Actualmente, dizem as estatísticas e o mais elementar sentido de observação, a nossa população é bem mais velha. Nos transportes, nas ruas, nas lojas, até nos desfiles de manifestações, vemos sobretudo pessoas de cabelos brancos e cara a condizer...
Ora a idade dá conhecimento, muita vivência, maior cultura geral, mas retira rapidez de reflexos na grande parte dos casos. Nós [claro que faço parte desse grupo] somos mais lentos, menos ágeis, quer do ponto de vista motor quer de rapidez de resposta, quando falta a palavra, oh que raiva!
Por outro lado, com o óbvio motivo de reduzir pessoal, muitas empresas substituem as pessoas que atendem por máquinas, o que nos obriga a adaptar a tecnologias nem sempre fáceis, e exigem muita rapidez a quem inevitavelmente tem de atender o público.
Reparem num operador de caixa de um supermercado. Tem à sua frente uma bicha de pessoas bem razoável (até porque se houver poucos clientes em duas caixas, fecha-se uma e o operador vai fazer outro trabalho dentro da loja) e tem de dar andamento àquilo. Portanto, pega nos objectos que passa pelo leitor de códigos o mais depressa que consegue, faz a leitura, põe de lado, pergunta se queremos o nº de contribuite no talão, imprime o talão, recebe o dinheiro e passa ao seguinte. Sem parar, sem parar, sem parar...
Acontece que como a operação de colocar as compras em sacos compete ao comprador e nem sempre é muito rápida, a coisa está sempre a «engarrafar». E o comprador a sentir-se envergonhado, porque todos olham para ele como um empata! Claro que o seguinte também empata, que a coisa é igual para todos.
Isto é mais evidente quando ao frenesim de rapidez do operador de caixa se junta a dificuldade de um comprador mais idoso e menos despachado.
Ontem fiz uma experiência. Por um acaso levava no bolso um contador de minutos, daqueles de cozinha. E tinha reparado que a fila onde eu estava «engarrafava» muitas vezes. Quando a senhora antes de mim começou a ser atendida, carreguei no conta-minutos e travei-o quando as compras estavam já do outro lado da barricada. Conta-minutos? Ná, conta-segundos. Aquela operação levou 27 segundos. Foi um pacote de manteiga, uma embalagem de pão, meia dúzia de ovos, fiambre, pilhas eléctricas, iogurtes, champô, um sabonete. Deve estar a escapar-me qualquer coisa porque eram 10 produtos, que foram passados pelo leitor do código de barras em menos de 30 segundos! Claro que a senhora, já idosa e menos despachada, levou algum tempo a acondicionar aquilo no saco que trazia. Depois fazer o pagamento, receber o troco, também levou tempo... Isto enquanto a fila se impacientava, porque se a menina da caixa estava parada sem fazer nada a culpa tinha de ser da cliente!
É vexatório. É irritante. Mas decerto que quem está na caixa deve receber instruções para ser rápida, para aproveitarem o seu trabalho o mais possível, cada segundo conta. Por outro lado os clientes querem ser atendidos depressa, claro. Mas, a solução óbvia que era ter mais caixas abertas, implicaria mais postos de trabalho, o que não interessa nada aos patrões aos empregadores. Portanto cria-se esse ambiente de stress que todos conhecemos.
PS - Já agora, se nos grandes supermercados há (e muito bem!) caixas prioritárias para pessoas com crianças e deficientes motores, porque não acrescentar os idosos?!
Cereja
2 comentários:
Por cá é isso ou pior: depois de pagares começam a atirar as coisas do cliente seguinte para cima das tuas. Passei a pagar com multibanco quase sempre porque normalmente me dá mais tempo para ir arrumando as compras.
A sério, Snowgaze???
Nalgumas caixas dos supers mais importantes, há uma espécie de divisória no final da caixa registadora com uma separação em acrílico, enquanto o cliente está à procura do dinheiro depois de ter arrumado as compras, vai fazendo deslizar as compras do outro cliente para a divisória ao lado. Mas começar a registar as compras do segundo de modo a poder misturar coisas é muito raro.
Aliás, verdade seja dita, algumas operadoras de caixa até ajudam a meter no saco! Algumas!!! porque quando a pressão é muita é como eu referi e, pelos vistos não é só em Portugal.
Abençoado comércio de bairro!
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