domingo, 12 de março de 2017

A questão da igualdade de género


Li há pouco este artigo com um título apelativo e provocante «Aqui quem manda ainda não são elas» como sem ser ser ali (?)  'elas' já mandassem...  Creio que isto veio a propósito do Dia da Mulher, o dia onde mais se fala de igualdade de género. E esse é um tema que desde sempre me interessou imenso, desde adolescente admiradora quase incondicional de Simone de Beauvoir que acredito firmemente on ne nait pas femme on le devient.
Mas, no século XXI, já não é uma 'opinião' apenas de mulheres esta noção de igualdade de género, e quase faz sorrir ler que as mulheres devem ganhar menos porque são mais fracas e menos inteligentes, como disse o palerma do tal deputado polaco. 😃 Mas a verdade é que a máquina social é um tanto perra, e séculos de preconceitos não se apagam como se apaga uma vela. Portanto a mulher foi conquistando o trabalho remunerado (digo assim porque lá trabalhar sempre trabalhou, desde a pré-história) e cada vez se aceita mais que as capacidades de um ser humano são independentes do seu género.
Mas, se teoricamente todos (na sociedade moderna) assim consideram, na prática a resistência a partilhar o poder ainda é enorme. E, portanto, é óbvio que há áreas onde ser-se macho é uma vantagem mesmo que isso seja negado. São as áreas de chefia, onde o poder é maior e mais evidente.
Portanto imaginou-se, na linha do se não vai a bem vai a mal, que se deviam criar «quotas» para forçar a participação feminina em certas áreas. 
Eu tinha uma ideia.
O escritor Mia Couto usa um nome curioso, que engana. Ele já tem contado histórias engraçadas, de situações onde estavam à espera de uma mulher quando ele chegou. Ou seja, quando se ouve falar de alguém cria-se de imediato uma imagem através do nome. Ora, se em vez das quotas (porque vem logo a crítica à descriminação positiva, etc, etc) fosse decretado que nunca aparecessem os primeiros nome mas apenas os apelidos? Não era boa ideia?
Estava toda contente com esta ideia, que modéstia à parte considerava excelente, quando reparei que de uma forma geral os tais famosos lugares de chefia não costumam ter acesso por concurso mas sim por escolha, por convite, por se conhecer de facto a pessoa. Bum!!! Lá foi a ponta do alfinete da realidade rebentar o lindo balão que eu tinha imaginado.
Pois é.
Se não vai a bem vai a mal, e lá se terá de aceitar as quotas mesmo com o risco de assim se valorizar mais o género do que a competência. Paciência. Espero que seja temporário.

Cereja

Sem comentários: