gostei apenas porque irá fazer alguma concorrência aos gigantes da espécie [pingos-doces e mini-preços] o que pode não ser mau. E ia 'sair da notícia' quando olhei para o primeiro comentário que lá vinha e e a crítica era «e o estacionamento???? paga otário!». Nem mais. Como era numa zona de estacionamento pago (como quase toda Lisboa agora...) o leitor saiu-se logo com essa, referindo creio o facto de nos hipers não se pagar estacionamento por terem os seus parques, e ali ia-se pagar esse extra - se houvesse lugar, claro, porque isso é duvidoso.
Parece óbvio que se é um comércio de proximidade é para se ir a pé. Isto pensava eu. Se é no meu bairro, vou e venho às compras simplesmente como a minha mãe ou avó faziam. Aliás, diferentemente das mulheres desse tempo, hoje até temos uns sacos com rodinhas para levar as coisa até casa. Mais fácil.
Mas antigamente era normal a deslocação a pé, até em distâncias que hoje nos parecem enormes. Porque, para quem nasceu no segundo milénio, isso, o 'andar' já é desporto 😊 . Nós 'andamos-a-pé' nas caminhadas, mas vê-se pessoas que se metem no automóvel para ir ao seu ginásio que é bastante perto e lá ficam meia hora a 'andar' na passadeira mecânica. Não é anedocta 😁 !!!
Bom, nas aldeias ou zonas menos citadinas ainda vemos gente a caminhar para chegar a qualquer lado, umas distanciazinhas mais razoáveis. E não precisam que os médicos insistam em que devem andar meia hora por dia, têm mesmo de o fazer... Afinal é o modo mais fácil de «fazer exercício» tão recomendado hoje e por algum motivo o recomendam, é sinal de que usualmente não se faz!
A verdade é que há cem anos não se usava essa expressão, a vida de todos os dias já nos fazia mexer bastante. Uma simples dona de casa andava horas para trás e para a frente a varrer, a limpar, esticava-se em «alongamentos» para lavar os vidros das janelas, para arrumar prateleiras altas, agachava-se, ajoelhava-se para lavar o chão, subia escadas carregada com objectos pesados, fazia movimentos repetitivos com os braços no tanque da roupa, etc, etc. Um ginástica diária.
E as crianças faziam muitíssimos mais jogos onde tinham de se mexer, a sério, não era cá o dedo a deslizar no ecrã de um tablete! Era às escondidas, à apanhada, saltar à corda, a macaca a pé coxinho, tantos jogos onde tínhamos de nos esticar, encolher, equilibrar, correr, saltar, todos os músculos eram treinados. Evidentemente que o espaço era outro, a liberdade também, mas é mais uma questão de mentalidade.
Essa mentalidade que fica bem visível com a pergunta do leitor indignado com a inauguração do supermercado que o obrigava a ir a pé da sua casa até lá por não poder estacionar à porta.....
Cereja
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