Já escrevi em tempos por aqui um post (que agora não encontro) sobre a enorme e, neste caso magnífica, evolução dos costumes em relação à homossexualidade. Na minha infância era tema tabu, e mesmo já bastante crescida até as mentes mais abertas e desempoeiradas, não abordavam o tema em público. Era considerada uma perversão e para as pessoas mais boazinhas, uma doença.
Não existia o termo homofobia, criado pelos anos 70 já eu era adulta. Ora como sabemos, nas sociedades actuais deu-se uma reviravolta completa, e não é o homossexual que está fora da lei e sim o seu perseguidor, o homofóbico. Ser gay, actualmente, não permite a menor discriminação por lei em muitos países - Portugal ainda não permite a adopção embora o casamento seja legal.
Perante isto, é interessante observar as celebrações, desfiles, festas, com muito colorido e alegria dos movimentos gays. Aliás reparar na expressão que se aceita por todo o lado, gay é alegria. E nada mais alegre do que a bandeira do arco-íris, a sua bandeira.
Compreendo portanto que as nuvens cinzentas que pairavam sobre uma diferente opção sexual há 50 anos e geravam sentimentos de vergonha, tenham sido substituídas, até como desafio, por esta maravilha colorida.
O que me dá que pensar, e realmente penso nisto já há tempos e com mais intensidade desde o último desfile e Arraial Pride é a expressão escolhida: Pride ou Orgulho.
Porquê orgulho?
Creio que inicialmente a palavra tenha surgido em oposição à tal vergonha. Ao «sair do armário», expressão consagrada e feliz para de facto referir a dificuldade em se assumir, a pessoa poderia pensar «eu não tenho vergonha, até tenho orgulho».
Mas nas sociedades onde por lei já não deve haver discriminação, continua a fazer-se periodicamente uma festa, um desfile, arraiais, etc, usando a palavra orgulho. Por exemplo Marcha do Orgulho ou também Arraial Pride. Claro que não há o menor mal, não é uma crítica o que estou a fazer, mas parece-me com este orgulho de algo de que também não deveria haver vergonha, sublinha-se a diferença e não a igualdade.
Uma pessoa não deveria ter orgulho nem vergonha de ser morena ou loira, de ser alta ou baixa, de ser homem ou mulher, de ser gay ou hetero...
Isto penso eu.
Cereja
2 comentários:
e pensas muito bem, como de costume, aliás!
Fico tão contente quando fica uma prova de que vais passando por cá, amiga. Eu sei, porque mo tens dito, que passas frequentemente mas encontrar um comentário é muito estimulante. :)
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