Sabemos que existem vários 'tempos' apesar de nem sempre nos lembrarmos disso.
Ouvi ontem na rádio um senhor, que até disse coisas bem interessantes, censurar quem usa a expressão «no meu tempo» que ele considera um erro, sugerindo essa expressão que quem o diz vive no passado quando o tempo actual também é dele. Não concordo. O tempo de hoje também é dos mais velhos, a inversa é que não - para os mais jovens o passado próximo é História.
Fait-divers pessoalíssimo: ontem comprei um telemóvel novo.
Por feitio meu só os costumo mudar quando dão o pio final, o que demora alguns anos. Mas desta vez o bicho de três aninhos de idade, apesar de ainda fazer telefonemas e mandar mensagens, ficou desactivado de uma ou duas coisas que também uso e decidi trocá-lo.
Fui à loja e abordada por uma vendedora expus o que pretendia. Eu estava aberta a qualquer opção, a condição era o preço que tinha de ser bastante limitado. A menina, boa vendedora, muito simpática, mostrou-me as opções sem 'impingir' nada, apenas explicando as vantagens relativas. Gostei muito dela, e como a operação foi demorada fiz alguma conversa.
Como o seu aspecto e das colegas era extremamente jovem, fiz esse comentário, dizendo a rir que pelo menos 16 anos tinham de ter todas... :D Tinham mais mas não muito, andavam pelos 18 e explicaram-me que era part-time, estavam ainda a estudar. Conversa agradável.
No final perguntou-me se queria levar o telemóvel já ligado, o que aceitei agradecida. Não gosto nada de explorar as entranhas dessas bichos, depois de os começar a usar nunca os abro como vejo alguns amigos fazerem. Portanto fiquei contente com a oferta, essa parte ia já despachada. Mas, eis senão quando, surge um obstáculo: o meu cartão velhinho não cabia na patilha do telemóvel novo! Pedido conselho a outro colega fui aconselhada a ir ao fornecedor pedir outro cartão.
O engraçado aqui é que quando começámos a investigar porque é que o cartão estava tão velho, expliquei-lhe que aquele devia vir ainda do meu primeiro telemóvel, ou seja o cartão era quase da idade dela!! Esse pormenor fez-nos rir as duas! Aquilo ainda era do tempo em que o telemóvel era do tamanho dos actuais telefones sem fios (os grandes) e não havia assim tantos como isso...
Mas o pensar que aquele chip já andava na minha carteira quando ela usava chucha é uma imagem forte. Essa parte do meu tempo, é mesmo só minha e da malta da minha colheita.
Cereja
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