domingo, 14 de junho de 2015

O negócio do lixo

Com a nova norma dos sacos de plástico de asas (vulgo sacos-de-supermercado) começamos a pensar melhor nesta coisa do lixo.
É sabido que a esmagadora maioria das pessoas usava até há pouco os sacos de plástico onde trazia as suas compras para forrar o caixote do lixo. Mas já fomos esclarecidos, esses sacos muito fininhos eram prejudiciais para o ambiente, portanto foram proibidos e agora começaram a ser produzidos outros mais resistentes, e pelos vistos menos poluentes, que terão de ser pagos por quem faz as compras - para além dos produtos de que necessita o cliente. Este se não quiser levar as compras na mão tem de comprar um saco porque o lucro das lojas é menor do que 2 cêntimos por cliente e faliam coitaditas.
E agora passemos ao lixo.
Nós já pagamos uma taxa para a recolha do lixo. Mas parece que temos de nos esforçar mais! As diversas empresas que recolhem o lixo para reciclar têm regras comerciais, normal, contudo querem aparecer como uns anjinhos da guarda que generosamente vêm salvar o ambiente por pura generosidade, quando de facto são empresas como quaisquer outras, que visam a obtenção de lucro. Ponto final. E obtêm-no, já li acusações de umas às outras por andarem a roubar recolher  lixo que não é delas, aquilo é um bem de que são proprietárias sem o comprar... 
Lembro-me de uma publicidade onde aparecia um macaco, creio eu, a mostrar que qualquer animal irracional sabia colocar o lixo bem separado no recipiente certo. Ora não é nada assim. Não será preciso uma formação, mas as regras não são óbvias como querem fazer crer. Por exemplo, no 'vidrão' não se deitam vidros como podia parecer, deitam-se garrafas, frascos, alguns copos e é melhor ficar por aí porque o resto pode ser ou não, pode parecer vidro, ter aspecto de vidro, partir-se como o vidro, mas... deve ir para o lixo comum, por exemplo se for vidro plano, ou frasco de perfume. No 'papelão' não se deita qualquer papel, deitam-se caixas de cartão, jornais e revistas (nem sei se todas, há a questão das fotos mal explicada) mas cuidado com o papel auto-colante, ou caderno com capa plastificada, ou papel de embrulho... E no 'embalão' o que raio se põe? Embalagens óbvias e limpinhas e as tipo tetrapark que devem ir convenientemente espalmadas,  no resto há dúvidas: as de iogurte não, embalagens de margarina, banha ou manteiga, não, copos de plástico não. 
É interessante notar aliás que algumas empresas são mais exigentes do que outras. Já li uns conselhos onde, por exemplo, insistiam «enxague as embalagens usadas». O quê?! Vou gastar um recurso que me ensinam a poupar, como é a água, para as embalagens irem já limpinhas?
Li há pouco tempo uma queixa de um empresário do lixo reciclado, zangadíssimo porque algo foi mal colocado por engano, e isso pode avariar uma máquina caríssima. Claro que é aborrecido, mas um engano pode sempre acontecer. Seria sensato precaver-se, e uma vez que o "trabalho da separação" não é pago por ele que apenas aproveita o trabalho que nós, cidadãos responsáveis, fazemos, talvez fosse de arranjar uma filtragem inicial, antes de deitar o produto a reciclar nessas máquinas caríssimas.
E já agora um pedido: por favor organizem a recolha de acordo com o que se produz, porque é pedir demais à nossa paciência que voltemos sistematicamente para casa com o que se ia despejar por o ecoponto estar cheio!

Apesar de tudo é uma empresa que dá lucro, não é?
Um negócio.

Até um grande negócio, pelo que entendi.




Cereja





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