sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Animais e a comida de plástico lata


Ando há tempos a pensar sobre a alimentação dos animais domésticos que é um negócio de milhões. De muitos milhões!.
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Não me recordo, quando era criança, de haver uma 'febre' como a de hoje em relação a possuir-se ou não um animal de estimação. Algumas das pessoas que eu conhecia tinham gatos ou cães e tinham relações de grande ternura com eles, mas não havia tanta preocupação como hoje. Até recordo que, sobretudo na aldeia onde passava férias, achava-se que os animais deviam ser úteis, conceito que hoje não se ouve. Na altura, um bom gato era o que caçava ratos e os afugentava, e um cão servia para vigiar a casa. E comiam o que sobrava da mesa dos donos, se não sobrava nada fazia-se qualquer comida com o mais barato que se encontrasse... Dizer a alguém que no futuro iriam existir secções inteiras de supermercados com comida para os seus animais, seria quase como dizer que no futuro eles iriam voar...

Muitas coisas neste campo mudaram para melhor. Encontramos por todo o lado clínicas veterinárias que podem responder de imediato a uma aflição, coisa excelente. E acho muito bem que nos preocupemos com o bem-estar de um ser por quem somos responsáveis desde o momento que o escolhemos e aceitámos. Mas... Mas por outro lado impressiona-me um pouco o volume de dinheiro que os negócios que prosperam à volta dos animais manipulam. E um desses negocios é a alimentação.
Recordo um anúncio de uma marca de comida que ao elogiar os benefícios que aquela marca trazia para os animais que a comessem, terminava dizendo «Restos??!! Nuuun-ca!» com uma entoação que parecia estar a referir-se a qualquer coisa de muito horrível. Até dava vontade de rir. E o certo é que hoje todos os animais domésticos comem a chamada comida de lata não apenas por ser mais prático, mas porque os seus donos acreditam que é melhor para eles. Os mesmos donos que, muitas vezes, para si procuram os produtos biológicos e evitam comprar enlatados! O que faz a publicidade!!! Foi há dias notícia a história de um cão doente de gordo! Caso delicado que para ser ultrapassado para além da dieta implicou hidroginástica!! Pobre animal...
Não tenho actualmente nenhum animal de estimação. Mas recentemente 'tomei conta' de um gato e um cão. O gato vinha com a recomendação de que recusava comida que não fosse de certa marca. Fui experimentando outras, mais baratas, e ele estranhava mas comia. Até que me roubou um belo bife de frango, cru! E a seguir carne para espetadas. E depois um carapau também cru. Ou seja, quando podia escolher não comia a tal comida especial... O cão, esse sempre gostou de 'acabar-o-que-estava-no-prato-do-dono' e manteve o hábito. Aliás olhava para mim como quem pensa «se é bom para ti, tem de ser bom para mim». Não sou veterinária, mas acredito no instinto dos animais. Claro que comem a comida que se vende nas prateleiras dos supers e gostam. Mas quanto a ser o melhor do mundo....hmmm... é a publicidade que nós vamos engolindo.

O pobre do cão gordíssimo dizem que tinha sido sempre alimentado com comida de lata. Pronto, lá vão descobrir um «nicho de mercado» com comida para animais que devem emagrecer.
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Vivó mercado.





Cereja

5 comentários:

méri disse...

É um exagero. E como tudo o que é exagero parece-me indigno nos tempos que correm e com o que sucede tão perto de nós.
Não sou capaz de maltratar um animal, acho que devem ir ao veterinário, e serem vacinados, até por uma questão de saúde pública, mas o que é demais é erro! Comidas especiais? Até, como dizes, eles gostam mais da "comida real", como é de esperar. Petições e campanhas de solidariedade???
Agora há penas para quem maltrata animais. Para a violência doméstica é ainda o que se vê. Há coisas que me tiram do sério - como agora se diz!

(ando muito rabujenta, como lês...)

cereja disse...

Também eu! Se vires bem, repara que tenho aqui uma «etiqueta» para alguns posts a que chamo «resmunguices e embirrações» :)
E algumas "mariquices" em relação aos animais também me deixam de boca aberta. Gosto muito deles, tive um gato durante 16 anos e até já deixei aqui pela net a sua foto, mas alimentava-o de arroz e pescada zero congelada...Ia fazer vacinas ao veterinário e curar-se de algumas mazelas. Mas... era um animal. Temos de ser responsáveis, um dos actos que mais me revolta é o abandono. Não são brinquedos, se os adoptamos temos de ser responsáveis - talvez por isso actualmente não tenho nem quero nenhum. Prefiro servir de babysitter quando algum amigo precisa durante uns dias.

saltapocinhas disse...

Concordo em género, número e grau...
E é um assunto que até é comentado cá em casa, às vezes, por causa das fidalgas das minhas gatas.
Eu uso porque é, sem dúvida, muito prático, mas quando compro peixe compro sempre a mais para sobrar para elas. (ontem fiz jaquinzinhos fritos, mas só a "minha mai'nova" é que comeu. A Nikita não gosta de peixe frito, só cozido). Peixe cru ou tripas não comem, nem pensar, mas lembro-me perfeitamente que os gatos antigamente comiam isso tudo.
Mas, sabes qual é a comida preferida das minhas "gatas friskies"? Um rato. Ainda há bocado a minha gata veio miar à porta, eu fui ver e ela trazia um rato (devia ser para mim). Eu disse-lhe "que nojo, vai embora com isso" e ela... comeu-o!
Aliás, as minhas gatas são auto-suficientes... Se eu deixasse de lhes dar comida elas não morriam à fome, de certeza!

saltapocinhas disse...

Em relação ao abandono, acho imperdoável!
Uma pessoa pode ter um filho sem querer, mas um animal doméstico só se o quiser...
E se o quer, tem de ser para sempre.

cereja disse...

Saltapocinhas, foste muito querida com esta nota que vem confirmar aquilo que eu acho. É pura publicidade a conversa de que é melhor para eles. É prático, sim senhor, mas quando eles 'escolhem' até roubam da outra... E o exemplo dos ratos da Nikita é o que eu também via quando o meu gato aparecia com um pombo (nunca lhe deu para ratos, mas pombo era petisco! Claro que para isso têm de andar em liberdade, é claro.
O abandono corta-me o coração. A cadelinha do amigo que está de férias comigo agora, tinha sido anteriormente abandonada, ele é que a recolheu. Quando vai de passeio com outra pessoa ao voltar vai sempre confirmar que ele está lá, e a alegria é comovente.