A revista Visão trazia uma crónica (?) opinião (?) intitulada: Porque acabamos por comprar coisas a mais na IKEA? bastante interessante e decerto fundamentada. Explica-nos que o facto de os produtos estarem distribuídos de determinada forma, de a loja estar montada como um labirinto, e na zona do 'mostruário' só se poder tirar a referência mas não levar o produto provoca um maior desejo de comprar o que se vê.
Certo. Acredito. Sobretudo a técnica do labirinto irrita-me um bocado porque cansa muito, e já aprendi a fintá-la (eheheheh!) mas não acho que seja uma diferença assim tão grande, tirar a referência do produto como eles aconselham, ou metê-lo logo no carrinho.... Vai dar ao mesmo, não é?
Mas estranho que apontem as espingardas com tanta precisão a esta loja, quando afinal TODAS fazem ou o mesmo, ou coisa parecida. O repórter recomenda levar uma lista do que se pretende e não sair dela. Pois é. Na IKEA e nos Minipreços ou Pingos Doces. Acho que até na feira de Carcavelos ou no Mercado do Relógio.
Quando eu era ingénua, quero dizer mais ainda do que sou hoje, aborrecia-me entrar num supermercado que conhecia muito bem, e no corredor do arroz e farinha, encontrar o chá e o café, no dos produtos de limpeza ver que estava o pão, etc. Eram mudanças que eu não entendia até alguém me explicar que se fazia isso por sistema, porque assim faziam «lembrar» ao cliente que podia levar outro produto e não apenas aquele que ia comprar.
Também a pouco e pouco fui confirmando que nas prateleiras ao nível dos olhos estão os produtos que lhes convém vender. Nas mais baixinhas, onde o cliente se tem de pôr de cócoras, estão os mais baratos. Eles estão lá, mas... discretamente.
Outra «moda» é apresentar produtos embalados (carne, peixe, legumes, fruta) com preços, em números garrafais, que são baixos. São baixos se correspondessem ao quilo ou a 500 gramas. Mas quem tiver atenção vê que correspondem a 350 gr, ou a 800 gr, e fazendo rapidamente contas de cabeça, confirma-se que a diferença muitas vezes até beneficia o vendedor.
E quanto a «comprar coisas a mais» era bom se fosse só no IKEA... De roupa, a comida, a lâmpadas, sapatos, óculos até, agora propõe-se «leve x e pague metade». Mas porque é que hei-de levar mais do que aquilo que necessito, para pagar metade?! Se podem vender por metade, vendam por metade! Mas para que é que vou atafulhar a cómoda, o frigorífico, com coisas que chegam a apodrecer e a passar de prazo porque não precisava de tanto???
Pois é meus amigos, podem dizer «não-estou-aqui-para-enganar-ninguém» como os banha de cobra, mas até tiram cursos para enganar como deve ser.
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E nós com a sensação amarga de que se tem de estar sempre alerta para ver qual é o truque.
Cereja